UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA
O presidente Bolsonaro, durante esse período da crise de saúde provocada pela invasão do coronavírus, cometeu alguns erros que não se amoldam a um chefe de governo, os quais, sem dúvida alguma lhe custaram muito caro na queda de sua imagem, e muita perda na confiança dos brasileiros de um modo geral, inclusive quando, recentemente, sem mais nem porquê, partiu para o confronto aberto com governadores sobre medidas restritivas para conter o avanço da doença.
Mas quero reconhecer de público a ação positiva de seu governo que acaba de lançar um programa de apoio aos Estados e Municípios em ações que vão repercutir no trabalho de combate ao coronavírus em todo o país.
O pacote anunciado, no valor de R$ 85 bilhões, envolve transferências para a área de saúde, recomposição de repasses de fundos constitucionais e suspensão de dívidas dos Estados com a União.
Algo estranho existe na personalidade do presidente que age sem papas na língua no seu dia a dia de governante, dando a impressão de que segue de maneira enviesada o velho ditado popular, “uma no cravo, outra na ferradura”.
O CAMINHO É COMPREENDER A GRAVIDADE DO MOMENTO E SEGUIR AS REGRAS
Como os políticos podem ajudar nesta hora? Nesse momento de aflição e incerteza por que passa a população brasileira de todas as camadas sociais e econômicas, lideranças políticas, com ou sem mandato, podem dar uma grande ajuda para reduzir os danos causados pela ameaça do coronavírus.
Cada brasileiro está preocupado que esse vírus assassino possa invadir o seu organismo, ou o de alguém de família, causando-lhes grandes danos – até mesmo a destruição de suas vidas.
A boa política, a que mais ajuda, é aquela que se volta para obedecer rigorosamente as regras estabelecidas pelas autoridades sanitárias para conter a contaminação, como permanecer em casa no período de quarentena para proteger-se a si mesmo, a familiares e a população.
Não estou querendo dizer que devemos colocar em cada um a mordaça, além da máscara protetora, para que fique em silêncio e não manifeste ao governo o que lhe está incomodando, ou lhe causando algum sofrimento por falta de providências de quem tem o poder de resolver para diminuir as dificuldades.
Para tanto existem as redes sociais que devem ser usadas com o equilíbrio devido para que as reclamações cheguem ao conhecimento das autoridades sem precisar de polêmicas.
TRAVA-SE UMA GUERRA CONTRA UM VÍRUS ASSASSINO, EM DEFESA DA VIDA. É PRECISO ATUAR SEM PENSAR NA PRÓXIMA ELEIÇÃO, MAS PARA SALVAR A ATUAL GERAÇÃO E PREPARAR O FUTURO DAS QUE VIRÃO.
A política do confronto e do debate terá seu tempo. Afinal, as eleições que dão suporte a esse tipo de conduta estão marcadas para outubro, e nem sabemos se elas serão realizadas caso a situação venha a se agravar.
Agora é pensar e lutar pela vida. O poder sem ela não vale nada.
É hora de a gente refletir sobre as futuras gerações, lutando para que as atuais se salvem do grande mal que atinge toda a humanidade, e não pensar nas próximas eleições.
É possível que a gente queira dizer um montão de coisas que beiram a incompetência e a ineficiência das autoridades.
É melhor então, para evitar mal entendidos, que políticos se pronunciem com bastante cautela para não serem acusados de exploradores dessa tragédia mundial, e que não venham com projetos populistas e demagógicos com olhos voltados para as eleições municipais.
EQUILÍBRIO, COMPREENSÃO E HUMANIDADE, E CHEGAR JUNTO COM EMPRESÁRIOS E TRABALHADORES
A minha opinião é que o governo Federal deve pensar em não baixar medidas desumanas, agir com equilíbrio, compreensão e humanidade, não assinando medidas que abram caminho para a demissão em massa de trabalhadores sem a contrapartida do salário. Ainda bem que o presidente se arrependeu a tempo, e voltou atrás suprimindo este trecho da MP que previa tal absurdo, que entrava em choque direto com a classe trabalhadora.
Em Sergipe, já é tempo de o governo anunciar, além do fechamento do comércio, medidas para alongar dívidas no Banese, propor saídas para reduzir as perdas das pequenas e médias empresas, abrir uma linha de crédito especial para evitar a falência das empresas, alongar o pagamento do ICMS, e prorrogar na Secretaria da Fazenda as dívidas que o tesouro tem a receber, ajudar no pagamento das contas de luz e água para as classes mais carentes, proibindo o corte desses serviços enquanto durar a crise. Gerar condições para empregos emergenciais como por exemplo nas construção de casas e restauração de rodovias, e promover a abertura de frentes de trabalho.
Como cidadão tenho o direito de manifestar o meu desejo sincero de que essa pandemia terrível, que tem ceifado tantas vidas humanas – nunca vista em nosso em meio, sem nenhum remédio e qualquer vacina que contenham a sua investida -, desapareça o mais rápido possível e que a normalidade volte a reinar na saúde, com as vidas preservadas, e na economia, com as atividades produtivas das empresas funcionando dentro da normalidade e contribuindo para a tão esperada retomada dos empregos.
Em tempo: a imagem destacada na postagem do aperto de mão é simbólica, para dar o sentido de união (a união faz a força), entre os que podem agir em benefício da nação nessa hora difícil que está a exigir que as questiúnculas políticas sejam superadas em benefício do combate tenaz ao coronavírus. Faço essa observação para o caso de algum leitor crítico e exigente conteste o aperto de mão apresentado na imagem como desaconselhável nessa fase, onde esse procedimento está fora das regras sanitárias, pelo perigo de contágio … um grande abraço e até o próximo post.
Antonio Carlos Valadares
Advogado, ex-senador da República