Eleições

O Candidato

Nas campanhas políticas por este Brasil afora muitas coisas são ditas e prometidas pelos candidatos para impressionar eleitores e ganhar votos. Para enfeitar o pavão, o marketing contratado a peso de ouro tem que ser competente para mostrar as virtudes e esconder os defeitos do candidato.

O marqueteiro, geralmente, é uma pessoa fria na estratégia a seguir, discreta nos seus afazeres, contorcionista na arte da dissimulação e convincente ao apresentar seu produto, o candidato.

Tem que criar emoção em tudo que faz na telinha, no rádio e nas redes sociais em benefício do candidato. Tem que mostrar que o candidato é cuidadoso com o erário, e que está preparado pra fazer tudo bem feito, com devotamento e conduta retilínea para atender ao sagrado desejo do povo em ter uma educação, uma saúde ou uma segurança pública de qualidade, e tudo o mais que for necessário para romper a barreira da pobreza.

O empresariado precisa ser convencido de que não haverá aumento da carga tributária, e que a receita que vem dos impostos que eles pagam será revertida em serviços e obras para todos os cidadão e cidadãs. O progresso do Estado garante maiores lucros para os que se dedicam a investir na iniciativa privada.

O candidato tem que se comprometer com fornecedores e executores de obras púbicas assegurando-lhes o recebimento integral de suas faturas sem atrasos ou procrastinações de tudo aquilo que as suas empresas realizarem licitamente.

O candidato é um ser especial, que tem resposta para soluções intricadas, adquiriu experiência pra resolver, é corajoso para fazer mudanças e colocar o governo no rumo certo.

Nos debates mostra segurança, conhecimento e desenvoltura. É um político sorridente e agradável que passa a impressão de ser receptivo e de fácil acesso, um cidadão que respeita as divergências como deve se portar um democrata. Diz que está disposto a organizar uma agenda para receber as pessoas do povo no Palácio de Despacho para ouvir suas opiniões. E gosta das criancinhas, que são o futuro da Nação.

Se o candidato é evangélico fala como se tivesse no púlpito da igreja, mencionando o nome de Jesus quase sempre para mostrar a sua religiosidade. A Bíblia para ele é o passaporte da confiança dos fiéis na sua palavra, dizer com firmeza que é conservador, destacar a importância da família, vestir uma camisa verde e amarelo são atos que ajudam a atrair votos desse ramo religioso e do conservadorismo que abomina a esquerda.

O candidato não deve esconder suas origens humildes, ao contrário, se for um filho de vaqueiro, de uma professora, de um barbeiro, de uma costureira, de um operário, ou de um roceiro que pegou um pau de arara até a cidade grande atrás de um emprego, isto o identifica com a maioria da população sofredora, conquistando a simpatia de muitos eleitores. O lado do candidato só tem doçura e eficiência, trabalho e honestidade, não lhe faltando as virtudes da humildade e do bom coração.

As festas tradicionais como o carnaval e o São João farão parte do calendário anual do governo.
Tem que ser natural ao distribuir beijinhos, juntando as mãos e fazendo um coração, simbolizando o seu amor para os acenos, não podendo faltar apertos de mão e abraços para compor um cenário de alegria contagiante.

As cenas na TV têm que ser leves, alegres e coloridas, exibindo um cenário róseo, o céu é sempre de brigadeiro como deve ser a vida sonhada por todos. O candidato repudia com veemência fazer traquinagens com dinheiro público. E que tudo será feito com transparência, de um modo tão claro como a luz do dia.

O eleitor tem que ser convencido de que o candidato é o melhor, e, que, nas horas de crise, surge como um super homem.

Aparece arregaçando as mangas e, no governo, a partir do primeiro dia e em todos os dias, será mãos à obra sem parar, com as fórmulas mágicas de quem possui o poder de prever e vir de imediato com a solução.O candidato não pode esquecer dos servidor público que carrega nas costas o trabalho de impulsionar a máquina do Estado. Por isso, o candidato tem um olhar generoso para com esses trabalhadores, comprometendo-se de que a folha nunca será paga com atraso, e que os aumentos serão concedidos sempre acima da inflação.

