poder

O Candidato

Nas campanhas políticas por este Brasil afora muitas coisas são ditas e prometidas pelos candidatos para impressionar eleitores e ganhar votos. Para enfeitar o pavão, o marketing contratado a peso de ouro tem que ser competente para mostrar as virtudes e esconder os defeitos do candidato.

O marqueteiro, geralmente, é uma pessoa fria na estratégia a seguir, discreta nos seus afazeres, contorcionista na arte da dissimulação e convincente ao apresentar seu produto, o candidato.

Tem que criar emoção em tudo que faz na telinha, no rádio e nas redes sociais em benefício do candidato. Tem que mostrar que o candidato é cuidadoso com o erário, e que está preparado pra fazer tudo bem feito, com devotamento e conduta retilínea para atender ao sagrado desejo do povo em ter uma educação, uma saúde ou uma segurança pública de qualidade, e tudo o mais que for necessário para romper a barreira da pobreza.

O empresariado precisa ser convencido de que não haverá aumento da carga tributária, e que a receita que vem dos impostos que eles pagam será revertida em serviços e obras para todos os cidadão e cidadãs. O progresso do Estado garante maiores lucros para os que se dedicam a investir na iniciativa privada.

O candidato tem que se comprometer com fornecedores e executores de obras púbicas assegurando-lhes o recebimento integral de suas faturas sem atrasos ou procrastinações de tudo aquilo que as suas empresas realizarem licitamente.

O candidato é um ser especial, que tem resposta para soluções intricadas, adquiriu experiência pra resolver, é corajoso para fazer mudanças e colocar o governo no rumo certo.

Nos debates mostra segurança, conhecimento e desenvoltura. É um político sorridente e agradável que passa a impressão de ser receptivo e de fácil acesso, um cidadão que respeita as divergências como deve se portar um democrata. Diz que está disposto a organizar uma agenda para receber as pessoas do povo no Palácio de Despacho para ouvir suas opiniões. E gosta das criancinhas, que são o futuro da Nação.

Se o candidato é evangélico fala como se tivesse no púlpito da igreja, mencionando o nome de Jesus quase sempre para mostrar a sua religiosidade. A Bíblia para ele é o passaporte da confiança dos fiéis na sua palavra, dizer com firmeza que é conservador, destacar a importância da família, vestir uma camisa verde e amarelo são atos que ajudam a atrair votos desse ramo religioso e do conservadorismo que abomina a esquerda.

O candidato não deve esconder suas origens humildes, ao contrário, se for um filho de vaqueiro, de uma professora, de um barbeiro, de uma costureira, de um operário, ou de um roceiro que pegou um pau de arara até a cidade grande atrás de um emprego, isto o identifica com a maioria da população sofredora, conquistando a simpatia de muitos eleitores. O lado do candidato só tem doçura e eficiência, trabalho e honestidade, não lhe faltando as virtudes da humildade e do bom coração.

As festas tradicionais como o carnaval e o São João farão parte do calendário anual do governo.
Tem que ser natural ao distribuir beijinhos, juntando as mãos e fazendo um coração, simbolizando o seu amor para os acenos, não podendo faltar apertos de mão e abraços para compor um cenário de alegria contagiante.

As cenas na TV têm que ser leves, alegres e coloridas, exibindo um cenário róseo, o céu é sempre de brigadeiro como deve ser a vida sonhada por todos. O candidato repudia com veemência fazer traquinagens com dinheiro público. E que tudo será feito com transparência, de um modo tão claro como a luz do dia.

O eleitor tem que ser convencido de que o candidato é o melhor, e, que, nas horas de crise, surge como um super homem.

Aparece arregaçando as mangas e, no governo, a partir do primeiro dia e em todos os dias, será mãos à obra sem parar, com as fórmulas mágicas de quem possui o poder de prever e vir de imediato com a solução.O candidato não pode esquecer dos servidor público que carrega nas costas o trabalho de impulsionar a máquina do Estado. Por isso, o candidato tem um olhar generoso para com esses trabalhadores, comprometendo-se de que a folha nunca será paga com atraso, e que os aumentos serão concedidos sempre acima da inflação.

Quando o candidato tem a máquina em seu favor, principalmente em momentos de dificuldades – como os que vive hoje o Brasil -, os apoios vêm aos borbotões, porque a estrutura em sua volta é forte e quase intransponível. Os cargos de livre escolha, os famosos CCs, são acionados com o aviso de que se o resultado for negativo na certa vão ser exonerados e substituídos pelo vitorioso. É ganhar ou perder.

O bom marketing cria verdadeiras histórias de Trancoso, para colocar o candidato na frente e vencer a corrida eleitoral. Tem que ser também criativo, e até certo ponto, impiedoso, no desmonte do adversário. O ataque nunca pode ser frontal para não irritar o eleitor. Uma meia verdade aqui, uma mentirinha acolá, com muita cautela pra não ser punido pela Justiça Eleitoral, vai danificando aos poucos a imagem do adversário, desqualificando-o para o cargo. Como faz um jogador de box, insistindo em bater na ferida até nocautear o seu oponente.

Pode ser que, numa fase em que o candidato estiver em baixa e as pesquisas confirmem a preferência por um de seus adversários, ele mude a estratégia, desferindo pancadas violentas contra aquele que passou-lhe à sua frente, mesmo sob o risco de ser multado pelo TRE, e de os seus programas de tv e rádio serem colocados fora do ar. É o ataque rasteiro, é o tudo ou nada, é o desespero do perdedor de véspera, uma estratégia que raramente o beneficia.

Porém, o candidato mais precavido faz logo um acordo por debaixo dos panos com um candidato sem esperança de ganhar para meter o pau no que que está na frente, e até nos debates fazer-lhe perguntas embaraçosas na tentativa de constrangê-lo e perder votos.

Por último, e não menos importante, no que toca à honestidade, o candidato tem que ser como a mulher de César, tem que ser não apenas honesto mas parecer honesto. Se for de família rica não precisa de dinheiro de ninguém, muitos eleitores assim pensam, mas se for descendente de uma família modesta, basta ver o passado do candidato. Para o povão, em ambos os casos, todos esses predicados podem funcionar como um verdadeiro atestado de honestidade.

Resta saber, se na prática, tudo será como foi dito, ou mesmo acima ou abaixo do que foi imaginado.

O importante é que a democracia, o governo do povo, pelo povo e para o povo (Abraham Lincoln), foi praticada nem que seja errando o voto.

Eleições periódicas viram escolas de aprendizagem para o eleitor aprender melhor como votar na próxima vez.

*Antonio Carlos Valadares
Especialista em Direito político e prática eleitoral, advogado

Trump, o encrenqueiro

DA INVENÇÃO DA FRAUDE PARA DESFERIR O GOLPE

Vira e mexe, o presidente dos EUA Donald Trump usa a sua metralhadora giratória atirando a torto e a direito. Com a mira um tanto quanto descalibrada desfere tiros indistintamente, atingindo países aliados ou não, em uma guerra comercial de caráter protecionista, sem precedentes na história dos conflitos econômicos.  É a prática de um nacionalismo atrasado de bater no peito ou fazer acenos copiados do nazismo hitleriano passando a impressão para o grande público de um gesto de extrema arrogância.

