educação

Saumíneo escreve: O Legado Econômico de João Alves Filho – Parte 2

 

Neste ensaio concluirei a abordagem do legado econômico do Governador João Alves Filho, destacando mais alguns pontos do que foi deixando para as gerações futuras.

 

Ex-governador João Alves Filho

 

A formação acadêmica em geral influencia no legado que se deixa e este foi o caso do Governador João Alves Filho, formado em Engenharia Civil, o seu legado tem destaque em obras de infraestrutura. Registre-se que anteriormente a João Alves Filho, o último Governador de Sergipe formado em Engenharia Civil foi Paulo Barreto de Menezes, Governador no período de 15 de março de 1971 a 15 de março de 1975.

O Bairro Coroa do Meio em Aracaju é um dos legados de infraestrutura desenvolvido na capital sergipana e que ajudou a integrar o eixo centro com as praias de Aracaju a partir do Bairro Atalaia, propiciando também expansão imobiliária em um município quase totalmente urbano. Para consolidar o bairro era necessário construir uma ponte, e ela foi erguida para ligar o bairro 13 de julho ao bairro Coroa do Meio, denominada de Godofredo Diniz (uma homenagem a ex-Prefeito de Aracaju, Jornalista e que foi Presidente da Associação de Imprensa de Sergipe).

Neste quesito de Prefeitura de Aracaju, João Alves Filho foi prefeito duas vezes, fato que veio ocorrer posteriormente com os Governadores Jackson Barreto e Marcelo Déda, eles seguiram esta linha de percorrer a prefeitura de Aracaju antes de assumir o Governo de Sergipe.

Por isso que obras de infraestrutura na capital foram destaques em seu legado, como a Construção da Avenida Tancredo Neves, que por curiosidade, em seu segundo mandato como Prefeito de Aracaju, ele inaugurou nesta Avenida, um Complexo Viário e homenageou dando nome ao complexo Viário – Marcelo Deda, seu amigo e adversário nas disputas políticas. Diversas outras obras de melhoria da mobilidade urbana fazem parte de seu legado, a exemplo do Sistema Integrado de Transportes da capital e diversas outras avenidas.

O Secretariado também influencia no legado que os governantes deixam, então o grupo de secretariado em suas gestões foram importantes para o legado deixado, a exemplo do Engenheiro Civil, José Carlos Machado (que foi seu Secretário de Obras); Luiz Durval, outro Secretário Engenheiro, Antônio Carlos Borges, um experiente Administrador e diversos outros ilustres secretários que contribuíram nas diversas obras estruturantes construídas em Sergipe.

No campo da ciência e tecnologia, o destaque é a concepção do Parque Tecnológico de Sergipe, na atualidade, denominado de SergipeTec, o parque abriga empresas em diversos níveis de concepção (pré-incubadas, incubadas e unidades operacionais), sendo um centro catalisador de competências em tecnologia. A missão de promover o empreendedorismo, visando a inovação, a competitividade e a geração de conhecimento, foi sequenciada pelos governantes sucessores, mas este foi um legado importante no campo da ciência e inovação.

Também destaque no campo da ciência e tecnologia para Sergipe, foi o legado deixado pelo Governador João Alves Filho, em conceber através da Lei n. 5.771, de 12 de dezembro de 2005, a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação de Sergipe – FAPITEC, que tem por finalidade básica promover o apoio e o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica, da inovação e do empreendedorismo. As ações da FAPITEC propiciaram o apoio a diversos pesquisadores sergipanos e a ampliação dos cursos de mestrado e doutorado em Sergipe, portanto um importante legado para os cientistas sergipanos.

Representar Sergipe no nível federal é importante e relevante para o Estado, tivemos desde a nova república poucos ministros no executivo, legitimamente sergipanos, que foram: João Alves Filho no Governo do Presidente José Sarney, Leonor Barreto Franco no Governo de Itamar Franco e José Elito Carvalho Siqueira no Governo de Dilma Rousseff. Destaque-se que no judiciário (Supremo Tribunal Federal – STF) tivemos recentemente como Ministro, Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto e temos na atualidade o Ministro Augusto César Leite no Tribunal Superior do Trabalho – TST. Assim, registre-se que João Alves Filho que foi o último Ministro do Interior, já que depois o ministério foi extinto, deixou como legado: ter assinado a Lei n. 7.827, de 27 de setembro de 1989, juntamente o então Presidente em Exercício, Antônio Paes de Andrade. Esta Lei tem sido muito importante para o setor produtivo de três regiões Brasileiras, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, pois com ela, foi regulamentado o art. 159, inciso I, alínea c, da Constituição Federal, que instituiu o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE e o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste – FCO.