Quando o candidato tem a máquina em seu favor, principalmente em momentos de dificuldades – como os que vive hoje o Brasil -, os apoios vêm aos borbotões, porque a estrutura em sua volta é forte e quase intransponível. Os cargos de livre escolha, os famosos CCs, são acionados com o aviso de que se o resultado for negativo na certa vão ser exonerados e substituídos pelo vitorioso. É ganhar ou perder.

O bom marketing cria verdadeiras histórias de Trancoso, para colocar o candidato na frente e vencer a corrida eleitoral. Tem que ser também criativo, e até certo ponto, impiedoso, no desmonte do adversário. O ataque nunca pode ser frontal para não irritar o eleitor. Uma meia verdade aqui, uma mentirinha acolá, com muita cautela pra não ser punido pela Justiça Eleitoral, vai danificando aos poucos a imagem do adversário, desqualificando-o para o cargo. Como faz um jogador de box, insistindo em bater na ferida até nocautear o seu oponente.

Pode ser que, numa fase em que o candidato estiver em baixa e as pesquisas confirmem a preferência por um de seus adversários, ele mude a estratégia, desferindo pancadas violentas contra aquele que passou-lhe à sua frente, mesmo sob o risco de ser multado pelo TRE, e de os seus programas de tv e rádio serem colocados fora do ar. É o ataque rasteiro, é o tudo ou nada, é o desespero do perdedor de véspera, uma estratégia que raramente o beneficia.

Porém, o candidato mais precavido faz logo um acordo por debaixo dos panos com um candidato sem esperança de ganhar para meter o pau no que que está na frente, e até nos debates fazer-lhe perguntas embaraçosas na tentativa de constrangê-lo e perder votos.

Por último, e não menos importante, no que toca à honestidade, o candidato tem que ser como a mulher de César, tem que ser não apenas honesto mas parecer honesto. Se for de família rica não precisa de dinheiro de ninguém, muitos eleitores assim pensam, mas se for descendente de uma família modesta, basta ver o passado do candidato. Para o povão, em ambos os casos, todos esses predicados podem funcionar como um verdadeiro atestado de honestidade.

Resta saber, se na prática, tudo será como foi dito, ou mesmo acima ou abaixo do que foi imaginado.

O importante é que a democracia, o governo do povo, pelo povo e para o povo (Abraham Lincoln), foi praticada nem que seja errando o voto.

Eleições periódicas viram escolas de aprendizagem para o eleitor aprender melhor como votar na próxima vez.

*Antonio Carlos Valadares
Especialista em Direito político e prática eleitoral, advogado

Da vitória de Cristiano, da cidade que virou capital e do povo que apagou o vagalume

 

                   

Simão Dias

Nesse período eleitoral, Sergipe inteiro voltou as suas vistas para uma cidade do agreste, acompanhando com inusitado interesse o que se passava na cidade de Simão Dias. Afinal, por obra e graça do governador Belivaldo, que é simãodiense, a capital do Estado, cuja sede está localizada em Aracaju,  foi mudada informalmente para essa bela cidade,  conhecida por “produzir milho e eleger governadores”, como costumava dizer um dos maiores filhos desta terra, o saudoso Marcelo Déda.

Sua excelência, o governador Belivaldo – que circulava na campanha montado numa luxuosa off road Polaris rzr,  prestou-se a auto apelidar-se de  “vagalume” – abandonou as tarefas normais de um governante que tem o dever de trabalhar para todos os municípios, tomou a decisão de utilizar-se de quase todo o aparato governamental, gastar todos os recursos disponíveis e a sua energia para mudar a vontade do eleitor num único lugar do Estado, na nossa querida Simão Dias.

 

BellyNave

Transmitindo em suas atitudes uma impáfia inconcebível, e destilando ódio em suas falas e lives semanais no instagram quando expressava, conforme percebiam as pessoas,  um sentimento inferior que não cabia na figura de um governador, pegou o pião na unha e se portou como se fosse ele próprio o candidato a prefeito.

