CORTES NAS UNIVERSIDADES: UMA DECISÃO INCONSEQUENTE

ENGODO: PROMESSA DE QUE NÃO HAVERÁ CORTES SE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA FOR APROVADA

O governo do presidente Bolsonaro comete mais um erro primário, característico de um grupo que assumiu o poder sem o mínimo preparo. A senha foi dada publicamente quando vimos aquela entrevista sem pé nem cabeça, sem conhecimento de causa,  do ministro da Casa Civl Onix Lorenzoni, comparando os gastos da Universidade Federal de Sergipe com uma universidade privada do mesmo estado, a Universidade Tiradentes, na qual alardeou  números  que não batem com a realidade. Tudo para justificar o corte de 30% no orçamento das instituições de ensino superior do Brasil.

O corte realizado, que tem um outro nome, contigenciamento, teve a defesa do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em  comissão do Senado, onde afirmou que o governo está cumprindo apenas a lei, e que a decisão poderá ser revista caso a reforma da previdência seja aprovada. Mais uma desculpa esfarrapada de um membro do governo, achando que todos nós somos panacas e capazes de sermos enganados facilmente.

PRECONCEITO IDEOLÓGICO 

Ora, o contigenciamento pode ser feito para mais ou para menos, e no que diz respeito  à educação, o governo teria que remanejar dotações de outras itens do orçamento da União, e deixar intocáveis, ou num percentual de corte muito menor, as verbas destinadas às universidades públicas. O mais grave nessa decisão solapada do governo, é que muitas  delas, em três meses não terão como sobreviver com corte tão drástico.

Em verdade, o  governo, em gestos, palavras e atitudes, tem demonstrado que não tem simpatia  nem gosta das universidades públicas. Deixa transparecer, claramente, um certo preconceito ideológico, julgando, equivocadamente, que se tratam de centros de agitação de esquerda, de um conglomerado de cabeças extremistas que atrasam a formação científica e tecnológica do país. Pelo contrário, não fossem as universidades e os institutos públicos a situação do Brasil, em termos de pesquisa e avanço em todas as áreas de inovação tecnológica, seria muito pior.

MÁQUINA DE MOER UNIVERSIDADE 

Veja a incoerência e a dissimulação desse governo: enquanto bota para funcionar a sua máquina de moer as universidades, sinaliza com um projeto de implantação do ensino militar em todo o Brasil, como se tal iniciativa fosse resolver a precariedade da educação aqui reinante, no ensino fundamental e no 2º grau. Governo sem rumo e sem planejamento de ações concretas no setor educacional.

Outra desfaçatez é prometer que os recursos ficarão assegurados para as universidades caso seja aprovada a reforma da previdência. Isso não passa  de mais uma pressão psicológica do governo para obter a aprovação do projeto em tramitação na Câmara dos deputados, que tem andado a duras penas, com muitas reações contrárias de deputados à esquerda e à direita.

UM BRASIL SEM EMPREGOS E SEM UNIVERSIDADES 

A essa altura dos acontecimentos a previdência está sendo explorada como saída para todos os males de que sofre a nação. Foi assim, com argumento semelhante, que o governo Temer conseguiu encaçapar (com o meu meu voto contra)  a reforma trabalhista, apregoando que a sua aprovação acarretaria aumento de empregos com carteira assinada. O número alarmante de desempregados no Brasil, da ordem de 13 milhões, colocou uma pá de cal naquele argumento falacioso.

É a marcha da insensatez que está a caminho, e em passos largos,  nesse Brasil sem universidades e sem empregos.

O x da questão são os interesses privados que estão por detrás dessa ação articulada dentro e fora do governo para fragilizar as universidades federais.

Para saber mais https://is.gd/j7VWwU

ACV