agricultura

Saumíneo escreve: O Legado Econômico de Antonio Carlos Valadares – Parte 1

Este artigo compõe a continuidade da série que estou escrevendo sobre os legados dos Ex Governadores de Sergipe da Chamada Nova República. Abordei anteriormente os póstumos (João Alves Filho e Marcelo Déda Chegas). Agora início por ordem cronológica os Ex Governadores vivos (Antonio Carlos Valadares, Albano Franco e Jackson Barreto). A abordagem do legado do Governador Belivaldo Chagas faremos após 2022, quando ele já terá concluído o seu mandato de Governador.

Antonio Carlos Valadares é da leva dos Governadores originários de Simão Dias. E na política sergipana dos cargos políticos possíveis com voto direto da população ocupou quase todos: Foi Prefeito em Simão Dias (1967-1970), Deputado Estadual (1971-1974/1975-1978), Vice Governador (1983-1986), Governador (1987-1991), Deputado Federal (1979-1982) e Senador (Desde 1995 a 2018 – três Mandatos consecutivos).

Antonio Carlos Valadares foi mandatário de Sergipe por um mandato e construiu um relevante legado de obras estruturantes, algumas delas serão apresentadas nos dois ensaios que apresentarei. Antes de ser Governador de Sergipe, Antonio Carlos Valadares foi Vice Governador de João Alves Filho, este fato também ocorreu com os seguintes Governadores da Nova República: Jackson Barreto que foi Vice Governador de Marcelo Déda e Belivaldo Chagas que foi Vice Governador de Marcelo Déda e de Jackson Barreto. Vale registrar que no período anterior ao da Nova República também tivemos outros Vice Governadores que assumiram o Governo de Sergipe, a saber: Celso Carvalho e Djenal Tavares Queiroz.

Do ponto de vista de formação acadêmica, Antonio Carlos Valadares é formado em Química Industrial e Direito, aliás Direito tem sido a formação predominante dos Governadores sergipanos da Nova República.

No legado da agricultura do Governo de Antonio Carlos Valadares, foi criado o Projeto Campo Verde, no qual diversas ações foram desenvolvidas, a exemplo da criação da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Sergipe que foi um marco muito importante no fortalecimento da citricultura, que necessitava de pesquisa e experimentação; o mesmo ocorrendo com algumas culturas como mandioca, maracujá e outras frutas; também foi criado um fundo de defesa da citricultura sergipana, destinado a combater as pragas e doenças que afetava a produção de laranja em Sergipe. Um outro programa que favoreceu a agricultura sergipana foi o Programa Luz no Campo, que além de levar acesso à energia elétrica nas comunidades rurais, viabilizou o desenvolvimento da pequena irrigação do produtor rural, com aproveitamento os recursos hídricos existentes nas propriedades rurais.

O aproveitamento do processamento de frutas e o surgimento de queijarias foram decorrentes da irrigação realizada nas propriedades rurais. Foi desenvolvido a construção de armazéns comunitários com secadores que viabilizou o armazenamento da produção para uma melhor comercialização, propiciando maior rendimento para o homem do campo. Foram realizadas ações de assentamentos rurais, através de um importante programa de reforma agrária que foi feita em articulação com a Federação dos Trabalhadores da Agropecuária em Sergipe e também com uma autarquia que existia na época, a FUNDASE – Fundação de Assuntos Fundiários, que viabilizava títulos das terras para os produtores rurais, facilitando inclusive acesso à crédito rural no Bancos. Foi criado um Fundo de Desenvolvimento Associativo que possibilitava a melhorias das condições sociais de comunidades rurais, surgindo na época a telefonia rural, que foi um marco importante para que o produtor pudesse ter acesso às informações de suas culturas que eram desenvolvidas, principalmente com relação aos preços.

Ocorreram também ações de investimento social no campo, a exemplo da construção de matadouros, lavanderias comunitárias, campos de criação e lazer, propiciando uma nova condição de vida ao homem do campo.

Com relação ao Meio Ambiente, uma ação relevante foi a implantação da agricultura orgânica, que tinha a denominação de agricultura alternativa; havendo adequada orientação no uso de agrotóxicos e racionalização do uso do solo.

O apoio ao cooperativismo era uma ação importante do Governo Valadares que buscava através das cooperativas existentes na época (Cooperativa do Treze de Lagarto, Cooperativa de Estância, do Baixo São Francisco, Nossa Senhora da Glória, Simão Dias e muitas outras) a viabilização do acesso a crédito e a mercados para os produtores.