Usou o poder da máquina administrativa como nunca aconteceu em qualquer outra campanha no município. Em cima da eleição inaugurou obras eleitoreiras, e assinou as famosas ordens de serviço,  eventos semelhantes àqueles, que, como todos se lembram, lhe causaram o dissabor da cassação de seu mandato de governador e a pena de inelegibilidade por oito anos decretada pelo TRE-SE. 

Tal conduta mostra que Belivaldo Chagas, no exercício do cargo de governador,  é reicindente na prática de abuso de poder político, zomba da Justiça Elelitoral ao insistir em desequilibrar a disputa, e atentar contra a legimidade das eleições,  como fez pra se eleger governador em 2018. 

No domingo, 15 de novembro, veio a firme e corajosa decisão do povo: o governador Belivaldo, o atual prefeito Marival e o seu candidato chapa branca, Aloízio do Sofá, foram derrotados, passando por uma humilhação sem precedentes, perdendo todos eles para um modesto motorista da prefeitura, Cristiano Viana, do PSB. 

Cristiano é o novo líder da pacata e ordeira Simão Dias. Ganhou bonito, sepultando a ideia de que só o poder e o dinheiro é que podem ganhar eleições.

Vencer em Simão Dias, derrubar Cristiano e destruir por completo o agrupamento político dos Valadares, objetivos que se tornaram uma questão de honra e uma obsessão de Belivaldo Chagas, acabou sendo o maior vexame já sofrido por um governador em toda a história de Sergipe.

A esperança venceu o medo. 

O voto livre do povo apagou o “Vagalume”. 

ACV – Antonio Carlos Valadares

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ponto de Vista: a cassação do registro, do diploma, ou do mandato pelo uso do poder político e econômico

No próximo ano teremos eleições municipais. É essencial que os prefeitos municipais, como detentores do poder, que pretendem disputar a reeleição, ou que resolvam apoiar algum candidato à sua sucessão, atuem com muita cautela, assim como os vereadores que queiram retornar à Câmara, ou os novos que desejam conquistar um espaço no legislativo municipal com o voto do povo. 
 
É preciso que alertemos aos prefeitos, vice-prefeitos e a todos os candidatos das mais diferentes matizes políticas e partidárias,  que se acautelem antes e durante do período eleitoral para que não sejam surpreendidos com ações que possam resultar em anulação de registros de candidaturas, invalidade de diplomas eleitorais ou mesmo na pena capital da perda de mandato eletivo. 
 
É aconselhável uma leitura mais atenta aos dispositivos constantes da Constituição Federal (art. 14), Código Eleitoral (art. 334), Decreto-lei 201/67, Lei das Eleições (lei nº 9.504/97) , a LC nº 64/90, e às resoluções baixadas pelo TSE antes da corrida eleitoral.
 
Há quem se engane ao pensar que as proibições que causam inelegibilidade, perda de mandato ou nulidade do diploma apenas acontecem após o cometimento de uma ilicitude durante o período em que se desenrola a eleição.  
 
Há que se observar as condutas vedadas durante os três meses anteriores às eleições. Mas, no entanto,  existem práticas mesmo antes desse período a ensejar abusos rechaçados pela Justiça Eleitoral, com base em representação quer dos partidos ou coligações ou do Ministério Público Eleitoral. 
 
Desde o primeiro dia do ano da eleição é preciso evitar abusos ou excessos, notadamente de quem tem muito dinheiro e acha que pode fazer tudo sem limites, ou de quem detém o poder e não segue as regras do bom senso. 
 
Na verdade, todas as provas de desatinos ou excessos sem que o candidato se dê conta, podem  estar sendo colhidas no período que antecede ao registro de candidaturas, na fase pré-eleitoral, para pedir a sua anulação, ou mesmo naquele período desde a convenção, passando pela eleição, e aguardando a diplomação, para impugná-lo.
 