Deixando de lado todas as encrencas que ele arrumou no seu primeiro mandato, em cuja ocasião inclusive foi aberto contra ele um processo investigativo por abuso sexual, vou citar apenas o imbróglio da invasão do Capitólio (sede do Poder Legislativo americano) intentada por seus tresloucados seguidores, incitados pelo discurso radical e inoportuno  do presidente Trump de que nas eleições perdidas para Biden o resultado fora fraudado. Esse movimento de protesto, que lhe valeu o segundo impeachment (saiu ileso),  ocorreu no dia 6 de janeiro de 2021, considerado por juristas como uma tentativa atabalhoada de golpe de Estado contra a ordem constitucional e o sistema eleitoral  americanos vigentes. Pelo menos 5 pessoas perderam a vida e dezenas de policiais ficaram feridos.

O DIA DA LIBERTAÇÃO

Utilizando uma mensagem comercial belicista, escolheu o dia 2 de janeiro de 2025, como O Dia da Libertação dos EUA, data em que lançara o seu pacote de maldades contra o mundo inteiro.  Exagero maior não existe ao considerar o lançamento de um tarifaço como um ato patriótico de libertação, dando a entender de que a nação naquele ato, estaria se libertando das amarras de um mundo perverso, ou que estaria, segundo a sua falsa pregação, fazendo o ressurgimento dos EUA depois de tantos anos de aprisionamento econômico forçado. É sabido que a única libertação que houve no país, após a sua independência política, foi a libertação dos escravos, a qual, para ser concretizada foi desencadeada a Guerra da Secessão, que custou lágrimas e sangue, entre irmãos do Sul e do Norte da América.

Para fazer valer esse pacote de taxas da “Libertação”  que foram calculadas por sua equipe econômica empregando fórmulas mirabolantes, o presidente encrenqueiro nem se condoeu de que estava expurgando a diplomacia da boa convivência entre nações, desrespeitando acordos comerciais e enfraquecendo o comércio bilateral, possivelmente mergulhando o seu próprio país numa recessão descontrolada.

RIQUEZA E ABUNDÂNCIA

Ao contrário daquilo que prega Donald Trump, os EUA na fase atual nadam em abundância e prosperidade. Contudo, sua ação é no sentido de mostrar que antes dele a nação quase não existia, era quebrada e ingovernável, e que agora sob seu comando, é que será grande, rica e poderosa e  que está conduzindo o seu barco para águas calmas. Pura mentira, que nem uma pessoa simples do povo e sem maiores conhecimentos do dia a dia americano acredita.

A realidade será sentida por aqueles que sabem onde o sapato aperta, quando forem ao supermercado para abastecer suas cozinhas, ao mercado imobiliário para comprar um apartamento para morar,  procurar escolas para educar seus filhos ou contratar planos de saúde e de aposentadoria para se curarem e se prevenirem, ou comprar um simples carro para se locomoverem.

O Sr Trump e sua equipe de conselheiros bilionários nunca sofreram na carne a dor que sente a gente comum dos Estados Unidos e dos outros países.

EM CURSO O PAPEL SECUNDÁRIO DOS EUA

Segundo o colunista Fared Zacaria em  artigo escrito para o`Washington Post´, e transcrito no Estadão,  sob o título “Trump pode levar EUA a um papel secundário no mundo”, em seu conteúdo traz a lume dados bastante interessantes sobre a boa vida dos americanos nos tempos de hoje: “Em 1990, a média salarial dos EUA era de 20% maior do que a média geral no mundo industrializado avançado; agora é cerca de 40% maior. Em 1995, um japonês era 50% mais rico do que um americano em termos de PIB per capita, hoje um americano é cerca de 150% mais rico do que um japonês”. 

O famoso articulista informa que o estado americano mais pobre, o Mississipi, tem um PIB per capita maior do que o do Reino Unido, da França ou do Japão.

Por fim, Zacarias adverte que Trump está arrastando os EUA para a época em que o país era mais pobre, dominado por oligarcas e corrupção e contente com sua arrogância em seu próprio quintal e em intimidar seus vizinhos, mas secundário em relação às grandes correntes globais da economia e da política. 

O TARIFAÇO E A VANTAGEM DA CHINA

Os efeitos da política desastrosa de Trump já se fazem sentir no âmbito interno com a eclosão de movimentos de protestos contra os cortes na educação e na saúde, o medo do aumento do custo de vida e das taxas de desemprego  e de uma nova escalada inflacionária.

As nações estão se preparando, cada uma delas retaliando a seu modo, impondo tarifas mais ou menos iguais às dos EUA.  Na tentativa de minimizar o prejuízos causados pelas medidas, os governantes tiram do baú seus planos de reciprocidade tarifária e querem  utilizá-los como armas de dissuasão para rechaçar os libidos de ganhos econômicos do desalmado governante, cujo comportamento nem Freud explicaria.

A China reagiu na mesma proporção e  parece estar levando ampla vantagem econômica com seu potencial de produção e de consumo ao abrir suas portas para as nações. Apesar de adotar um sistema político ditatorial, os seus governantes procuram melhorar a sua pujança econômica com uma postura pacífica e empreendedora para conquistar novos mercados em vez de intimidar os outros com ameaças e criação de tarifas absurdas.

A loucura de Trump já deu sinais em entrevista divulgada antes de sua posse,  na qual sugeriu a anexação do Canadá e a tomada por meios militares da Groelândia (território da Dinamarca), uma grave ameaça  a países amigos que nunca empreenderam atos belicosos contra os EUA.

No que se refere ao Brasil, por ser um grande celeiro de produção de alimentos e devido ao seu grande potencial de reservas de minerais,  de petróleo e gás, não tem o que temer. Pode ser um parceiro mundial forte nas trocas comerciais, e tornar-se graças  a Trump numa alternativa de alinhamento e acordos com os países contrariados com os EUA. O Mercosul, do qual o Brasil faz parte, ganha cada vez mais a compreensão e simpatia do Mercado Comum Europeu nos negócios bilaterais que por sinal já estão em andamento.

BAGUNÇANDO A PAZ AO INVÉS DE CONSTRUIR PONTES DE ENTRELEÇAMENTO

Tudo leva a crer que o dinheiro e o poder modificaram a mente da mais elevada autoridade americana. Trump deveria saber que pela posição que ocupa de presidente da maior potência mundial que em duas guerras mundiais combateu contra o autoritarismo e o nazifascismo, pelo ideal democrático, deveria preservar a memória de suas heróis mortos na luta, pronunciando-se com um mínimo de discernimento e respeito aos países e à determinação dos povos, preocupando-se em unir as nações em torno dos EUA, como fizeram tantos vultos da história americana.

Ao invés de bagunçar a obra de paz e união construída por figuras exponenciais que construíram a grande nação americana, Donald Trump estaria muito melhor colocado como presidente se abandonasse a encrenca e partisse para construir pontes de amizade e de bom entrosamento  com todos os países, seguindo o caminho da paz e do trabalho.