Hoje graças aos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE, que é administrado pelo Banco do Nordeste do Brasil S/A – BNB, muitos empreendimentos nos diversos setores econômicos de Sergipe, foram implantados, desenvolvidos e erguidos, sendo a fonte de financiamento mais adequada e viável para os empresários sergipanos, portanto foi um legado relevante.

A criação de uma Secretária de Combate à Pobreza, eu entendo como um legado relevante, na perspectiva de redução das desigualdades sociais existentes no estado. Na sua última passagem como Governador de Sergipe, João Alves Filho convidou a sua esposa, a Senadora Maria do Carmo Alves, que buscou desenvolver diversas ações sociais com famílias carentes, a exemplo do programa de microcrédito com o Banco do Estado de Sergipe – BANESE, denominando-a de Banco do Povo; Pró-mulher e Pró-família, foram importantes ações em saúde pública, também outros programas foram destaques, a exemplo do ser criança, erradicação das casas de taipa, Sergipe presente e Rede Tá na Mesa, todos foram legados que auxiliaram na melhoria das condições sociais.

Outro legado, este imaterial, são os seus livros que abordam temas regionais da economia do Nordeste, Nordeste, Região Credora (1985); No outro lado do mundo (1988); Amazonas & Nordeste – Estratégias de Desenvolvimento (1989); Conferências (1990); Pontos de Vista (1994); Nordeste – Estratégias para o Sucesso (1997); Transposição das Águas do São Francisco – Agressão à natureza X Solução Ecológica (2000); Matriz Energética Brasileira – Da crise à grande esperança (2003), dentre outras. Por isso que ele fez parte do ciclo acadêmico de Sergipe, na Academia Sergipana de Letras, ocupou a cadeira 22 e no âmbito nacional, na Academia Nacional de Economia, ocupou a cadeira 15.

Registro que os dois ensaios abordaram parte do legado de João Alves Filho (que foi Prefeito de Aracaju, Governador de Sergipe e Ministro do Interior do Brasil), um sergipano que deixou legados para as gerações, e que nós agradecemos. Espero que tenha contribuído para um pequeno resgate da história econômica de Sergipe. Nos próximos artigos, estarei abordando legados de outros governadores sergipanos.

Saumíneo da Silva Nascimento

Economista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O FÓSFORO E O BARRIL DE PÓLVORA

 

BOLSONARO ENSINA A ARTE DE ATIRAR NO PÉ

 

Quando as coisas estão calmas o mercado não grita nem diz nada. As bolsas se valorizam, os juros se acomodam, as empresas produzem mais, os empregos aparecem, e o Brasil melhora a sua economia. 

De repente, vem o presidente, fala o que não deve, seja no Brasil, ou nos EUA, e tudo volta à estaca zero. O invisível e poderoso mercado, que também se alimenta de crises para aumentar os seus lucros, mostra logo os seus tentáculos, fazendo aumentar os juros e o valor do dólar, enquanto recrudesce o desemprego,  aumenta a cesta básica e a inflação. 

A reforma da Previdência, antes cantada em prosa e verso como a salvadora da Pátria, de repente, deixa de ser prioridade para o presidente, porque se mostra politicamente incapaz de construir no Congresso uma base aliada que tenha boa vontade para sustentar e defender seus projetos.

Por causa dessa mudança de foco, de desvio do rumo traçado  e do humor inconstante do presidente, até essa galinha de ovos de ouro, a reforma da Previdência, prometida tantas vezes  por ele e  seu ministro da economia, se transforma numa simples galinha poedeira, cujos ovos apenas ficam mais caros, e produz mais inflação com o distanciamento cada vez mais evidente de Bolsonaro da questão previdenciária. A Reforma só vai haver se a Câmara assumir o fardo, e se o seu presidente Rodrigo Maia (DEM), resolver liderar a sua aprovação. 

