15 MESES DE GOVERNO
Belivaldo assumiu o poder em caráter definitivo no dia 1º de abril de 2018, em face da renúncia do governador Jackson Barreto que entregou-lhe o cargo para disputar um mandato de Senador da República. O seu governo completou na segunda-feira, dia 1º de junho, exatamente 15 meses de duração.
Desde aquele já distante 1º de abril, Sua Excelência tornou-se chefe do executivo estadual, e não consta que em todo esse período em que governa com diário oficial e tudo o mais à sua disposição, tenha se afastado do cargo.
Pelo contrário, tendo vivido, e conhecido a intimidade da máquina estatal, apesar da quebradeira anunciada, encantara-se com sua magnitude e influência, passando desde então a manobra-la com requintes profissionais e estratégias bem planejadas. Usou-a com a ajuda de sua caneta bic pra marcar, em ritmo alucinante, a inauguração de obras e pra dar ordens de serviço em municípios e povoados que lhe pudessem dar votos; nomear com uma voracidade eleitoreira impressionante, como é do seu mais novo estilo, cabos eleitorais e apaniguados políticos, dando-lhes como única obrigação dedicarem-se com afinco à sua campanha para reeleger-se governador.
No entanto, o seu marketing, para dissimular um prazo menor de governo distribui releases divulgados pela mídia, contando maravilhas que aconteceram nos últimos 6 meses, omitindo o período anterior, de 9 meses, entre abril e dezembro de 2018, tempo em que governou sem nenhuma interrupção.
Deve-se assinalar que, no tempo compreendido entre janeiro de 2015 até abril de 2018, ele e o seu antecessor fizeram tudo juntos, a quatro mãos, como costumava dizer em tom de agradecimento o ex-governador Jackson Barreto.
Só se fala nos primeiros 6 meses da “nova” gestão. O período anterior de 9 meses que, somado ao atual, é igual a 15 meses de governo, não entra na conta.
POR QUE ESCONDER A DATA DO INÍCIO DO GOVERNO?
Por que motivo o governador está naquela de convencer aos menos exigentes, que esqueçam os 9 meses de governo do ano de 2018 D.C.? Perguntar não ofende, sua excelência exerceu ou não exerceu com todas as formalidades legais o poder que lhe dera o seu antecessor ao renunciar? Não creio que alguém teria ocupado esse espaço em seu lugar pelo seu estilo concentrador com viés autoritário.
Então, seria porque quem lhe passara a faixa caiu em desgraça aos olhos dos eleitores? Seria para evitar mais algum desgaste que pudesse contaminar a sua caminhada? Afinal, se o governo do seu antecessor não valeu a pena, apesar de seu intenso protagonismo em todas as decisões, por que então assumiu no seu lugar com todos os poderes que a Constituição lhe garantia em 1º de abril do ano passado, inclusive com o ônus do desgaste?
Ou será que ele quer que o povo esqueça o que fez no ano passado pra ganhar as eleições, quando ultrapassou a linha divisória do bom senso, e deu motivo à procuradoria eleitoral para pedir a cassação por inteiro da chapa de governador e vice, cuja denúncia está pendente de julgamento no TRE?
MOSTRAR O QUE FEZ E INCUTIR OTIMISMO
Já é tempo de o governador Belivaldo mostrar o que fez em 15 meses. O povo pode perder a paciência e começar a fazer lorota de seu marketing de campanha de que “chegou pra resolver”.
Tem que começar a espalhar otimismo e confiança com ações concretas de governo. É pura invencionice ou conversa para inglês ver, para ganhar tempo e afastar cobranças, utilizar-se da descoberta do gás natural na costa sergipana pela Petrobras, como premissa para resolver problemas graves de nossa economia e da gestão administrativa atual.
Vai ser lá pelo ano de 2023, quando ele deixar o governo, que essa riqueza na plataforma continental dará resultados em favor do Estado com o recebimento dos primeiros royalties.
TURISMO COMO ALAVANCA PRA CRESCER
O turismo foi responsável pela injeção de US$ 163 bilhões no Brasil em 2017, o equivalente a 7,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no ano. O valor absoluto é 7% maior que o obtido em 2016, US$ 152,2 bilhões. Os dados fazem parte do estudo econômico elaborado pela Oxford Economic para Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), principal consultoria independente do setor no mundo.
A estimativa das entidades que acompanham a evolução do turismo no mundo é que o Brasil possa criar em 2019 perto de 8 milhões de empregos.
O Nordeste tem um grande potencial para crescer em suas atividades turísticas e Sergipe não pode ficar à margem dessa tendência.