*Antonio Carlos Valadares

Advogado especialista em Direito Político e Prática Eleitoral

A Sucessão nos Bastidores da Política, apesar da Pandemia

A SUCESSÃO FERVE NOS BASTIDORES

Quem estiver pensando que a pandemia está impedindo uma forçação de barra para a viabilização,  dentro do bloco do governo, de nomes com vistas à sucessão de 2022, está muito enganado.

Movimentam-se nos bastidores, procurando fortalecer suas pretensões, os deputados federais Laércio Oliveira (SD), Fábio Mitidieri (PSD) e o senador Rogério Carvalho (PT). Todos lutam pela preferência do governador Belivaldo Chagas. É bem possível que neguem publicamente, mas a verdade é que só pensam naquilo e agem com muita devoção a esses afazeres futuristas. Eles sabem que Belivaldo não tem voto. Mas tem o governo em suas mãos, a caneta pra nomear ou demitir, mexer em secretarias e órgãos do governo, e dispõe, ainda, do poder para anular privilégios e vantagens de empresas que sobrevivem às custas do erário.

Esse poder transitório de alterar o conforto de muita gente para mais ou para menos, num Estado pequeno e pobre como Sergipe, que é altamente dependente do poder público, impede, salvo no campo da oposição, posicionamentos de ordem política sem o carimbo do governo, os quais, se não forem cuidadosamente sopesados poderão gerar perdas de difícil reparação.

O “X” DA QUESTÃO E O IMPONDERÁVEL.

É aí onde está o “x” da questão, o sonho de quem milita na oposição ver quebrada a aliança governista, para a partir daí drenar em seu favor o caminho do poder. Há quem pregue o contrário, de  que nem que a vaca tussa tal fato não se consumará.  A não ser que aconteça,  como acreditam os supersticiosos, algo que chamamos de imponderável cujo encadeamento escapa à visão de um simples mortal. 

Em todo caso, devemos compreender que a atração que o poder exerce é uma  realidade na região Nordeste, e a situação de Sergipe não pode ser diferente, onde, aliás,  predomina quase sempre a vontade do grupo político que tem ao seu lado a força do governo. 

NEM SEMPRE O PODER POLÍTICO E O DINHEIRO GANHAM ELEIÇÕES

Em meio a esse incontrastável poderio do governador Belivaldo, no entanto, vimos, nas eleições municipais,  o vexame que ele passou em sua terra natal, Simão Dias, quando, para ajudar ao seu candidato a prefeito, mudou informalmente a capital para lá, usou e abusou do poder político, inclusive com ameaças a empresários e eleitores, sem obter êxito em tal estratégia.

Há quem considere que Simão Dias foi uma exceção.

Mas é bom anotar que aquele pleito municipal deu um aviso bastante perceptível de que nem sempre o poder político e o dinheiro, garantem o sucesso de uma campanha majoritária.

A ELEIÇÃO DE 2018, UM FENÔMENO À PARTE. NÃO HAVERÁ REPIQUE EM 2022

Há uma constatação a ser lembrada aqui, mas que a mídia de um modo geral deixa de opinar porque isso contraria bastante o governador. Trata-se do tema de sua reeleição em 2018, quando dois fatores contribuíram para o resultado: 

1) O abuso do poder político, conforme comprovou o TRE, pelo placar de 6×1, em cuja decisão cassou-lhe o mandato, mantendo-o no poder, em face de uma liminar ao TSE; e

2) O apoio de Lula, à chapa majoritária, o qual mesmo preso em Curitiba, foi capaz de mostrar a sua força eleitoral naquele momento, ao apoiar os nomes contidos na chapinha  distribuída por cabos eleitorais em todos os recantos do Estado, contendo os nomes de Haddad, Belivaldo e Rogério como seus candidatos, os quais exploraram ao máximo o discurso de “Lula Livre”, como um refrão bem sucedido do marketing durante toda a campanha.

Apurados os votos, viu-se que na região Nordeste, as urnas confirmaram a eleição de 9 governadores, 4 senadores do PT, e outros tantos, entre seus aliados.

AS FAVAS CONTADAS E O IMBRÓGLIO DA SUCESSÃO

O primeiro passo a ser tomado, antes de qualquer discussão sobre o tema, seria aguardar a finalização do processo no TSE. Mas como poucos são os que acreditam na punição máxima da perda de mandato do governador, vamos raciocinar com parcimônia, sem previsão antecipada, deixando esse assunto tão delicado, a cargo da Justiça que tem competência para resolver. 

Não é demais registrar que apoiadores do esquema de poder, esquentam as mídias dando como favas contadas mais uma vitória do candidato que for apoiado pela máquina do governo do Estado e de quase todas as prefeituras, inclusive a de Aracaju,  confirmando mais quatro anos de domínio político do agrupamento. A única dúvida nessa equação é se Edvaldo apoiaria a Rogério Carvalho, o candidato natural do PT ao governo do Estado, tendo em vista que romperam ou esfriaram os seus laços políticos nas eleições municipais de 2020, com as tintas da desconfiança. 

O Senador Rogério Carvalho, no período da eleição, ainda terá seis longos anos de mandato. Portanto, é  esperado que, tendo mandato e tempo, almeje uma candidatura de governador. Sabe-se que Belivaldo e Edvaldo hoje em dia rezam numa mesma cartilha. Se assim for como fazer um arranjo político para que o PT conte com o apoio dos dois mandantes, o do governador de Sergipe e do prefeito de Aracaju, se há, como é público e notório, queixas tão evidentes? Uma boa pergunta a ser respondida no prazo das desincompatibilizações, começo de abril de 2022.

Pode ser que Edvaldo seja picado pela mosca azul e resolva renunciar a prefeitura para disputar o governo, fato que agradaria sobremaneira ao governador Belivaldo, uma vez que a sua correligionária do PSD, e sua protegida, a delegada Katarina sentaria na cadeira hoje ocupada pelo ex-comunista para exercer um mandato com duração de dois anos e nove meses.

 

A BALA NA AGULHA

Aí é onde a porca torce o rabo, pois esse é o projeto tentador de Belivaldo, uma bala na agulha à espera para ser disparada. Mataria dois coelhos de uma só cajadada, deixando no governo como seu sucessor o mais recente e leal amigo e na prefeitura a mais nova e fiel amiga que a politica arranjou para ele, se a eleição vingar. Como eu costumo lembrar: “A política é arte do diabo!”. 

O ELEITOR COM A PULGA ATRÁS DA ORELHA PODE ESTAR PERGUNTANDO AOS SEUS BOTÕES

Mas o eleitor comum, como hoje é o meu caso, pode não estar pensando dessa forma. Fica  com a pulga atrás da orelha, perguntando aos seus botões: se o homem não tem voto, se Lula, o grande eleitor de 2018, está em liberdade, a bolsa família continua sendo paga e não tem mais padrinho, se este discurso já perdeu o sentido, qual o próximo discurso a viabilizar a eleição do candidato do governo?