Tudo aquilo que possa caracterizar uso indevido da máquina, do poder econômico ou político, acarretando a desigualdade entre os concorrentes, pode ocasionar uma ação na Justiça Eleitoral. É preciso muito cuidado. 
 
Alguns atos cometidos fora das regras normais de uma eleição, divulgados nas redes sociais pelo próprio candidato, cuja proibição esteja contida na  jurisprudência do TSE ou nas leis eleitorais, a exemplo de uma foto, um vídeo ou áudio, estampando uma ilegalidade, uma propaganda antecipada, podem causar um baque irreversível a uma candidatura que se deixou expor a tais descuidos. 
 
Muita gente confunde benefício direto à população, quando se insiste na repetição, sem o menor freio ou comedimento na prática de um ato de poder por várias vezes, não com a intenção mascarada de bem servir à comunidade, mas com com a intenção premeditada de soerguer um candidato que se encontra no governo, mostrando desse jeito, que é o melhor, ainda que aproveitando-se de um cargo público.
 
Um  benefício direto ou indireto em favor de um candidato que atua acima dos limites da lei, com a aparência de que está agindo de acordo com os deveres de seu cargo, tem a sua ação contaminada pelo germe do poder imoderado e desproporcional, comprometendo a normalidade da disputa eleitoral que deve acontecer em observância ao princípio da paridade de armas.
 
O detentor de mandato eletivo deve atentar para a responsabilidade de uma delegação que lhe é dada pelos eleitores para que  trabalhe indistintamente em benefício de todos,  e não usar dessa delegação para para manter-se no poder a qualquer preço.
 
O Ministério Público, o candidato, o partido político ou a coligação, podem valer-se da AIJE (Ação de Investigação Eleitoral), têm legitimidade para tanto, e podem fazer uma representação ao Juiz Eleitoral (no caso de eleição municipal), pedindo a abertura de processo de investigação apontando provas de abuso de poder econômico e/ou político.
 
 A data do início da AIJE é a data do registro do candidato, encerrando-se no dia da diplomação. 
 
Após a diplomação a AIJE não pode ser mais ajuizada. 
 
Resta a AIME (Ação de Impugnação de Mandato Eletivo). 
 
A AIME permite que o mandato do candidato eleito possa ser impugnado perante a Justiça Eleitoral em até 15 dias após a diplomação. O objetivo é barrar o político que obteve o cargo por meio de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.  Se for julgada procedente, o Tribunal pode, de acordo com o caso concreto, declarar a inelegibilidade do representado e, ainda, cassar o registro ou o diploma do candidato. A AME pode ser apresentada pelos mesmos autores da AIJE 
 
Qual a diferença entre abuso do poder político e econômico? 
 
Na verdade não existe uma definição sobre o que significa abuso do poder econômico ou político na legislação eleitoral. Mas a doutrina e a jurisprudência do TSE, procuram suprir essa omissão,  explicando as razões que causam a nulidade do registro, do diploma ou perda de mandato e inelegibilidade  pela ocorrência dessas ilicitudes. 
 

Abuso do Poder Político

 
De acordo com o TSE o abuso do poder político resta confirmado quando “o agente público, valendo-se de sua condição funcional, e em manifesto desvio de finalidade compromete a igualdade da disputa e a legitimidade do pleito em benefício de sua candidatura ou de terceiros “(Rec Ord 172365).
 
Já é jurisprudência pacífica no TSE: “para a confirmação do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam”.
 
Isso significa o seguinte: o que importa para a Justiça Eleitoral, é a repetição abusiva do ato, o excesso da ação de quem governa para desequilibrar o pleito e promover a desigualdade na disputa, ou a reiterada prática do abuso da função de gestão que aparentemente se apresente boa para o povo, porém crivada de segundas intenções para beneficiar a sua candidatura ou a de terceiros para os quais ele publicamente tenha manifestado seu apoio. 
 
O TSE procura dizer que é a gravidade do ato contra a legitimidade das eleições que se deve levar em conta, e não o resultado do pleito, por maior que tenha sido a diferença, ou o resultado. 
 