Para tanto deve se preparar para investir no setor, tendo o cuidado de arrumar primeiro a sua estrutura de apoio.
SECRETARIA, OU EMPRESA DE TURISMO?
O caso da hibernação da Empresa de Turismo de Sergipe (EMSETUR), anunciada em entrevista do governador na semana passada, trata-se de uma notícia que não convence.
Como há um evidente fracasso na política de turismo no Estado, procura-se acusar a empresa como única culpada pelo fato de Sergipe ser o lanterninha no roteiro de viagens para o Nordeste.
Se é para fazer economia de gastos, ao invés da extinção pura e simples de uma empresa que tem 48 anos de existência, o melhor seria acabar com a Secretaria de Turismo, deixando sobreviver o seu braço operativo.
Para dirigir a empresa o governo poderia convocar um grupo de técnicos para compor a sua diretoria com a missão de impulsionar a nossa indústria sem chaminés que, ultimamente, sofre por falta de um incentivo maior das autoridades governamentais, tanto do Estado como da Prefeitura de Aracaju.
Foi um absurdo aquela nomeação de um ex-prefeito do interior, o qual declarou sem a mínima cerimônia que a partir daquele ato (o de sua nomeação) seria o coordenador em sua região da campanha política da reeleição do governador Belivaldo. E, logo em seguida, a escolha de outro grupo político para a Secretaria de Turismo e Emsetur, cujos titulares não tinham a menor experiência na área, com o único objetivo de fazer uma alavancagem eleitoral no município de Nossa Senhora do Socorro e compensar a perda de um partido político que havia debandado das hostes do governo.
Todas essas mudanças anunciadas, feitas e comemoradas nas solenidades de posse em sequência, ao sabor do apetite dos partidos e das conveniências das acomodações político-eleitorais.
Destruir a Emsetur alegando que deseja dar um tratamento mais técnico ao problema do turismo em Sergipe, é um bom discurso político, mas não é uma boa solução. E, por detrás dessa decisão pode estar uma estratégia de descarte político. Pela forma como Belivaldo se expressou em uma de suas entrevistas, afirmando que falta experiência ao jovem titular da Secretaria de Turismo, Manoel do Prado Franco Neto, filho do ex-prefeito de Socorro, Zé Franco, um líder político de grande prestígio em Socorro, é possível que a sua intenção seja exonerá-lo , e, em seu lugar colocar um técnico. Tudo bem, mas esse cargo foi oferecido a Zé Franco para socorrer a candidatura de Belivaldo em 2018 que estava perdendo no município de Nossa Senhora do Socorro, em todas as pesquisas eleitorais.
Comenta-se que existe no ar uma suspeita que o frio e calculista Balivaldo, que tem simpatias públicas pelo Padre Enaldo, candidato à reeleição, esteja movendo uma pedra no xadrez de suas jogadas políticas para oferecer a Zé Franco outros espaços fora do turismo em seu amplo e generoso governo de coalizão, e evitar uma divisão desse bloco no município de Socorro.
PROFISSIONALIZAÇÃO DA EMPRESA
Embora não concordando com o meio para resolver (acabar com a Emsetur), concordo com a idéia que surge, ainda que tardia, de se despolitizar o setor turístico do Estado, o qual, há bem pouco tempo só era utilizado prioritariamente como instrumento para atender aos arranjos e conveniências do momento eleitoral.
A estrutura administrativa de Emsetur é muito pequena, não tendo mais do que 10 servidores efetivos em sua folha. Seriam insignificantes os gastos com pessoal, se não fossem pelos cargos em comissão, que são muitos, ocupados em sua imensa maioria por indicações políticas, sem a mínima condição técnica.
Ao invés de cargos em comissão para preencher sua carência de pessoal, muito melhores resultados poderão ser alcançados agindo para fortalecer a Emsetur, repelindo o fisiologismo e profissionalizando a empresa. Caso o governo decidisse pela sua permanência criaria para ela uma estrutura leve, enxuta, moderna e eficiente, como por exemplo, abrindo concurso público para arregimentar servidores com especialização em turismo.
Essa é a oportunidade de ouro que o governo não deve deixar passar, sob pena de arrepender-se lá na frente. Com bons técnicos é possível reverter a situação desfavorável do nosso turismo em comparação com outros Estados do Nordeste, os quais sempre ganham nesse campo de goleada.
A Emsetur, ao longo de sua história teve dirigentes valorosos que se destacavam pela sua atuação meramente técnica, a exemplo de José Sales, Luiz Eduardo Costa, Mozart Santos e José Roberto de Lima Andrade.
ACV
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