O que esperar do apoio de um governo a um candidato à sua própria sucessão , cuja atuação ainda não ganhou a confiança nesses três anos de mandato, e que aparece aos olhos da população como insípido, inodoro e incolor?

Muito tempo ainda pela frente para uma avaliação segura.

TUDO TEM O SEU TEMPO DETERMINADO, E HÁ TEMPO PARA TODO O PROPÓSITO DEBAIXO DO CÉU (ECLESIASTES 3:1)

No  meu humilde  pensar, melhor a turma do governo, e da própria oposição,  mudar de foco, nesta fase triste pela qual passa o nosso Estado, com mortes e infestação por coronavírus em alta. Seguir o conselho do Eclesiastes, aguardar o tempo certo. Agora é o momento de combater a pandemia como prioridade número 1, lutar para salvar vidas, estruturar o sistema de saúde e prover os hospitais de respiradores e leitos, imunizar em massa a população contra a COVID-19, ao invés mergulhar em planos e articulações para manter-se no poder, salvar secretarias e cargos em Comissão,  vantagens e privilégios ou ganhar mandatos eletivos nas eleições de 2022. 

 

Antonio Carlos Valadares – ACV

Advogado, ex-governador, ex-senador da República

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da vitória de Cristiano, da cidade que virou capital e do povo que apagou o vagalume

 

                   

Simão Dias

Nesse período eleitoral, Sergipe inteiro voltou as suas vistas para uma cidade do agreste, acompanhando com inusitado interesse o que se passava na cidade de Simão Dias. Afinal, por obra e graça do governador Belivaldo, que é simãodiense, a capital do Estado, cuja sede está localizada em Aracaju,  foi mudada informalmente para essa bela cidade,  conhecida por “produzir milho e eleger governadores”, como costumava dizer um dos maiores filhos desta terra, o saudoso Marcelo Déda.

Sua excelência, o governador Belivaldo – que circulava na campanha montado numa luxuosa off road Polaris rzr,  prestou-se a auto apelidar-se de  “vagalume” – abandonou as tarefas normais de um governante que tem o dever de trabalhar para todos os municípios, tomou a decisão de utilizar-se de quase todo o aparato governamental, gastar todos os recursos disponíveis e a sua energia para mudar a vontade do eleitor num único lugar do Estado, na nossa querida Simão Dias.

 

BellyNave

Transmitindo em suas atitudes uma impáfia inconcebível, e destilando ódio em suas falas e lives semanais no instagram quando expressava, conforme percebiam as pessoas,  um sentimento inferior que não cabia na figura de um governador, pegou o pião na unha e se portou como se fosse ele próprio o candidato a prefeito.

Usou o poder da máquina administrativa como nunca aconteceu em qualquer outra campanha no município. Em cima da eleição inaugurou obras eleitoreiras, e assinou as famosas ordens de serviço,  eventos semelhantes àqueles, que, como todos se lembram, lhe causaram o dissabor da cassação de seu mandato de governador e a pena de inelegibilidade por oito anos decretada pelo TRE-SE. 

Tal conduta mostra que Belivaldo Chagas, no exercício do cargo de governador,  é reicindente na prática de abuso de poder político, zomba da Justiça Elelitoral ao insistir em desequilibrar a disputa, e atentar contra a legimidade das eleições,  como fez pra se eleger governador em 2018. 

No domingo, 15 de novembro, veio a firme e corajosa decisão do povo: o governador Belivaldo, o atual prefeito Marival e o seu candidato chapa branca, Aloízio do Sofá, foram derrotados, passando por uma humilhação sem precedentes, perdendo todos eles para um modesto motorista da prefeitura, Cristiano Viana, do PSB. 

Cristiano é o novo líder da pacata e ordeira Simão Dias. Ganhou bonito, sepultando a ideia de que só o poder e o dinheiro é que podem ganhar eleições.

Vencer em Simão Dias, derrubar Cristiano e destruir por completo o agrupamento político dos Valadares, objetivos que se tornaram uma questão de honra e uma obsessão de Belivaldo Chagas, acabou sendo o maior vexame já sofrido por um governador em toda a história de Sergipe.

A esperança venceu o medo. 

O voto livre do povo apagou o “Vagalume”. 

ACV – Antonio Carlos Valadares

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vitória do Ministério Público e da Sociedade, derrota do governo

Em toda a história de Sergipe, após a promulgação da Carta Magna de 88, o único governador que descumpriu a ordem de votação da lista escolhida para Procurador-Geral do Estado foi Belivaldo Chagas.

Antes da posse prometeu que nomearia o mais votado. Depois da posse, inverteu a ordem, e nomeou o 3º da lista.

Agora, aconteceu nova eleição, sendo eleita uma nova lista tríplice. Pela sua forma autoritária de decidir, vai tentar impor, antes de nomear, que o novo Procurador-Geral siga mais ou menos a mesma linha adotada pelo atual ocupante do cargo,  qual seja, a de ficar longe de investigações incômodas contra detentores do poder.

Com efeito, foi contundente a resposta que os membros da classe, através do voto livre de seus membros, resolveram dar ao atual comando da Procuradoria-Geral, ao escolher uma lista composta por nomes de perfil independente, sem qualquer atrelamento de ordem política.

Belivaldo, se tentar o continuísmo sem voto, vai perder tempo e saliva.

O Ministério Público Estadual, unido, escolheu uma lista uniforme, onde cada um de seus integrantes tem compromisso com a instituição.

Qualquer que seja o nomeado, agirá com autonomia, e não vai atrelar-se jamais aos interesses escusos do governo.

Afinal, o Parquet está muito preocupado com a imagem de omissão e comprometimento da última gestão em alguns casos emblemáticos, a exemplo do Hospital de Campanha de Aracaju, que causou grande desgaste à instituição, cuja decisão de isentar  a prefeitura, deixou-lhe em situação claramente embaraçosa ao omitir-se do seu dever de investigar.

Em contraposição a esse posicionamento, a Polícia Federal, o MPF e a CGU, com autorização prévia da Justiça, desencadearam a chamada operação Serôdio para obter provas de possíveis desvios de recursos da pandemia na execução da malsinada obra.

O Parquet, com muita razão, quer agora recuperar a sua autonomia e credibilidade asseguradas pela Constituição Cidadã.

Na eleição do Ministério Público Estadual, perdeu o governo, ganhou a sociedade. É o resgate da credibilidade do Ministério Público, e da confiança nessa honorável  instituição permanente que atua em defesa de todos os segipanos e sergipanas. 

ACV

O voto de protesto fragiliza a democracia

Um dos fatores que mais pesam contra a validade e a relevância do sistema democrático é o voto de protesto.

É um voto sem cara, que se exprime pela omissão ou anarquia, sem levar em conta a valoração de candidaturas éticas e legítimas, que se apresentam muitas vezes com um perfil e um passado de combate à corrupção, em favor dos direitos sociais e na defesa da moral política exigida pela sociedade.