A COMASE que era uma companhia muito atuante, cuidava da revenda de implementos agrícolas e desenvolvia um importante papel de fornecimento de insumos básicos ao homem do campo. Estes eram comercializados nas feiras e também mecanização no campo, pois na época não havia fornecimento privado suficiente para atender as demandas dos empreendedores rurais.

Do ponto de vista de obras, destacam-se na capital, Aracaju: a construção do Calçadão da 13 de Julho e o Parque dos Cajueiros, dois importantes espaços de lazer para os aracajuanos e visitantes da cidade. O Parque dos Cajueiros é considerado um patrimônio turístico e ambiental dos sergipanos; já o calçadão da 13 de Julho  é um espaço com pistas para caminhada, ciclismo, esportes e lazer que propiciam uma ambiência mais saudável para a população de Aracaju.

Parque dos Cajueiros, Calçadão 13 de Julho-Atalaia Velha, Ciclovia,  preservação ambiental, lazer e turismo

 

No Governo de Valadares ocorreu a construção da 2ª parte de infraestrutura do Porto de Sergipe, que é de fato o único terminal portuário do Estado e fica localizado no município Barra dos Coqueiros, cuja denominação é Terminal Marítimo Inácio Barbosa; com a 2ª parte da construção da infraestrutura do Porto foi possível ampliar a movimentação de cargas com a estrutura que existe hoje (granéis sólidos, granéis líquidos, grãos e operação offshore que serve para suportar as embarcações de apoio às plataformas de petróleo que ficam próximas de nossa costa marítima.

Porto de Sergipe, obra da Petrobras. A participação do governo de ACV junto a Sarney: projeto de duplicação da ponte de acesso , para embarque e desembarque de navios de passageiros. Antes, só havia uma ponte para navios de carga.

No próximo artigo irei continuar a abordagem do legado de Antonio Carlos Valadares.

a) Saumíneo da Silva Nascimento

Economista

Exerceu os seguintes cargos: Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Presidente do Banese (no governo de Marcelo Déda). Diretor da Sudene e Superintendente do BNB (Governo Lula).

Atualmente é Conselheiro do BNB e Vice-presidente de Relações Institucionais da Unit. 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saumíneo escreve: O Legado Econômico de Marcelo Déda – Parte 1

Marcelo Déda Chegas reforçou a tradição do município de Simão Dias de ser terra de nascimento de Governadores. Além de Marcelo Déda foram Governadores de Sergipe também nascidos em Simão Dias: Sebastião Celso de Carvalho (Governador de 1964 a 1967); Antônio Carlos Valadares (Governador de 1987 a 1991); e o atual Governador, Belivaldo Chagas.

 

Governador Marcelo Déda

 

O Governador Marcelo Déda Chagas foi mandatário de Sergipe por duas vezes e construiu um relevante legado de obras estruturantes, algumas delas serão apresentadas nos dois ensaios que apresentarei. Antes de ser Governador de Sergipe, Marcelo Déda foi: Deputado Estadual por Sergipe (um mandato), Deputado Federal (dois mandatos consecutivos), e Prefeito de Aracaju (dois mandatos consecutivos). Ele foi um Governador que faleceu no exercício do seu mandato, com apenas 53 anos e causou grande comoção popular.

A formação em Direito de Marcelo Déda, é também a formação da maioria dos Governadores de Sergipe da chamada Nova República, também são formados em Direito os Governadores: Antônio Carlos Valadares, Albano do Prado Pimentel Franco, Jackson Barreto de Lima e o atual Governador, Belivaldo Chagas Silva. Dos Governadores da Nova República em Sergipe, apenas João Alves Filho (formado em Engenharia Civil), não era formado em Direito. Esta formação em Direito tinha um olhar especial para as questões sociais da sociedade sergipana, especialmente em quesitos de Direitos Humanos.

No setor rural, o Governador Marcelo Déda sempre reiterava a importância estratégica da agricultura e da pecuária em seu governo, por isso que viabilizou ações que resultaram no aumento da produção de grãos e leite, bem como o assentamento de milhares de famílias, com assistência técnica e acesso direto a crédito que consolidaram a agricultura familiar em Sergipe. Este fortalecimento da agricultura familiar envolvia ações para além da Secretaria da Agricultura do Estado, mas também outras pastas, a exemplo da Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social, que na época (2011), conduzida pela 1ª Dama, Eliane Aquino, criou a Feira da Agricultura Familiar que visava a dinamização da comercialização dos próprios produtores, criando uma estrutura, com assistência técnica e orientação, que estimulou, inclusive, a produção orgânica, o que facilitou o desenvolvimento das ações do Programa Nacional da Alimentação Escolar, adquirindo a produção da agricultura familiar para a merenda escolar.