Não votei em Bolsonaro, mas, sinceramente torcia e torço, para que o Brasil acerte o passo, e que a sua economia volte ao seu ritmo normal, a produção retome o seu crescimento e os empregos que perdemos desde a crise americana iniciada em setembro de 2007 com o nome de subprime, e o desastre da política econômica no Brasil em 2011. Que surjam novos postos de trabalho no horizonte do Brasil. Que possamos vencer esse número vergonhoso e catastrófico de 13 milhões de desempregados.

A sociedade civil está perplexa com a fraqueza intelectual, com o despreparo e o desequilíbrio emocional do presidente. Ao não conter as suas emoções Bolsonaro ensina a arte de atirar no pé. Aceita mexer no orçamento da União e aponta o gatilho para atirar nas Instituições de Ensino Públicas, achando que os seus gastos são incompatíveis com as nossas receitas, e não enxerga que educação, não é gasto, e, sim, investimento. Posso apontar no mundo inteiro dezenas de nações, como a Noruega (que era uma das mais atrasadas da Europa) que derrubaram o desemprego e a pobreza, adquirindo um nível de bem estar social invejável, porque incluiram como prioridade nos seus orçamentos  investimentos em favor da educação, pesquisa, inovação e tecnologia. 

AMEAÇA VERMELHA 

Todavia, o embate que agora se trava dentro do governo e entre os grupos que o apoiam, é que as universidades são um antro de agitadores esquerdistas, que nada produzem e só pensam em introduzir no Brasil o comunismo. Esse discurso é tão antigo e ultrapassado que lembra o macarthismo dos anos 50 nos Estados Unidos, que ficou conhecido como a segunda ameaça vermelha, em cujo período gerou-se uma onda de radicalismo e denúncias infundadas de traição, em nome de um suposto amor à Pátria, e que conseguiu dividir a sociedade americana, instalando o denuncismo, e o medo do perigo marxista. 

As ideologias estão morrendo e cedendo lugar a um novo Estado que garante a paz, crescimento,  a felicidade do emprego e o combate à fome. 

O FÓSFORO E O PATRIOTISMO MASCARADO

Dando a impressão aos incautos que professa o respeito à Bandeira e ao Hino Nacional, para fortalecer o amor à Pátria, coisa que aprendemos na Escola regular e na Escola da vida, o presidente, na hora do aperto se esquece de que a Pátria somos todos nós, e não ele só, pois, não considera, e devia considerar a quem não pensa como ele. Todos veem que, com o seu patriotismo mascarado, agride jornalistas que lhe fazem perguntas incômodas, chama manifestantes de idiotas úteis, assina decreto de disseminação das armas sem ouvir o Congresso, e, no caso do seu filho eleito senador, ao invés de estimular as investigações, se vitimiza, desafiando a Justiça e o Ministério Público que venham pra cima dele … 

Paciência presidente, não queremos no Brasil nenhum movimento parecido com  a ameaça vermelha dos Estados Unidos, apesar de sua afinidade com Trump e a desastrosa política americana, e  a continência ridícula à sua bandeira.

 

A última vez que movimento semelhante surgiu no Brasil,  serviu de pretexto para o golpe de 64. 

Querendo ou não, o presidente Bolsonaro, com sua conduta imprevisível e com seu linguajar de confronto, está acendendo fósforo num barril de pólvora, sem aquilatar para as consequências de que se houver a explosão ele próprio pode ser alcançado.

Ainda bem que os militares estão longe de pensarem em provocar uma explosão contra a democracia. 

ACV

 

RETALHOS DA POLÍTICA – ESTUDO E PREPARO ANTES DA LUTA POLÍTICA

D JUDITE E PROFESSOR BENEDITO, DUAS ALMAS A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO

MINHA PASSAGEM PELO JACKSON DE FIGUEIREDO

Estudei por quatro anos no Colégio Jackson de Figueiredo, localizado no Parque Teóphilo Dantas, que tinha como diretores os enérgicos e dedicados professores Benedito e D. Judite, onde tirei o curso ginasial como aluno interno, onde dividia o alojamento com cem jovens de Sergipe, e dos Estados de Alagoas e Bahia. Regime de vida quase militar. No estabelecimento existiam vários dormitórios, separados por idade, para abrigar os alunos internos. Meu pai fez um esforço enorme para me manter estudando durante quatro anos numa unidade escolar da rede privada, uma referência naquela época de organização e ensino rigoroso. 