Na política tradicional, assim como entre aqueles que se intitulam como contrários à “velha política”, o eleitor pode encontrar nomes que representem as suas ideias em favor de uma atuação voltada ao combate à corrupção, ao fortalecimento das liberdades políticas e dos direitos humanos, políticas de distribuição de renda e contra as mazelas da gestão governamental.

Meu nome é Enéas!

Os que se expressam no combate à corrupção e à renovação política, têm um lugar de destaque. Mas uma boa parcela da sociedade aceita o político tradicional, desde que tenha um passado que o credencie a falar sem medo pelo exemplo de honestidade e compromisso com as boas causas. Todavia, nem sempre é assim. Corruptos se elegem, mesmo que passem todo o mandato na degola, respondendo a processos criminais e eleitorais, e muitos deles salvando-se aos trancos e barrancos. 

Se temos numa eleição centenas de cargos para o legislativo e outros tantos para o executivo, não há porque, a priori, julgar que em número tão ostensivo, não possa encontrar alguém capaz de representar o pensamento de pelo menos uma parcela dos eleitores.

É sabido que a revolta do eleitorado por vezes, conduz a uma apressada decisão de anular o voto, votar em branco, ou abster-se de comparecer às urnas.

O voto de protesto conseguiu eleger para deputado federal figuras sinistras como Enéas (PRONA),  o ícone da extrema-direita, com um discurso relâmpago, e usando apenas o bordão “Meu nome é Enéas!”,  obtendo mais de 1 milhão e meio de votos em SP.  O então deputado Jair Bolsonaro, cuja ideologia se identifica com a daquele fenômeno eleitoral, procurou de alguma forma fazer-lhe uma homenagem,  apresentando um projeto de lei na Câmara (PL 7699/2017) para inscrever o nome de ÉNEAS FERREIRA CARNEIRO no Livro dos Heróis da Pátria.

Esse mesmo voto de protesto levou para Brasília, figuras caricatas e engraçadas como Tiririca. Em outros tempos, até animais –  quando o eleitor ainda podia votar escrevendo o nome do candidato na chapa-, numa escalada de gozação o povo chegou a eleger  bodes, gorilas e rinocerontes. Em Sergipe, um candidato que se intitulava Rôla, faltou pouco pra chegar à Câmara dos Deputados. Queria uma aliança com o PSB que, por pruridos morais, não o aceitou como aliado. O seu slogan era “Rola Neles!”. Resultado, Rola perdeu por pouco, e Pedrinho Valadares, que teve a maior votação como deputado federal, não se elegeu por causa daquela aliança populista que não se consumou.

Os eleitores concluem que a causa maior dos males  por que passam, a culpa maior é do sistema democrático que elege os nossos representantes, os quais não levam em conta os apelos da população.

O eleitor ao se deparar com as denúncias frequentes contra políticos, colocam todos no mesmo balaio, e procuram votar em salvadores da pátria, justiceiros que se amparam no discurso do novo, com o viés do prende e esfola, nem que nada aconteça depois de eleitos.

 

A eleição passou a ser um ato de desabafo, mesmo que, após, não resulte em nada. Ainda que depois se arrependam os eleitores.

Um dado curioso sobre a última eleição para o governo do Estado em Sergipe: no 2º turno tivemos mais de meio milhão de eleitores (33,5%) que votaram nulo, branco e se abstiveram de votar. 

O voto pode então funcionar como um ato de vingança, mesmo que em tal operação o justo pague pelo pecador.

Em tempos passados, ainda não tanto distantes, a ira do eleitor se manifestou expressando sua preferência por animais, figuras caricatas, folclóricas ou ridículas para desmoralizar, através do voto livre, o sistema político vigente.

Para evitar enxurradas de votos de protestos na época em que vivemos, quando há um acompanhamento instantâneo de seus trabalhos pelas redes sociais, os políticos deverão adotar uma postura mais transparente, mais corajosa, mais ativa, focando a sua atuação nos problemas mais graves com que se defronta a população como o desemprego, a desigualdade social, a saúde e a educação, a violência urbana e rural.

O político deve ser um espelho para as gerações que vão surgindo a cada eleição, deve ser um exemplo a ser seguido em sua conduta pessoal e pública, tendo a honestidade e a ética como bastiões seguros para enfrentar a luta.

O povo está de olho. 

Neste comportamento de protestar sem participar, ou participando votando nos extremos, exprime-se  uma tendência autoritária de descrença nas instituições democráticas.

Preferências pelo autoritarismo e por soluções milagrosas, a exemplo do fascismo italiano e do nazismo alemão, conduziram a Itália e a Alemanha a um fim catastrófico, provocando a dizimação de milhões de vidas durante a segunda guerra mundial.

ACV

KOISAS DA POLITIKA – A ESTRELA OU O MARTELO & A FOICE

NOS ENTRETANTOS, EM JOGO O GOVERNO DO ESTADO

Interpretando as entrelinhas deixadas pelo senador Rogério Carvalho na entrevista que ele deu no programa radiofônico de André Barros, ficou mais do que evidenciado que só haverá uma hipótese para o PCdoB e o PT estarem juntos nas eleições municipais do próximo ano: se o prefeito Edvaldo Nogueira desistir da reeleição e passar o comando do processo para o PT. Nessa hipótese o PT  apresentaria o candidato a prefeito.

Ao ser perguntado se o PT entregaria os cargos que tem na prefeitura de Aracaju, o senador desconversou, gaguejou, pigarreou, para, ao final dizer que a caneta está nas mãos de Edvaldo. Complementou com o raciocínio de que o PT ali está, e merece, porque ganhou a eleição junto com Edvaldo.

Foi dado ênfase pelo senador ao fato de que Edvaldo talvez não esteja com os pés no chão, e, por isso, tenha uma equivocada interpretação da realidade política ao insistir na sua pretensão em continuar sentado na cadeira de prefeito.

Com efeito, se somarmos o tempo de vice-prefeito com o de prefeito, em dezembro de 2020 Edvaldo Nogueira completará 13 anos de poder, em cujo período quando o PT não estava governando (Marcelo Déda), participava do governo municipal com a indicação do vice (Silvio Santos e Eliane).

Trocando em miúdos: se Edvaldo abrir mão de sua reeleição,  gesto visto como duvidoso e praticamente impossível,  seria uma surpresa alentadora a merecer elogios de todos os lados.

Afinal, poucos os que fizeram isso, tendo a caneta na mão como ele tem agora. Se assim o fizesse, na certa teria que passar o bastão da campanha para as mãos do PT,  um partido reconhecidamente aliado, que o apoiou todas as vezes em que foi candidato a vice ou a prefeito. Além disso, o PT teria o instrumento financeiro que nenhum partido tem, o maior fundo eleitoral de campanha do Brasil. 

O PODER NAS MÃOS DE QUEM FICA?

É sabido que ao longo de todo esse tempo em que os dois partidos estão juntos, pouquíssimos foram os desencontros.

Até  o presente momento, mesmo que tenha alguma discordância íntima contra a forma de atuação de Edvaldo, o PT ao integrar o governo da capital, assim ou assado, terminou coonestando com Edvaldo em tudo o que ele fez de certo ou errado. O comprometimento e as impressões digitais do PT estão mais do que expostas aos olhos de todos os eleitores.