O bens jurídicos tutelados são o livre exercício do voto popular e a legitimidade do processo democrático. Quem, no poder atentar contra esses valores, usando da caneta para se beneficiar ou a terceiros que queira eleger, cometendo excessos ou exageros, incorrerá na prática de abuso de poder político.
 
Ainda, segundo o TSE, o vocábulo  corrupção constitui gênero do abuso de poder político e deve ser interdito em seu significado coloquial, albergando condutas que atentem contra a normalidade e o equilíbrio do pleito ((REsp nº 73646/2016, min. relator Antônio Hermann de Vasconcelos). 
 
ATENÇÃO: Para o TSE todo gestor que abusa do poder político, pratica um ato de corrupção. 
 
Abuso do Poder Econômico 
 
 
Pode-se afirmar que há abuso de poder econômico quando ocorre doação de bens ou de vantagens a eleitores de forma que essa ação possa desequilibrar a disputa eleitoral e influenciar no resultado das eleições, afetando a legitimidade e normalidade das eleições. Para o TSE, o abuso do poder econômico é a utilização, em benefício eleitoral de candidato, de recursos patrimoniais em excesso. 
 
(…)1. O abuso de poder econômico concretiza-se com o mau uso de recursos patrimoniais, exorbitando os limites legais, de modo a desequilibrar o pleito em favor dos candidatos beneficiários. (Rel. Min. Arnaldo Versiani, RO 1.472/PE, DJ de 1o.2.2008; Rel. Min. Ayres Britto, RESPE 28.387, DJ de 20.4.2007).
 
O uso abusivo, desde que provado dos meios de comunicação, como o rádio e a TV, que são concessões públicas, podem redundar em abuso do poder econômico. 
 
O aproveitamento da religião nos pleitos eleitorais, como meio de impulsionar candidatos eletivos tem sido considerado pelo TSE como abuso de poder econômico, podendo causar o indeferimento do registro em investigação eleitoral, ou anulação do diploma em ação de impugnação de mandato eletivo.
 
Pretendo com este artigo oferecer aos candidatos de todos os partidos a minha modesta contribuição como ex-parlamentar e atualmente atuando na advocacia, com vistas à normalidade do pleito eleitoral do próximo ano, que servirá, com a prática democrática consciente e democrática, para a concretização de muitos sonhos de todos aqueles resolveram ingressar na militância da bela e monumental carreira política
 
ACV
 
 
 

ELEIÇÕES, BRUXAS & DRAGÕES

VUCO VUCO 

ELEIÇÕES, REALIDADE E ILUSÃO 

Nas campanhas políticas por este Brasil afora muitas coisas são ditas e prometidas pelos candidatos para impressionar eleitores e ganhar votos.

Para enfeitar o pavão, o marketing contratado a peso de ouro tem que ser competente para mostrar as virtudes e esconder os defeitos do candidato.

O marqueiteiro, geralmente, é uma pessoa fria na estratégia a seguir, contorcionista na arte da dissimulação e convincente ao apresentar seu produto, o candidato. 

Tem que criar emoção em tudo que faz na telinha, no rádio e nas redes sociais em benefício do candidato. Tem que mostrar que o candidato é cuidadoso em economizar dinheiro público e que está preparado pra fazer tudo bem feito, e com devotamento, para atender ao sagrado direito do povo em ter uma educação, uma saúde ou  uma segurança pública de qualidade, e  tudo o mais que for necessário para romper a barreira da pobreza e dar tranquilidade à população.

O empresariado precisa ser convencido de que não haverá aumento da carga tributária, e que o serviço prestado ao governo ser-lhe-á recompensado com lucros e com pagamento em dia, sem atrasos ou procrastinações. 

O candidato é um ser especial, que tem resposta para soluções intricadas, adquiriu experiência pra resolver, é corajoso, tranca a cara às vezes para insinuar autoridade,  e cumpre o que promete. E gosta das criancinhas, que são o futuro da Nação.