Pela manhã D. Judite reunia no pátio do Colégio, antes da banca, todos os alunos, proferindo palestras cívicas, de exaltação à Pátria e enaltecimento da família. A uma hora da tarde, no mesmo pátio, nova palestra, hino nacional, eu ali, perfilado com os meus colegas de várias idades e séries, em silêncio, vestido numa farda de cáqui, camisa branca e gravata, sol a pino, suor correndo por todo o corpo. Em seguida, todos em fila, íamos para a sala de aula. 

O SUSPENSE DO PROFESSOR JUGUSTA 

Na primeira aula da tarde, eu me recordo minha da ansiedade e a de todos os colegas. Estávamos aguardando o professor Jugusta, de matemática. Silêncio total, porque agora ele vinha subindo a escada de madeira em direção à sala, e, desde lá debaixo, já gritava com a sua voz inconfundível para os alunos nervosos à espera da prova aterrorizante de álgebra: “1ª questão!!!…”, bradava com seu vozeirão, na porta, antes de entrar. O homem adorava ver os seus alunos apavorados. Mas quem tivesse calma, podia até se sair bem porque ele não passava na prova  nada além do que apresentava em sala de aula. 

Quando terminávamos as aulas íamos tomar banho, vestir o pijama, e enquanto aguardávamos a hora de nos recolhermos ao dormitório, ficávamos jogando snooker, dama ou conversando no pátio, falando de nossos pais, relembrando as festas em nossas cidades, e das moças bonitas que encantavam a nossa terrinha. Tudo era pureza e inocência ainda em nossa vidas de jovens sem sabermos o que o futuro nos aguardava. Mas, se levássemos a sério poderíamos seguir um caminho reto e sem atalhos, porque estávamos ali lapidando o nosso caráter, aprendendo a ler e a estudar, aperfeiçoando o que trouxemos de casa. Os valores da ética, do compromisso com a humanidade, a lealdade à Pátria, consideração, respeito e gratidão.

A MISSA E A FOLGA AOS DOMINGOS

Todos os domingos, quem fosse católico, e a imensa maioria professava o catolicismo, éramos obrigados a assistir à missa na Catedral, ali bem em frente ao Colégio. Em formação dupla, com a farda lavada e passada, fazíamos um pequeno percurso até a igreja, sem algazarras nem conversas. Os alunos de boa conduta, após a missa poderiam passear, almoçar fora em casas de parentes ou amigos, pegar a matinée do Cine Rio Branco, do Cine Palace, ou do Cine Aracaju, e ver as vitrines da rua João Pessoa. Os de má conduta ficavam retidos no alojamento com leitura pré-determinada pela direção. Outro atrativo, aos domingos, era saborear o melhor cachorro-quente da cidade, o de “Seu” João,   pegar um Big Bom da Yara, ou chupar um picolé da sorveteria Cinelândia de “seu”Araujo, que fazia um  delicioso sorvete que era vendido com gostos os mais variados. O sorvete que eu mais apreciava era o de mangaba. 

Por ocasião dos festejos natalinos, concentrados no Parque Teóphilo Dantas, tínhamos dificuldades de pegar no sono, por causa do apito do Carrossel de “Seu ” Tobias, e com a algazarra dos apostadores das inúmeras roletas, bancas de pio e baralho, instalados no fundo da Catedral. 

Nessa ocasião, me dava uma vontade danada de sair , para ver as gatinhas que ficavam desfilando da frente da Catedral até a Yara, indo e voltando,  até as nove horas da noite – momento em que a “onça era solta” e toda o mundo ia pra casa. 

A disciplina e os ensinamentos religiosos, éticos e morais, que eram ministrados por D. Judite e o Professor Benedito, foram o ponto alto do Colégio que fez história na educação em Sergipe. Alagoanos, os mestres receberam em vida grandes homenagens ainda em vida pelos assinalados serviços prestados à educação da juventude, inclusive da Assembléia Legislativa que lhes concedeu o título honorífico de cidadã e de cidadão sergipanos. 

ENSARILHANDO AS ARMAS 

O destino me proporcionou a oportunidade de não deixar que o Colégio Jackson de Figueiredo fosse fechado. O casal, já em idade avançada, cansado de guerra, queria ensarilhar as suas armas. 

