CAMPO VERDE E LUZ NO CAMPO – ENERGIA, ESTRADAS, COMBATE ÀS SECAS
No governo, criei os projetos Campo Verde e Luz no Campo, programas de estímulo à economia agrícola. Foram construídas redes de distribuição de energia elétrica (1.000 km), construção de cisternas (8.000), abertura de poços artesianos (10.000), pavimentação de rodovias cortando o Sertão e o Agreste (1.000 km).
Em pleno século XX, em muitos lugares de Sergipe, principalmente no Sertão, para enfrentar a escuridão, ainda persistia o uso do candeeiro.
Acabei com esse atraso, melhorando a qualidade de vida de nossa gente, espalhando redes de distribuição de energia elétrica por todo o Estado, e fazendo a instalação de luz nas pequenas moradias de pessoas de baixa renda.
O governo de Fernando Henrique Cardoso copiou o nome do nosso programa de eletrificação rural, criando um outro que recebeu a denominação de Luz no Campo … Eu já estava no Senado, na bancada de oposição, mas fiz questão de enaltecer a iniciativa.
A cidade de Estância, no interior, tinha uma tradição industrial que precisava ser fortalecida e apoiada. Implantamos o serviço tubular, saindo de Aracaju, para o transporte de gás natural até as áreas industriais daquela importante cidade, fomentando o surgimento de novas empresas e ajudando a aumentar os postos de trabalho.
A cidade da Barra dos Coqueiros e os seus povoados tinham um sistema precário de fornecimento de energia elétrica, proveniente de um cabo submarino que atravessava o rio Sergipe. Em pleno carnaval, o sistema entrou em colapso no ano de 1990. Acionei a Energipe, a nossa empresa concessionária de energia elétrica, naquela época ainda uma estatal, e, em menos de 24 horas foi restabelecido o fornecimento de luz na cidade, através de uma nova rede emergencial, por terra, vindo das imediações do Terminal Portuário de Sergipe.
AGRICULTURA, PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E PRODUÇÃO
Visando o fomento da agricultura e contribuir para levar a paz ao campo, praticamente acabando com os conflitos pela posse da terra, determinei à Secretaria da Agricultura fazer a compra de terras, que foram divididas em lotes e distribuídas a pequenos agricultores.
Dentro desse programa mais de 100 mil hectares foram comprados pela Secretaria da Agricultura. Uma verdadeira Reforma Agrária foi feita no Estado usando a estratégia da negociação direta com os fazendeiros, pagando-lhes um preço justo.
Para dar suporte ao surgimento de novas tecnologias de produção, e incrementar a produtividade da agricultura sergipana, criamos a Empease (Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária), a qual, possuía campos experimentais em diversos municípios, a exemplo de Boquim, Umbaúba, Lagarto e Canindé de São Francisco.
Encarávamos o grande desafio de disseminar, com qualidade e proteção sanitária, a cultura da laranja e outras plantas que pudessem se adaptar a cada região.
Tínhamos a preocupação em proteger a citricultura, que tinha uma grande fatia na economia estadual, contribuindo com o dinamismo então reinante para uma participação muito significativa da arrecadação do ICMS em nosso Estado.
Tínhamos consciência de que a citricultura era uma grande fonte de geração de emprego e renda.
O mais importante do ponto de vista da distribuição espacial era que a produção de citros emergia em pequenas propriedades de menos de 10 hectares, facilitando uma distribuição mais justa da propriedade rural sem conflitos.
As primeiras fábricas de sucos de laranja já começavam a surgir, aumentando a demanda.
A cultura da laranja expandia-se em vários municípios, tendo como centro Boquim. Sergipe dispunha de uma posição de destaque no Brasil, quanto à produção citrícola, rivalizando-se com São Paulo e Bahia na disputa entre os primeiros lugares na oferta de laranja.
Chegamos a ser o primeiro produtor de laranja do Nordeste e o segundo produtor nacional.