O lado do candidato só tem doçura e eficiência, trabalho e honestidade, não lhe faltando as virtudes da humildade e do bom coração.

As cenas na TV têm que ser leves, alegres e coloridas, exibindo um cenário róseo, o céu é sempre de brigadeiro, como deve ser a vida sonhada por todos. O candidato repudia com veemência fazer traquinagens com dinheiro público. E que tudo será feito com transparência, de um modo tão claro como a luz do dia.

O eleitor tem que ser convencido de que o candidato é o melhor, e, que, na crise, surge como um super homem, quando menos se espera, arregaçando as mangas aparece com toda força,  e chega pra resolver, com as fórmulas mágicas de quem possui o poder de prever e vir de imediato com a solução.

Se por acaso o candidato estiver disputando a reeleição para o governo do Estado, será fundamental demonstrar ao funcionário público que a folha nunca será paga com atraso, e que, se alguma vez aconteceu foi por culpa da conjuntura ou da problemática nacional. 

Quando o candidato tem a máquina em seu favor, os apoios, em momentos de dificuldades – como os que tem atravessado o Brasil -,  vêm aos borbotões, a estrutura em sua volta é forte e quase intransponível. Os cargos de livre escolha, os famosos CCs são acionados com o aviso de que se o resultado for negativo na certa vão ser exonerados e substituídos pelo vitorioso. É ganhar ou perder. 

O bom marketing cria verdadeiras histórias de trancoso, para colocar o candidato na frente e vencer a corrida eleitoral.

Tem que ser também criativo, e até certo ponto, impiedoso, no desmonte do adversário. O ataque nunca pode ser frontal para não irritar o eleitor. Uma meia-verdade aqui, uma mentirinha acolá, com muita cautela pra não ser punido pela Justiça Eleitoral, vai danificando aos poucos a imagem do adversário, desqualificando-o para o cargo. Como faz um jogador de box, insistindo em bater na ferida até nocautear o seu oponente. 

Quando a gente quer divertir a criançada, faz uma roda, e começa a contar histórias divertidas e inverossímeis, lendas sobre fadas, como Branca de Neves e os Sete Anões, Chapeuzinho Vermelho, estórias fantásticas de seres extraterrestres invadindo o planeta, ou por assim dizer, estórias de trancoso, para aguçar por um tempo a curiosidade daqueles seres ainda puros e de boa fé, provocando o sono, e logo em seguida os sonhos. Sonhos aterradores de bruxas e dragões que serão lembrados para sempre. 

ACV

RETALHOS DA POLÍTICA – EM 2018, PERDI NO VOTO E ACERTEI NOS PRINCÍPIOS

AS ELEIÇÕES PASSAM, OS PRINCÍPIOS NUNCA MORREM

ELEIÇÕES 2O18

 

Em discurso pronunciado no Senado no dia 21 de novembro de 2017, faltando quase 1 ano para as eleições, enfatizei a decepção dos eleitores contra os políticos, que poderiam ocasionar mudanças substanciais nas estruturas de poder no Brasil. Leia o que disse na tribuna do Senado fazendo uma análise antecipada das eleições. Os princípios que sempre defendi contra a corrupção, a compra de votos, o populismo, a demagogia, a morosidade da Justiça, o descaso na segurança, na educação e na saúde, comprovam que estão mais vivos do que nunca na consciência popular. Erros e acertos na democracia existem para torná-la mais forte, e para nunca perder a sua chama libertária. 

Winston Churchill na Câmara dos Comuns, em 11 de novembro de 1947: “A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história.”

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, 

No próximo ano o Brasil estará realizando mais uma eleição. Em 2018, estaremos elegendo um novo Presidente da República, novos governadores, Deputados Federais, estaduais e Senadores. Eu poderia perguntar, como muitos que estão me ouvindo, quem vencerá as eleições de 2018. Será a mentira? O populismo? A demagogia? O poder econômico? A experiência? A modernidade? O novo? O centro? A direita ou a esquerda?
 