No quesito pecuário, o Governador Marcelo Déda, sempre buscou estimular os produtores, e trabalhava um conceito denominado de ExpoSergipe, dinamizando as atividades, estimulando o comércio e os negócios da pecuária sergipana, tanto a pecuária tradicional de gado leiteiro e de corte, como também a ovinocultura. Além disso, foram desenvolvidas ações que contribuíram para o melhoramento genético dos animais criados em Sergipe. Ainda no incentivo à pecuária sergipana, tem-se o projeto “Balde Cheio”, que foi iniciado no perímetro irrigado Jabiberi, administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro) no município de Tobias Barreto, que desenvolveu ações de incentivo à pecuária leiteira e isto resultou na duplicação da produção de leite do perímetro Jabiberi no primeiro ano de desenvolvimento do projeto. O projeto Balde Cheio tinha como propósito transferir tecnologias para o desenvolvimento da pecuária leiteira em propriedades familiares, ensinando os produtores a gerenciar melhor seu negócio e aumentando a lucratividade em seu lotes, o que resultou no fortalecimento da bacia leiteira de Sergipe.

No setor industrial o Governador Marcelo Déda realizou um esforço de decentralizar o desenvolvimento industrial sergipano, que sempre foi muito concentrado na Região Metropolitana de Aracaju. Foram atraídas muitas indústrias para o Estado de Sergipe, bem como buscou-se incentivar a ampliação da capacidade instalada das indústrias já existentes no estado, isto através do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial – PSDI que envolveu mais de uma centena de empresas. Este legado propiciou a geração de mais de 10 mil novos empregos em Sergipe. Isto por conta de que a atração das indústrias para Sergipe envolveu além de grandes grupos empresariais, pequenos empresários industriais que pretendiam desenvolver uma unidade produtiva. Assim, diferentes segmentos industriais aportaram e foram implantados em Sergipe (setor alimentício, setor de auto peças, setor de brinquedos, setor calçadista, setor mineral, setor sucroalcooleiro, setor têxtil, etc.).

O Governador Marcelo Déda dava muita importância para os empreendimentos que chegavam em Sergipe, por conta disso, sempre foi presente em reunião técnicas e até mesmo lançamentos. E por coincidência, um de seus últimos atos públicos como Governador foi o lançamento da pedra fundamental da fábrica da Yazaki (indústria de componentes automotivos) em Nossa Senhora do Socorro em março de 2013, naquela ocasião o Governador Marcelo Déda fez um discurso emocionado, pois já sofria da doença que o acometia e destaco, do seu discurso, a seguinte fala: “ Me orgulho em ter contribuído para escrever um novo capítulo na história do desenvolvimento sergipano, sobretudo no processo de interiorização que tem proporcionado a geração de milhares de empregos no interior. Não sei o que Deus reservou no seu calendário para mim, mas tenho certeza de que dediquei toda a vida para escrever um novo capítulo da história de Sergipe, ao lado o meu povo”.

Mas no quesito de desenvolvimento econômico de Sergipe, o Governador Marcelo Déda buscou ampliar o escopo setorial e deixou um importante legado que foi a Lei no 7.522, de 27 de dezembro de 2012. Esta Lei autorizou a modificação na finalidade e na denominação da Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe – CODISE, para Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe – CODISE, isto na prática resultou na ampliação do objetivo social da Companhia passando a incentivar além da indústria, o setor de comércio e serviços.

No próximo ensaio abordaremos outros legados econômicos do Governador Marcelo Déda, especialmente, as obras de infraestrutura, meio ambiente, desenvolvimento social, legados na Prefeitura de Aracaju e como parlamentar.

Saumíneo da Silva Nascimento

Economista

 

 

 

 

 

 

 

 

“Em se plantando tudo dá”, uvas no Sertão

A expressão “em se plantando tudo dá”, remete à Carta escrita em 1º de maio de 1500 por Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel, contando sobre a nova terra, a descoberta do Brasil.

A carta indicava  que a terra era fértil e dadivosa.

O Rio São Francisco, doando as suas águas generosas para os perímetros irrigados, possibilitou a abertura de um mercado pujante na economia rural de produção de frutíferas em Pernambuco e na Bahia.