A conclusão que se tira em relação a esse affair entre o PCdoB e o PT, é que por detrás disso não existe apenas o desejo natural de troca de guarda no poder da Capital.

No fundo o senador Rogério, que tem se revelado um estrategista político, alimenta o sonho de chegar ao governo por essa mesma via em que vários partidos, incluindo o próprio PT – ganhando o troféu da prefeitura de Aracaju.

Eliane, na disputa pela prefeitura, seria a candidata preferencial, porque assim, a vice de Belivaldo sairia da linha da sucessão de 2022, deixando Rogério Carvalho mais à vontade e mais livre para preparar sua candidatura ao governo do Estado.

Eliane, que não tem nada de inocente útil, não digeriu ainda – como à primeira vista deixa transparecer com um silêncio conciliador e compreensivo -,  as exonerações que Edvaldo fez de pessoas ligadas a ela. Todavia, essa possível queixa, que fora alimentada por uma ingratidão de Edvaldo, morrerá para sempre se Eliane tiver o apoio de Edvaldo no projeto do PT de candidatá-la a prefeita. 

MELHOR CONSULTAR  OS RUSSOS

Embora a sucessão para o governo esteja ainda muito longe, e ainda seja apenas uma miragem, vê-se que tanto Edvaldo como Rogério procuram um mesmo oásis repleto de água doce e de tâmaras, que é o poder estadual, mas tendo antes o comando da prefeitura mais poderosa, o que eles consideram um achado, um caminho mais fácil para que, um ou outro, seja eleito governador.

Mas, conversando com os meus botões, e me lembrando do saudoso Garrincha, o inigualável ponta-direita de nossa seleção canarinha, seria melhor que antes de tudo, Rogério e Edvaldo combinassem com os “Russos”.

ACV

KOISAS DA POLITIKA – MILAGREIROS E SALVADORES DA PÁTRIA

BULIR NA PREVIDÊNCIA VAI DAR PRA RESOLVER? 

A reforma da Previdência que antes era considerada uma panaceia, com o poder de contornar a crise econômica que produziu mais de 13 milhões de desempregados, agora já não é mais encarada assim.

Economistas e políticos comprometidos com as mudanças nas aposentadorias dos setores público e privado, agora consideram que a reforma da Previdência não é suficiente para resolver por si só a crise e atrair investimentos.

NÃO É BEM ASSIM

Os olhos dos defensores da reforma da Previdência, certos de sua aprovação sem maiores divergências no Senado, voltam-se para a reforma tributária, como solução definitiva, para a retomada do desenvolvimento e a inversão da ascendente curva de desemprego que tanto humilha os brasileiros.

Estados e Municípios ficam fora da reforma da PEC da reforma nas votações da Câmara até o momento, e,  no 2º turno essa decisão será ratificada.   O Senado quer incluí-los numa proposição apartada da principal, com o nome de PEC paralela.

Mas, de todo modo, mesmo sendo aprovada no Senado, a PEC paralela terá de passar obrigatoriamente pela Câmara, onde as bancadas partidárias não veem com bons olhos o fato de governadores e prefeitos se livrarem do desgaste a que elas foram submetidas  no período dos debates da reforma da Previdência.

A economia não é uma ciência exata, apesar da pregação falaciosa dos que se apegam às suas regras como se fosse uma terrível religião, onde o Deus é o mercado, e o povo, através de seus representantes, é apenas um instrumento de verificação ou de experimentação.  

Se uma fórmula  não der certo, tenta-se outra, até que  se chegue perto do resultado planejado, ou mesmo de uma retumbante catástrofe, como se fôssemos um laboratório. 

METER A MÃO EM BURACO DE TATU?

Nessa etapa, por conveniência política, governadores e prefeitos, notadamente os do Nordeste, para não perderem votos, não fizeram o mínimo esforço, e procuraram não se envolverem em tema tão polêmico e desgastante, apesar da torcida para verem a reforma da Previdência aprovada. 

Como a tramitação da PEC paralela demora muito para a sua finalização, sem nenhuma certeza de sua aceitação pela Câmara dos Deputados, os Estados e Municípios que têm governadores e prefeitos que não querem correr o risco de meter a mão em buraco de tatu, ficarão à espera de uma solução que venha do alto.

Enquanto governadores e prefeitos continuam em compasso de espera, o impasse continua em suas unidades federadas, com o crescente aumento do rombo nas contas de seus sistemas de previdência, provocando atrasos na folha de pagamentos de ativos e inativos, e sem qualquer capacidade de investimentos em obras de infraestrutura, ou mesmo tomar empréstimos para esse fim, pela desconfiança de bancos privados e públicos.

A MÃE DAS REFORMAS NEM QUE SEJA POR ÚLTIMO 

Vamos acompanhar com interesse o desenrolar dos acontecimentos no Congresso Nacional, onde, como está mostrando, será o caminho para resolver ou piorar a crise.

A reforma da Previdência praticamente chegou ao seu ponto final, uma vez que o Senado só vai cumprir a tabela, e homologá-la sem mudar uma vírgula, apenas acrescentando a questão dos Estados e Municípios.

Vem aí a reforma Tributária, que pode distribuir mais equitativamente as receitas, beneficiando os entes subnacionais.

E a reforma política, a “Mãe das Reformas”, quando virá?

Se bem feita, evitará a eleição de milagreiros e salvadores da Pátria para a presidência da República, e de parlamentares desatentos e infiéis a programas e propostas que levaram o povo a votar neles. 

ACV

KOISAS DA POLITIKA – A DESARMONIA E A REBELDIA ENTRE OS PODERES

A HARMONIA E A INDEPENDÊNCIA ENTRE OS PODERES

Muito embora a nossa Constituição proclame que os poderes são harmônicos e independentes, nunca foi assim, ao pé da letra, a relação entre o Executivo e o Legislativo.

No presidencialismo, para governar sem problemas, para conseguir aprovar os projetos de seu interesse e não ser incomodado com pautas bombas, o Executivo procura sempre construir uma sólida base de apoio no Legislativo.

A regra geral é o predomínio do Executivo dominando o cenário das decisões no âmbito do Legislativo, e o meio para conter possíveis arroubos das duas Casas do Congresso sempre foi o uso da caneta pesada do presidente, pela distribuição de cargos e verbas aos parlamentares  que rezam na cartilha do governo. Esse jeito de o presidente agir, impondo sua vontade incontrastável perante o Parlamento ficou conhecido em nosso  regime de governo como presidencialismo de coalizão.

Bolsonaro, com o seu perfil contrastante,  não está nem aí para essa história de formação no Congresso de uma base aliada. Na sua cabeça, mora a ideia de que ao sofrer qualquer aperto ou boicote de parlamentares – que são mal vistos pela sociedade de um modo geral -, ele convoca, no seu twitter, as multidões para, em sua defesa, exigir a aprovação de projetos polêmicos que a Câmara resiste em levar à frente.

