CHEGAR PRA RESOLVER, ENTREGAR-SE AO DESÂNIMO, CULPAR OS OUTROS OU CIRCUNDAR A CRISE?
A CRÍTICA POLÍTICA E A ECONOMIA SEM RUMO
Fazer críticas ao governo é uma coisa muito importante na politica, principalmente quando ela é exposta ao público com moderação e espírito público. Todavia, a crítica se torna mais valorizada, e vista com interesse pela sociedade quando vem acompanhada de sugestões, ou de alternativas viáveis, para ajudar, sem interesses subalternos, a resolver as grandes questões enfrentadas por quem governa. Não existe democracia sem a livre circulação de notícias, e o respeito à diversidade de opinião.
Sem perda de tempo, quais as questões mais cruciais com que se defronta o governo de Sergipe? Obedecendo a uma hierarquia mais ou menos aceita dessas questões, temos a saúde, a segurança, a educação, o desemprego, a habitação, o atraso da folha, a falta de obras estruturantes, tudo isso agravado pela fragilidade de nossa economia, uma das mais dependentes do país.
Sem resolver a questão da economia local, hoje completamente sem rumo, antes impulsionada pela presença marcante da Petrobras, não há como alcançar algum ganho de bem-estar social, notadamente para camadas mais pobres da população, pelo menos em nível suportável.
Ficar de pires na mão, apontando o dedo para o governo da União como possível culpado pela crise, e, ao mesmo tempo, indo atrás de empréstimos sem a devida capacidade de pagamento, ou de recursos federais a fundo perdido, apenas serve para confirmar a nossa dependência do poder central, não vence a crise, não resolve as grandes questões que desafiam a gestão governamental.
É POSSÍVEL FAZER PULSAR A ECONOMIA SEM A PETROBRAS?
O governo tem que fazer pulsar a economia do Estado para gerar empregos, e aumentar a arrecadação sem precisar tomar medidas impopulares e inconsequentes como a elevação de impostos. Com uma economia pujante, alterando o nosso perfil de desenvolvimento, novos caminhos serão abertos pela atração de empresas que aqui queiram se instalar e investir, acreditando na nossa capacidade de fortalecer a iniciativa privada, como fonte de riqueza e geração de renda. Segmentos sociais como educação, saúde e segurança, somados aos repasses federais obrigatórios e garantidos pela Carta Magna, sofrerão um impacto positivo, fazendo com que os índices humilhantes que colocam o nosso Estado entre os piores da nação, apontem uma curva ascendente e promissora.
Já se viu que a Petrobras, que tanto investiu em Sergipe no passado (a adutora do São Francisco, a Mina de Potássio e o Porto), desamarrou sua barraca, arrumou suas malas e sai daqui assim como de fininho, deixando um rastro de desemprego e muitas desilusões, a exemplo do caso da Fafen, tratado pela empresa com uma gélida indiferença, apesar dos apelos de nossos representantes no Senado, na Câmara e pelo governo do estado.
A Petrobras explorou, investiu, deu empregos, extraiu óleo e gás em terra e nas plataformas marítimas. Agora, atendendo às exigências de seus acionistas, que moram no Brasil e no exterior, empenha-se no trabalho de recuperação de sua imagem, fortemente abalada pela sucessão de escândalos que quase a leva à bancarrota. A empresa está atrás do prejuízo financeiro causado por gestões desastrosas mais recentes. Vamos torcer que essa maré de ondas destruidoras passe o mais rápido possível e que a maior empresa brasileira volte a investir em Sergipe, inclusive explorando as imensas jazidas de petróleo e gás existentes na camada do pré-sal.
FORTALECER A AGRICULTURA E NUNCA ABANDONAR O SONHO DO CANAL DE XINGÓ
Portanto, não podemos esperar por investimentos da Petrobras para explorar o pré-sal cuja descoberta foi anunciada pela própria empresa como um tesouro para o futuro do país. Essa riqueza que dorme na nossa plataforma continental tem data incerta e não sabida para ser explorada e comercializada. Façamos primeiro a nossa parte com confiança e otimismo, sem nos apegarmos a hipóteses distantes e inacessíveis, pelo menos por enquanto. Milagres estão longe de acontecer no cenário nacional que possam salvar Sergipe de uma debacle total, que, felizmente ainda não se concretizou.
Fortalecer a agricultura de um modo geral, a começar pela agricultura familiar, tem que ser uma meta que não se pode perder de vista. O Banese, ao lado do BB e do BNB, terá um grande papel a cumprir. Facilitar o crédito aos agricultores é obrigação inadiável do governo; promover a assistência técnica que praticamente deixou de existir no campo, tem que ser retomada pelo Estado, reestruturando e qualificando a Endagro.