O povo sofrido do Brasil, em meio a tantas dúvidas e decepções, será mais uma vez o juiz para decidir, com o seu voto, os destinos da Nação. 
 
Há uma crise no Brasil de descrédito quase que generalizado quanto à atuação de nossos agentes públicos, de nossos políticos, da nossa classe política.
 
Parece que a população já tomou consciência de que campanhas políticas, de onde nascem as promessas, e a realidade depois da posse são coisas muito diferentes.
 
Esse descrédito é tão elevado, tão acentuado, Sr. Presidente, que as pesquisas às quais eu tive acesso, algumas delas publicadas, mostram de forma muito clara que o eleitor brasileiro está descrente: mais de 60%, chegando a até 70% dos que são pesquisados, dizem que não querem votar e simplesmente não respondem à pergunta sobre o candidato ali posto na pesquisa.
 

SERÁ MELHOR, MANTER O COMPROMISSO OU PERDER A CERIMÔNIA, PEDINDO QUE  ESQUEÇAM O QUE DISSE?

 
Condutas e ações, infelizmente, na prática se invertem. É como se fosse natural fazer um discurso floreado na campanha e, após o pleito, um outro discurso, amargo, carregado de espinhos.
 
As intenções se ocultam na campanha, e os postulantes a cargos eletivos usam uma linguagem enigmática, o mais das vezes recheada com pitadas de emoção e de engodo, pouco assimilável pelo eleitor, já se preparando o candidato, manhosamente, para desdizer o que disse durante o pleito eleitoral.
 
Que tristeza! Mesmo antes da posse o candidato vitorioso dá os primeiros sinais de que não vai mais cumprir e rompe, sem a menor cerimônia, os compromissos assumidos. Ele tem a esperança de que, lá na frente, vai contornar tudo com cargos e vantagens para atrair lideranças da oposição no Legislativo, cuja maioria acha que não sobrevive sem marchar com o governo, e obras nos bairros para alegrar os seus habitantes, como também nas cidades que eles representam. 
 
Já os eleitores, coitados, que votaram acreditando nas promessas, sentem-se como se tivessem sido vítimas de uma fraude eleitoral ou de uma tramoia política para conquistar os seus votos.
 
Tenho batido nessa tecla, Sr. Presidente, porque considero que esse modelo enganador – que se apoia na mentira, na compra dissimulada ou mesmo escancarada de votos, e no ataque sem tréguas ao adversário que pode lhe tirar a eleição – representa a negação da política, uma contrafação da democracia, um golpe covarde e oportunista contra um eleitorado que, em sua maioria, vota de boa-fé, acreditando naquela plataforma que afinal se revelou uma rotunda falsidade.
 
Em outros tempos era mais fácil enganar os eleitores. Hoje em dia fica mais difícil, ou praticamente impossível, lograr êxito com a mentira. Mas será que isso é verdade? Seja pela informação política instantânea nas redes sociais, seja pelo acompanhamento permanente das ações da gestão, seja pela transparência que passou a ser lei, facilitando ao grande público a crítica e a cobrança, realmente ficou um tanto mais difícil.
 
Sem falar que a imprensa está mais vigilante, inserindo-se como protagonista de uma era que exige firmeza e coragem, reforçando o jornalismo investigativo, deixando, quase sempre, gestores públicos em situação de permanente alerta e precaução.
 
Desse modo, a democracia se torna mais viva e atuante, fortalecendo o elo entre governantes e governados. É bom acentuar que não vivemos num mundo de santos, notadamente no mundo da disputa política, que se manifesta de várias formas: no pecado, na inconsequência, na coragem, no ideal ou na pureza.
 

A MENTIRA E O DINHEIRO VENCERÃO?

Além da demagogia e do populismo, ressurge, driblando e desafiando a Justiça Eleitoral, a influência do poder econômico nas eleições.
 
Apesar da proibição do uso de dinheiro privado, será o caixa dois, mais uma vez, protagonista da fraude oculta em benefício dos candidatos mais ricos. Aí está uma legislação permissiva, que não estabeleceu limites de gastos para os candidatos milionários.
 