Como Secretário da Educação, adquiri aquela unidade escolar, transferindo-a para a rede estadual. Eu a transformei em unidade de treinamento de professores, aproveitando toda a sua infraestrutura, quadra de esporte, refeitórios e salas de aula. Na parte voltada para a rua de Maruim, foi instalada uma Escola de primeiro grau.

NO VELHO E QUERIDO ATHENEU

 

COLÉGIO ESTADUAL ATHENEU SERGIPENSE

Não era muito fácil ser aluno do velho Atheneu. E eu tive a sorte de ter sido um de seus alunos.  Prédio imponente, dezenas de salas de aula, a cátedra sendo exercida por professores do mais alto gabarito,  famosos e competentes, os quais, eram vistos e respeitados como verdadeiras sumidades em conhecimento, cultura, autoridade moral e didática. 

No primeiro ano, peguei como professor de matemática, José Rollemberg Leite, ex-governador, cuja presença na sala de aula significava respeito e autoridade. Impunha-se, também pela forma objetiva e prática como ministrava suas aulas. Alguns anos lá na frente, eu me tornaria  ( em 1975), como deputado estadual, seu Líder na Assembléia Legislativa, e grande amigo, quando de sua última ascensão ao Governo do Estado. Fui por ele desafiado na primeira prova de geometria no espaço. Não tendo me saído bem nessa prova, em plena sala de aula, e na presença de todos os colegas, levei do professor José Leite um carão que me deixou seriamente encabulado. Prometi a mim mesmo que ele mais nunca me faria uma desfeita daquelas. Estudei com afinco, sem descanso, e daquele dia em diante só tirei nota 10 em matemática.

Quero registrar que, para que eu chegasse a esse nível de excelência em matemática – e, por isso, passei a receber elogios do professor Rollemberg – muito devo às aulas extras que recebi do meu amigo e colega Antonio Freitas, o qual, espontaneamente, ficava comigo nos intervalos passando exercícios e corrigindo as minhas falhas. 

A MAESTRIA E A PERSONALIDADE 

A professora Ofenísia ensinava português, encantando a todos com a sua didática simples e eficiente. A sua análise, traduzindo para o comum dos mortais as complexas estrofes dos versos de Camões, facilitando o entendimento, era uma peça didática de um primor sem igual, que deveria ter sido filmada para a posteridade. Se na época tivéssemos o celular aquelas aulas magníficas estariam por certo invadindo as redes sociais. 

A professora Glorita Portugal, lecionava francês, com classe e desenvoltura, chamando a atenção pela finura, pela sua beleza exponencial, e sua elegância no vestir. 

Ver Leão Magno Brasil, líder nato de seus alunos, professor de matemática do  3º ano científico, didática magistral, passo a passo no quadro negro, equações de trigonometria apresentadas com clareza,  que despertavam em todos o maior interesse e empenho por matéria tão atraente, era uma emoção a cada aula. Pra gente guardar e ter na memória a fórmula de trigonometria sen(a + b) = sena·cosb + senb·cosa) e nunca esquecê-la, ele recitava a 1ª estrofe da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias: “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá, senoA, cossenoB, senoB, cossenoA …”. Gostava de escrever no quadro negro frases que nos ensinavam as regras do bom viver. Uma delas: “o futuro e o destino do homem no Universo são traçados por ele mesmo.”  Isto é, pelo próprio homem … 

Maria Augusta Lobão, ensinava história desenhando mapas no quadro negro dos povos da idade antiga. As suas aulas conduziam a nossa imaginação para a batalha do Desfiladeiro das Termópilas, para as bravuras de Dario, O Grande, discorria sobre a incrível travessia dos Alpes por Aníbal, general e estrategista cartaginês, com seu exército de elefantes desafiando Roma, a cultura filosófica dos Atenienses e a força guerreira dos Espartanos, as conquistas de Alexandre, O Grande, o lodo fértil produzido pelas enchentes do rio Nilo no Egito dos Faraós, o poderio de Roma e de seus Césares. Destacava o papel da mulher, chamando a atenção para o fascínio irresistível de Cleópatra que conseguiu dominar com os seus encantos os poderosos invasores romanos, os quais conquistaram o Egito, mas que, a exemplo de Marco Antonio, renderam-se à sua beleza escultural … 

Próximo capítulo Curso Superior e Arrancada Política