Esse modo de agir, provoca radicalismos, a construção de dois pólos, um contra e outro a favor, em disputa permanente nas ruas, um movimento de confronto copiado e colado do regime de Nicolás Maduro, da Venezuela. 

COMBATE À VELHA POLÍTICA E A GENERALIZAÇÃO 

Foi quase sempre assim, a supremacia do Executivo com a força da caneta. Mas, ao que tudo indica, o troca-troca de favores, “você me dá o voto, e eu lhe dou cargos e verbas”, não está funcionando atualmente como era antes, com aquela clareza longitudinal.

O presidente fez a composição de seu governo escolhendo à vontade a sua equipe de trabalho, nomeando quem ele quis, convocando, prioritariamente, militares da ativa e da reserva para postos chaves e, em tal quantidade, que só no regime militar aconteceu tanta arregimentação da farda. 

Num regime de governo sério não se escolhe alguém para fazer parte de sua equipe de trabalho pela inclinação religiosa ou pela cor da vestimenta. No entanto, a nível federal, o presidente demonstrando ter um olhar vesgo com os políticos, deu  clara preferência, na composição de seu ministério a militares e a religiosos, na tentativa de desvincular-se por completo daquilo que ele chama de velha política.

Neste ponto, qual seja, o de acabar com os  métodos atrasados de se fazer política e atrair votos com o toma-lá-dá cá, o presidente está mais do que certo. Ele, todavia, exagera na dose empregada, generalizando os ataques aos políticos sem guardar as exceções. Com base nesse raciocínio preconceituoso, que resvala para uma divergência prejudicial ao seu próprio governo, o presidente mostra-se intolerante ao diálogo, e denota uma natureza com viés autoritário. 

Por essa conduta clara de desprezo aos  políticos, o presidente está pagando um preço muito alto, limitando, talvez com risco calculado, o seu poder no Legislativo. 

A LUTA LIVRE 

Com efeito, a Câmara sem consultar o governo, desenterra uma reforma tributária que dormitava em suas gavetas há muitos anos, e a inclui na pauta de seus trabalhos. Ao mesmo tempo, desidrata a reforma da Previdência, arrancando os últimos cabelos do ministro Paulo Guedes, que a patrocina com extremo desvelo, considerando-a uma verdadeira bala de prata para resolver a crise fiscal por que passa o governo. 

Dando continuidade a essa verdadeira luta livre entre os poderes Legislativo e Executivo, o Senado, que sempre foi uma Casa dócil, anula o decreto presidencial sobre uso de armas e aprova por longa margem de votos, a criminalização ao abuso de autoridades em meio aos escândalos dos grampos divulgados pelo Intercept, envolvendo figuras emblemáticas da operação Lava Jato, como o atual ministro da Justiça Sérgio Moro e o procurador federal Deltan Martinazzo Dallagnol.

Para jogar mais lenha na fogueira, o presidente do Senado,  senador Davi Alcolumbre , que representa a Câmara Alta – a Casa da moderação e do equilíbrio -,  aliado de primeira hora de Bolsonaro, fez declarações tempestuosas contra Moro, usando termos muito fortes :” Se fosse um deputado ou um senador (no lugar de Moro), ele já estava cassado, preso e nem precisava provar se tinha hacker ou não”, afirmou.

É público e notório o descontentamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o qual, vez por outra, extravasa a sua discordância com o estilo do governo bolsonariano, falando cobras e lagartos, espalhando aos quatro ventos a inapetência do presidente para governar, e os erros cruciais do governo. Maia, nas manifestações de ruas organizadas por partidários de Bolsonaro, é apresentado como uma figura grotesca, como alguém que atua no meio político para enfraquecer a autoridade do presidente. 

O BRASIL DA ESPERANÇA

O presidente sabe que temos uma democracia consolidada. Aqui não se ganha no grito, nem com atitudes baseadas no populismo demagógico e no autoritarismo, tão ao gosto de ideologias exóticas, que conduzem à ditadura, como bem disse o Santo Padre, o Papa Francisco.

Seria melhor para o governo que houvesse mais diálogo com o Congresso para baixar esse clima de animosidade existente, do qual só podem resultar prejuízos ainda maiores para um povo que sofre com o desemprego e a violência.

Precisamos emoldurar um novo País, o Brasil da esperança, afastando o radicalismo inconsequente e a intolerância nefasta, que desunem e atrasam os verdadeiros projetos para desenvolver a Nação. 

(Continue acessando o blog em Widgets, rolando para baixo no seu celular. A sucessão em Sergipe, começa com vetos a nomes para cargos federais).

ACV

KOISAS DA POLITIKA – BOLSONARO VERSUS CÂMARA, QUEM VENCE?

BALAIO DE GATOS

A reforma da Previdência virou um balaio de gatos. O governo, sem força política na Câmara dos Deputados, não consegue impor a sua vontade para economizar, como planejava, um R$ 1 trilhão em 10 anos.

O fato de a Câmara tomar para si a responsabilidade de aprovar uma  reforma da Previdência, contrariando o governo, é o demonstrativo de que as relações entre Bolsonaro e Rodrigo Maia tendem a azedar com o tempo.

O presidente Bolsonaro ao acionar o seu dispositivo contra as velhas práticas da política, querendo ou não, criou um vazio na Câmara cuja liderança está sendo ocupada pelo seu presidente, deputado Rodrigo Maia.

Com a queda do presidencialismo de coalizão, após os escândalos do mensalão e do petrolão,  o presidente da República errou na dose, ao generalizar os ataques à velha política, sem considerar as exceções.

É visível que o presidente perdeu o apoio da Câmara. Ele, que passou ali 28 anos, sabe que  a Casa é composta de tribos dos  mais variados credos, inclusive de lideranças novas e expressivas que nada têm a ver com os velhos caciques, nem com a velha política, nem com os velhos e carcomidos costumes.

Querer mudar a cultura do toma-lá-dá-cá, achando que todos são iguais, é um ato de petulância, que rima com arrogância. É uma atitude de um marinheiro de primeira viagem, fato que não combina com alguém como o presidente Bolsonaro que frequentou a Câmara por quase três décadas.

O presidente tem que entender que a Câmara, com as suas virtudes e defeitos, é a representação popular do Brasil, eleita pelo povo. Só mediante um golpe de Estado ela se apaga e deixa de existir.

PARLAMENTARISMO INFORMAL COM PREDOMINÂNCIA DA CÂMARA

Penso que desse jeito, da forma com a política nacional está marchando,  surge no Brasil um parlamentarismo informal, com um presidente da República eleito pelo povo, sem a mínima força para governar, ficando a maior fatia de poder nas mãos do Parlamento.

Que bom que fosse um parlamentarismo mais flexível, tendo a figura do primeiro ministro nomeada pela presidente, com aceitação da Câmara, detendo nas mãos as responsabilidades de Chefe do Governo.  O presidente, eleito pelo povo, exercendo o papel de Chefe de Estado com mandato fixo, podendo em casos especiais, mudar o primeiro ministro, o que implicaria em mudar todo o governo, ou extinguindo a Câmara, e convocando novas eleições. Sem causar nenhuma crise institucional, ou comoção popular, como no caso do impeachment de um presidente. 

