CONSULTORIAS EM ALTA, TURISMO EM BAIXA

CONSULTORIAS NUMA BOA

No decorrer da semana passada, primeiro no programa Nova Manhã, do radialista André Barros, depois no JC, a notícia de maior destaque foi a relacionada a contratos milionários feitos pela Secretaria de Estado do Turismo com empresas de consultorias.

O dinheiro é do governo federal, veio para Sergipe através do Prodetur, que é administrado pelo Ministério do Turismo. 

Esses contratos em três anos de vigência atingiram o montante absurdo de quase R$ 24 milhões. O noticiário informou que só uma empresa teria embolsado quase a metade das contratações efetuadas.

Perguntar não ofende, notadamente porque a notícia veio com a aparência de algo mal feito: as consultorias ganharam muito dinheiro, e o que ganhou o turismo sergipano?

Diante desse volume imenso de recursos aplicados pelo Estado, seria natural que tal despesa se transformasse em investimento, contribuindo para a alavancagem do turismo local, o qual, lamentavelmente, continua capengando, para não dizer, quase que inexistente.

TURISMO EM SERGIPE DE MAL A PIOR

Companhias aéreas desistem de escalas de viagem para Aracaju, hotéis e restaurantes reclamam das ridículas taxas de ocupação, e Sergipe, pelo menos por agora, não tem qualquer destaque no roteiro turístico nacional.

                               Salvador    

Os turistas que vêm do Sul-Sudeste em aviões superlotados, descem, costumeiramente, primeiro em Salvador. Se resolvem prosseguir viagem e conhecer outros lugares do Nordeste, as suas belezas naturais, museus, patrimônio histórico e cultural, praias e rios, passam por cima de Aracaju, e descem em Maceió para curtir as belas opções divulgadas e oferecidas pela Secretaria de Turismo do governo do  Estado de Alagoas.

                                    Maceió

Como não houve qualquer incremento do setor turístico em Sergipe durante essa fase de vigência dos contratos – antes pelo contrário, um decréscimo visto a olhos nus -, é de se concluir que foi no mínimo uma aplicação sem sentido e sem qualquer objetividade, investir em consultorias que nada fizeram para mudar a nossa realidade.

INVESTIGAÇÃO RIGOROSA

Pela repercussão do caso, e pelas suspeitas que terminou gerando, espera-se que o governador Belivaldo, assim como pediu ao TCE uma auditoria na folha de servidores do Estado para encontrar fantasmas ou duplicidade irregular de empregos, encaminhe pedido ao TCU, por se tratar de recursos federais, para fazer uma investigação rigorosa nos contratos de consultorias. 

O intuito seria o de conhecer sobre o mérito, a exigibilidade e a legalidade dos contratos assinados pela Secretaria de Estado do Turismo desde o ano de 2016.

No caso de qualquer irregularidade insanável o Estado seria ressarcido de algum prejuízo causado ao erário, e, havendo culpados que fossem punidos na forma da lei. 

É o que se espera de um governo que chegou pra resolver e que faz questão de apregoar a seriedade e o acerto de todos os seus atos envolvendo dinheiro público.

Uma observação que não pode passar ao largo é que, devido à soma elevada de recursos, tais contratos nunca seriam celebrados pela Secretaria sem o aprove-se ou a aceitação do governo.

A Secretaria de Estado de Comunicação, que sempre se manifesta com agilidade, ousadia e firmeza, desqualificando toda e qualquer crítica contra o governo, neste caso, estranhamente, optou pelo silêncio. 

Antes que um senador ou deputado federal se interesse pelo caso e consiga aprovar um requerimento de informações para melhor elucidar a exorbitância dos gastos de recursos da União com consultorias,  é aconselhável que o governo se  antecipe. 

ACV