Os pomares ficavam localizados, e ainda hoje predominam no Sul do Estado, na região dos Tabuleiros Costeiros, formando um verdadeiro cinturão agrícola, compreendendo os municípios de Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itaporanga d´Ajuda, Itabaianinha, Lagarto, Pedrinhas, Riachão do Dantas, Salgado, Tomar do Geru, Umbaúba e Santa Luzia do Itanhy.
A Emater-SE, uma empresa da Secretaria da Agricultura, acompanhava toda a produção, dando assistência técnica. Existia, ainda, a Comase, uma empresa do Estado que alugava tratores; vendia sementes, e insumos agrícolas como adubos e fertilizantes.
Essa estrutura que possuíamos no Estado dava uma grande cobertura ao fomento das atividades agrícolas, havia uma integração importante entre o setor produtivo e o Estado.
Aos poucos aquela estrutura foi sendo eliminada, em nome da doutrina liberal do Estado Mínimo que passou a predominar entre os gestores públicos.
Infelizmente, devido a vários fatores, a nossa produção de laranja teve uma queda substancial, sendo um deles a incidência de uma praga chamada de mosca negra.
Em 2015/2016 houve uma perda de 80% da produção causada pela mosca negra.
A citricultura chegou à gerar 100 mil empregos, com uma área plantada de 55 mil ha . Perdemos cerca de 50% da área e dos postos de trabalho, com uma redução drástica da nossa protutividade
Hoje Sergipe é o quarto produtor de Laranja do Brasil.
A Festa da Laranja realizada todos os anos em Boquim era um acontecimento de grande repercussão e beleza, atraindo pessoas de vários Estados do Brasil.
APOIO AOS PEQUENOS AGRICULTORES
Implantamos o programa de regularização fundiária, onde pelo menos 30.000 agricultores foram beneficiados com a entrega do título de suas propriedades rurais (escritura pública com registro no Cartório).
Essa intervenção benéfica do Estado efetivada no campo, abriu as portas do financiamento bancário para os agricultores. Na época, pelas taxas de juros praticadas, o financiamento rural se constituía em um grande atrativo para o aumento da produção e melhoria da produtividade.
Em parceria com o Banco do Brasil, levamos a comunidades da zona rural, através do FUNDESC (Fundo de Desenvolvimento Comunitário), empreendimentos para mini produtores, objetivando a geração de emprego e renda, como casas de farinha, fábricas de doce, apoio ao artesanato (cerâmica, bordado e confecção), aquisição de máquinas e implementos agrícolas que eram transferidos para as associações de produtores.
Com o apoio do BB construímos ainda escolas, centros comunitários, postos de saúde, sistemas de abastecimento d’água, eletrificação rural e postos telefônicos. O Estado de Sergipe alcançou dentre todos os Estados do Brasil o melhor desempenho na aplicação dos recursos provenientes desse programa.
Durante as secas, no período em que governei o Estado, não se registrou um só caso de desespero das populações flageladas, , saqueando caminhões de mercadorias ou ameaças de invasão de supermercados, de propriedades rurais ou de órgãos públicos – como era comum no Nordeste.
Esses possíveis eventos aqui passaram ao largo pela assistência que acontecia de imediato com a interveniência dos órgãos do governo, abrindo frentes de trabalho, cujo pagamento era feito sem atraso, além da distribuição gratuita de cestas de alimentos e de água.
As obras que eram realizadas em todo o Estado, notadamente com o nosso programa habitacional, serviam para amenizar o problema do desemprego.
A pecuária tinha um grande incentivo, não só apoiando as exposições, também, facilitando o crédito rural através do Banese, e distribuindo matrizes para a produção leiteira (vacas e cabras) aos pequenos produtores.
Nota: A elaboração de uma grande parte do conteúdo das postagens sobre obras e serviços saiu de memória. Seria impossível me lembrar de tudo, uma vez que já decorreram mais de 25 anos desde que terminou o meu mandato de governador.
ACV