Em Sergipe existem alguns perímetros irrigados, como Califórnia, Curituba-Capim Grosso, Propriá, Betume,  que sobrevivem graças às águas do Velho Chico. 

Sergipe tem todas as condições de entrar nesse mercado, e competir com a produção de uvas, e outras frutas,  a exemplo do caqui e umbu.

Apesar das secas que se abatem sobre Canindé e Poço Redondo, no Estado de Sergipe, a Embrapa de Petrolina (PE), – com a execução de emendas impositivas durante vários anos em que fui senador- acreditou no que disse o escriba oficial do Descobrimento do Brasil, pesquisou, aplicou e descobriu uma área excepcional de produção de uvas no território sergipano.

O produção de vinho, como reflexo de sua cadeia produtiva, poderá tornar-se um fator de desenvolvimento regional. Ficou comprovado que o plantio é exitoso, gera emprego e renda para o produtor que se dedica ao plantio da uva na região.

Em função do apoio dado à Embrapa, utilizando-me de emendas individuais (recursos federais), durante vários anos, foi possível melhorar através de pesquisas a produtividade do milho e impulsionar a sua cadeia produtiva, em municípios como Simão Dias, Carira, Frei Paulo, Pinhão, Pedra Mole, e outros tantos.

Multiplicaram-se os municípios sergipanos interessados na cultura do milho, os quais passaram a ter este produto, pelo sucesso dos experimentos a cargo da Embrapa, como a principal atividade no campo a contribuir para a alavancagem do desenvolvimento agrícola, e a geração de milhares de postos de trabalho. 

A qualidade do milho – que inclusive se estendeu fortemente para o Estado da Bahia (1º produtor regional), e para várias regiões de Sergipe (2º produtor regional) -, serviu para uma disputa concorrencial saudável com estados do sul-sudeste que se dedicam a essa produção agrícola. 

 

Acompanhe a reportagem a seguir do técnico da Embrapa Guy, testemunhando a sua experiência em Sergipe na produção de uvas. Essas uvas tanto podem ser aproveitadas in natura como na produção de vinhos. E já está acontecendo. 

 

  1. https://www.sosergipe.com.br/sergipe-tem-potencial-para-producao-de-uvas-vinicolas/

Projeto para um Novo Brasil Rural

Depois de aprovado pelo Senado, Comissão da Câmara aprova mais um projeto de minha autoria que estabelece uma nova política de desenvolvimento para o Brasil Rural. Leia a seguir detalhes da propositura: 

COMISSÃO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL E DA AMAZÔNIA
PROJETO DE LEI No 6.904, DE 2017
I – RELATÓRIO
Institui a Política de Desenvolvimento do Brasil Rural (PDBR).
Autor: SENADO FEDERAL – ANTONIO CARLOS VALADARES
Relator: Deputado SANDERSON

“O Projeto de Lei no 6.904, de 2017, de autoria do Senador Antonio Carlos Valadares Silva, institui a Política de Desenvolvimento do Brasil Rural (PDBR), com o objetivo de orientar a ação do poder público para o desenvolvimento sustentável dos territórios rurais do País e a realização da dignidade de todos.

Conforme explicitado na proposição, os territórios rurais são considerados espaços socialmente construídos, dinâmicos e mutáveis, onde se desenvolvem, simultaneamente, a produção agropecuária e não agropecuária, as relações com a natureza e os modos de vida, de organização social e produção cultural.

A proposta prioriza os territórios rurais com densidade populacional inferior a oitenta habitantes por quilômetro quadrado e população média municipal inferior a cinquenta mil habitantes, bem como aqueles com menor índice de desenvolvimento humano e educacional, menor dinamismo econômico, e com maior concentração de agricultores familiares, quilombolas, indígenas e assentados da reforma agrária.

 

A PDBR considera as dimensões econômicas, sociais, culturais e ambientais do território rural e sua população, visando promover e acelerar a superação da pobreza e das desigualdades sociais nos territórios rurais.

O PL no 6.904/2017 é originário do Senado Federal, portanto já foi apreciado pelas comissões de mérito e de Constituição e Justiça daquela Casa.

Na Câmara dos Deputados, a matéria tramita em regime ordinário (RICD, art. 151, III) e é de competência conclusiva das Comissões (RICD, art. 24, II). Foi distribuída às Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS); Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA); Agricultura, Pecuária, Abastecimento e desenvolvimento Rural (CAPADR) e Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD).