A pesquisa, como mecanismo de apoio a projetos de ocupação e uso sustentável da terra, na busca de novas alternativas para os produtores agrícolas, deverá ser arma importante para diversificar a agricultura e fomentar o surgimento de outras formas de plantio, cientificamente apontadas como viáveis.
A Embrapa de Sergipe e a de Petrolina (BA), estão aparelhadas e sempre prontas para contribuir com os estados através de suas pesquisas, como recentemente se deu com a produção de uva em Canindé e Poço Redondo, com um custo insignificante, diante das premências do estado nesse segmento.
De outro lado, uma obra estruturante como o Canal de Xingó deixou de aparecer na pauta de reivindicações de nossas autoridades do executivo e do legislativo. O governo do estado e a nossa bancada federal terão que sensibilizar o governo da Bahia, mostrando a importância do investimento (em torno de R$ de 2 bi). Esse Canal, pelo projeto, nasce na Bahia e penetra no Sertão sergipano, trazendo água da barragem de Paulo Afonso, correndo todo o percurso previsto de pouco mais de 200 quilômetros, por gravidade, sem bombeamento e gasto de energia. É preciso tirar da gaveta da Codevasf, em Brasília, todos os projetos do Canal de Xingó, já elaborados e prontos, e retomar as negociações com o governo da Bahia e sua bancada federal. Essa obra se fosse realizada, além de amenizar o sofrimento do sertanejo em períodos de secas ou estiagem prolongada, evitaria o êxodo rural, e fortaleceria a estrutura de produção da bacia leiteira, que tem como centro o polo de desenvolvimento localizado no município de Glória. Além de evitar a dizimação de nosso rebanho bovino, como aconteceu há dois anos atrás.
O TURISMO COMO ALAVANCA PARA REERGUER A NOSSA ECONOMIA
O turismo, que poderia se tornar uma fonte de geração de emprego e renda, parece não estar entre as prioridades do governo. O atraso das obras de construção do Centro de Convenções, é a comprovação do descaso, senão, da incompetência; há cerca de sete anos anda em compasso de banho-maria, precisa ser acelerada e a obra inaugurada o mais rápido possível.
Alagoas, aqui ao lado, investiu o quanto pôde em turismo, e está entre os destinos mais procurados para quem aporta no Nordeste.
Estamos perdendo boas oportunidades para a alavancagem do turismo de eventos que acontecem em outros estados do Nordeste, por falta de um lugar adequado para a realização de seminários e congressos nacionais e internacionais. Temos hotéis e restaurantes de primeira linha, oferecendo hospedagem e a nossa ampla e apreciável gastronomia.
Cursos de turismo, publicidade institucional, reuniões com segmentos do turismo em centros como São Paulo, Rio e Minas Gerais, poderiam ajudar a estimular visitas ao nosso Estado, que tem muito a apresentar, desde seu patrimônio artístico e cultural, passando pela culinária, praias, passeios ao Cânion, etc.
REDUÇÃO DO ICMS PARA AUMENTAR O NÚMERO DE VOOS
Além do término dessa obra, se o governo quer atrair turistas, desde logo deverá reduzir o ICMS do querosene dos aviões, como procedeu a maioria dos estados do abrasileirado, sob pena de o roteiro de Sergipe sair, definitivamente, do mapa de viagens dos turistas brasileiros, e do exterior. Não temos hoje à certeza de que estrangeiros possam a saber onde fica mesmo a nossa terrinha.
Por causa do alto preço da gasolina de aviação cobrado no aeroporto de Aracaju, pela incidência de uma elevada alíquota do ICMS, já perdemos várias escalas de voos diretos para Buenos Aires, inclusive os voos domésticos diretos de turistas de outras plagas do país.
Um prejuízo incalculável para o ramo hoteleiro que passou a ter uma ocupação inferior a 40%.
SABER OUVIR PARA ESTIMULAR A PARTICIPAÇÃO
Sergipe tem viabilidade.
É só colocar a cabeça para pensar, fazer planejamento estratégico, investir na educação formal e profissionalizante, cuidar de nossas crianças, e não achar que quem governa é um super homem pra resolver sozinho e que, assim, vai debelar a crise em poucos anos.
A sociedade quer ser ouvida e participar desse empreendimento.
Se houver abertura e transparência para esse projeto de recuperação de nossa economia, haveremos de abreviar a crise e atenuar o sofrimento dos sergipanos.
Pra frente Sergipe!
ACV