Mais cedo ou mais tarde o Brasil vai ter que retornar a debater esse tema, uma vez que o nosso modelo presidencialista faliu completamente.

Cenário confuso. Tudo acontecendo pela falta de aptidão política do presidente, que considera a maioria do Congresso, pela  forma como age, um bando aproveitadores. 

Afinal, mais uma vez eu pergunto: pra onde vai o Brasil?

PROVINCIANO E ODIENTO

Tenho evitado referências negativas ao governo Belivaldo. O meu silêncio tinha como objetivo evitar críticas de que estaria inconformado com a derrota eleitoral.

No particular tenho recebido informações de que ele não esconde e extravasa seu ódio contra os Valadares de uma forma doentia.

Embora beneficiado eleitoralmente com as cores de Lula impressas em sua chapa vitoriosa, única explicação para aquela diferença estupenda, só lhe desejo sucesso, mas parece até que quem perdeu foi ele, e não nós. Mesmo assim, aguentei o tranco e preferi ficar calado.

No entanto, já pedindo desculpas aos leitores deste blog, saio um pouco do meu silêncio voluntário a respeito do governador para dizer algumas coisas que estavam entaladas na minha garganta. 

O governador Belivaldo, na semana passada, alugou uma rede de emissoras para dar uma entrevista. Em meio a um monte de baboseiras, gastou uma grande parte do seu tempo para depreciar e falar mal  da família Valadares.

Sua excelência, com aquela empáfia miúda que passou a ter depois que chegou ao poder, anunciou que estava trabalhando pra deixar os Valadares sozinhos, isolados, sem a mínima capacidade de ação para disputar as eleições municipais em Simão Dias, ou em qualquer outro lugar no Estado.

Se dependesse de sua caneta bic e do Diário Oficial,  de fato, essa tentativa de nos apagar de uma vez por todas do cenário político já estaria se configurando.

Mas, como sou um lutador, e ajo com otimismo, confio que esse seu plano de vingança implacável vai cair por terra.  

As ofertas de nomeações a companheiros nossos para bandear de lado, algumas poucas funcionaram, mas a grande maioria não deu bolas à pressão exercida pelo seu sistema costumeiro de atrair lideranças. Como fez nas eleições estaduais nas barbas da Justiça Eleitoral. 

É aí onde a porca torce o rabo, há um engano de sua parte, excelência! o PSB não constrói prestígio usando a máquina e fazendo perseguições. É o único partido que tendo chegado ao poder, entrega os cargos quando não mais concorda com os rumos do governo. 

O nosso partido se move e existe porque tem programa, porque os seus integrantes têm história e serviços prestados. O PSB tem coerência no que promete e faz política em observância aos princípios da ética e do respeito ao adversário.

Há um provérbio árabe que procura interpretar a mente e o caráter do ingrato, dizendo mais ou menos o seguinte: “Oh filho de Deus, que bem eu te fiz para me quereres tanto mal?”.

O DILEMA DE EDVALDO: RECORRE OU NÃO RECORRE?

O prefeito Edvaldo Nogueira se recorrer da decisão do Tribunal de Justiça, vai assinar um atestado de que deseja herdar a todo custo o IPTU inconstitucional de João Alves – que ele continua cobrando apesar da promessa que fez em revogá-lo. Caso não recorra, a decisão da Justiça será efetivada de imediato em virtude do trânsito em julgado.

Uma certeza, no entanto, o prefeito já tem: muitos contribuintes, revoltados com o IPTU abusivo, a partir de agora, vão entrar na Justiça para conseguir abater os valores cobrados a mais pela prefeitura de Aracaju.

O LENGA-LENGA DE LUCIANO PIMENTEL

O deputado Luciano Pimentel em entrevista ao JC disse que teve problemas com o PSB na eleição e por isso  está apenas aguardando uma janela para sair do partido. Que ele queira sair porque resolveu aderir ao governo até compreendemos.

Há pessoas que não têm perfil para ser oposição. Uma delas é Luciano Pimentel.

Quanto ao “desentendimento” que teve com o partido é uma covardia fazer essa afirmação.

Luciano quer justificar a sua desfiliação e sua aderência ao projeto do governo -, bem como a sua votação pífia nas eleições por causa de um mandato incolor, insípido e inodoro -, colocando simplesmente toda a culpa no PSB.

Apesar de tudo, mesmo contrariando outros candidatos de nossa aliança, se eu pessoalmente não tivesse me empenhado em Simão Dias, onde ele obteve mais de 2.500 votos, apresentando como candidato a deputado federal Cristiano Viana (teve quase 10 mil votos) para lhe dar suporte eleitoral, Luciano Pimentel não estaria hoje na Alese. Em todo o Estado foi o município que lhe deu mais votos.

Subestimar ou não levar em conta o apoio de lideranças do nosso partido à sua candidatura, que garantiram o seu retorno à Alese, como Cassinho (prefeito de Gracho Cardoso), Iokanaã (prefeito de Propriá) e Baiano (vereador de Lagarto), é estar convencido de que se reelegeu por conta de seus belos olhos, sem qualquer influência do PSB, presidido por Valadares Filho.

O exemplo de Belivaldo, que abandonou o PSB para aliar-se ao poder e a um grupo político com a intenção de nos destruir,  só contaminou aos mais fracos. 

O mundo é redondo e a resposta virá um dia. 

Portanto, Luciano, seja verdadeiro, deixe esse lenga-lenga de lado, saia do partido com decência, e não nos encare como inimigos, só porque perdemos a eleição.

Fique do lado daqueles que jogaram suspeitas em sua passagem pela Superintendência da Caixa Econômica. E olhe que eu me indispus contra eles ao fazer de público a sua defesa. 

VEREADOR ELBER BATALHA, VETADO NUMA EMISSORA

O repórter de uma emissora de rádio passou  pelo maior constrangimento ao ter que dizer ao Vereador Elber Batalha, já presente no estúdio, que a entrevista para a qual fora convidado tinha sido cancelada em cima da hora pela direção da emissora.

Em se tratando de uma concessão federal, ninguém, especialmente um vereador atuante como Elber Batalha, que iria levar informações aos ouvintes sobre o IPTU, poderia ser barrado como foi, sem nenhuma explicação.

Só falta permitir-se a Edvaldo, prefeito de Aracaju, ficar na porta da rádio com uma tesoura na mão para cortar entrevistas de seus adversários … Koisas de Sergipe D’El Rei!

SERGIPE SERÁ A MAIOR PROVÍNCIA DE PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL DO BRASIL

Uma grande notícia saiu este fim de semana em toda mídia nacional: a descoberta pela Petrobras de uma jazida de gás natural que irá transformar Sergipe no maior produtor do gás natural do País, podendo incrementar o seu parque industrial, e gerar empregos.

Chegou em boa hora, quando tudo parecia ser impossível ao governo do Estado ultrapassar a crise que está vivenciando. A natureza, graças à competência da Petrobras,  está vindo em socorro de Sergipe na hora mais difícil. 

 

ACV