Quem não sabe da influência nefasta dos endinheirados, que já são considerados eleitos por antecipação, em virtude de oferta de dinheiro por fora que corre à solta no interior e até mesmo na capital? Boa parte dos mandatos será comprada infelizmente e veremos algumas poucas investigações que irão a fundo e chegarão a bom termo.

O POVO RECLAMA DA VIOLÊNCIA, DO TOMA-LÁ-DÁ-CÁ, DA MOROSIDADE DA JUSTIÇA,  DA  CORRUPÇÃO E DOS IMPOSTOS, ETC

Mudando de assunto, devo assinalar que o fracasso da gestão administrativa que quase se vulgarizou em todos os rincões do Brasil deve-se, em grande parte, a defeitos que se eternizam na estrutura do aparelho de Estado.
 
Seria preciso uma reforma introduzindo novos eixos que assegurem o cumprimento das funções essenciais do Estado, como a aplicação de políticas públicas de segurança, saúde e educação e a construção de redes de proteção social em caráter permanente, com o objetivo de reduzir as desigualdades entre pessoas e as disparidades entre regiões e Estados federados.
 
As garantias dos meios de sobrevivência da população não se traduzem apenas na preocupação com índices de emprego. A ocupação de vagas no mercado de trabalho deve ser uma luta constante de governos e da sociedade civil, mas não se resume a isso.

Há diversos fatores que contribuem para a desconfiança em relação a governos e instituições. Aponto alguns destes: a violência reinante em nosso País e a superlotação nas prisões, que traduzem a fragilidade das políticas de segurança e do sistema prisional; a falta de compreensão das autoridades no combate às drogas, ao não assumirem, em relação ao usuário, uma atitude consciente de tratá-lo como um doente, facilitando-lhe o acesso ao sistema de saúde; a enxurrada de partidos políticos sobrevivendo às custas do fundo partidário, abastecido com dinheiro do contribuinte, e participando do toma lá dá cá com o governo; o acúmulo de processos e a morosidade da Justiça; a corrupção que se tornou endêmica, aumentando o descrédito da classe política; a concentração da maior parte da arrecadação nas mãos da União, em detrimento dos Estados e Municípios, que atingiram o patamar perigoso de quase absoluta insolvência, exigindo uma reforma tributária para redução da carga e para dividir com equidade os impostos pagos pelo povo brasileiro.

O QUE VAI PESAR NA ELEIÇÃO, O NOVO, A HONESTIDADE E A EXPERIÊNCIA,  OU TODOS ESSES FATORES JUNTOS?

Em 2018, o eleitor será influenciado, por certo, pela propaganda política. Todavia, o eleitor, levado por tantas tentativas frustradas de votos errados ou equivocados, poderá levar em conta dessa vez não apenas a garantia de sucesso administrativo a ser prometido nas campanhas eleitorais em todo o nosso País.

O eleitor, espero, vai pesar a experiência do candidato, a sua honestidade e a sua capacidade de inovação e criatividade. O eleitor está pensativo e desconfiado.
 
Aqueles que conseguirem transmitir uma mensagem de concretude que possa convencer almas e corações, para resolver as coisas aparentemente complexas como a segurança pública, saúde, educação e emprego, e souberem se colocar no lugar do povo, que sofre as consequências da corrupção, da irresponsabilidade e da má gestão, serão os escolhidos para o novo tempo que está por vir.
 
O povo sempre está atrás do novo, de um novo projeto, de um novo programa, mas não repudia os mais velhos que surjam com novas ideias para tirá-lo do sufoco e da decepção em que vive.
 
A longevidade bem-sucedida, que avança e acompanha a modernidade, é uma fonte segura de renovação de métodos e ações.
 
A renovação é um estado de espírito que é sempre bem-vindo ao aperfeiçoamento da democracia. E ela, a renovação, encontra-se numa sociedade sem preconceitos, na cabeça de pessoas de todas as idades e dos que lutam para melhorar a vida do povo.
 
ACV