A proposição foi aprovada por unanimidade na CMADS em 31/10/2017, com Parecer apresentado pelo Deputado Zé Silva.
No prazo regimental, nesta Comissão, foi recebida emenda no 1/2017 CINDRA, de autoria do Deputado Silas Câmara, que objetiva substituir o termo “gênero” pelo termo “sexo” na redação de dois dispositivos da proposição.
É o relatório.

II – VOTO DO RELATOR

Em homenagem ao princípio da economia processual e da celeridade do processo legislativo, tomamos a liberdade de aproveitar o parecer anterior, adaptando-o em alguns trechos, porém mantendo a essência e o voto, com o qual concordamos.

A proposição em apreço é de mérito inquestionável, dado o relevante papel que a produção rural desempenha na economia e na sociedade brasileira, como alvo estratégico para as ações de fortalecimento e valorização do campo, representando uma orientação programática importante para as ações do Estado direcionadas ao setor rural.

Conforme brilhantemente explicitado pelo professor Jorge Shneider, a implementação de programas e ações de desenvolvimento territorial rural são “capazes de produzir transformações produtivas e institucionais simultaneamente, ampliar o conceito de rural para além da agricultura e valorizar a heterogeneidade dos territórios, bem como sua capacidade endógena de desenvolver capacitações e iniciativas assentadas na sua identidade socialmente legitimada.”

Ao priorizar os territórios rurais com densidade populacional inferior a oitenta habitantes por quilômetro quadrado e população média municipal inferior a cinquenta mil habitantes, bem como aqueles com menor índice de desenvolvimento humano e educacional, e com maior concentração de agricultores familiares, quilombolas, indígenas e assentados da reforma agrária, a Política de Desenvolvimento do Brasil Rural possibilita que as regiões mais necessitadas passem a ter acesso facilitado às políticas públicas sociais, produtivas e culturais.

No que concerne à Emenda no 1/2017 CINDRA, entendemos que o uso do termo “gênero”, proposto no projeto original, ainda é alvo de constante debate a respeito da sua abrangência e aplicabilidade. Por esse motivo, somos favoráveis à emenda apresentada, que ao substituir o termo “gênero” por “sexo”, objetiva a efetiva proteção à mulher no âmbito das políticas territoriais, com a garantia de que o seu significado não seja desvirtuado por discussões político-ideológicas.

Diante do exposto, somos pela APROVAÇÃO do Projeto de Lei no 6.904, de 2017, e da Emenda no 1/2017 apresentada nesta Comissão.
Sala da Comissão, em de de 2019.
Deputado SANDERSON Relator”
1 SHNEIDER, J. “A abordagem territorial do desenvolvimento rural e suas articulações externas”. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/soc/n11/n11a06 

RETALHOS DA POLÍTICA – CAMPO VERDE

CAMPO VERDE E LUZ NO CAMPO – ENERGIA, ESTRADAS, COMBATE ÀS SECAS

No governo, criei os projetos Campo Verde e Luz no Campo,  programas de  estímulo à economia agrícola. Foram construídas redes de distribuição de energia elétrica (1.000 km), construção de cisternas (8.000), abertura de poços artesianos (10.000), pavimentação de rodovias cortando o Sertão e o Agreste (1.000 km).

Em pleno século XX, em muitos lugares de Sergipe, principalmente no Sertão, para enfrentar a escuridão, ainda persistia o uso do candeeiro.

Acabei com esse atraso, melhorando a qualidade de vida de nossa gente, espalhando redes de distribuição de energia elétrica por todo o Estado, e fazendo a instalação de luz nas pequenas moradias de pessoas de baixa renda. 

O governo de Fernando Henrique Cardoso copiou o nome do nosso programa de eletrificação rural, criando um outro que recebeu a denominação de Luz no Campo … Eu já estava no Senado, na bancada de oposição,  mas fiz questão de enaltecer a iniciativa. 

A cidade de Estância, no interior, tinha uma tradição industrial que precisava ser fortalecida e apoiada. Implantamos o serviço tubular, saindo de Aracaju, para o transporte de gás natural até as áreas industriais daquela importante cidade, fomentando o surgimento de novas empresas e ajudando a aumentar os postos de trabalho

A cidade da Barra dos Coqueiros e os seus povoados tinham um sistema precário de fornecimento de energia elétrica, proveniente de um cabo submarino que atravessava o rio Sergipe. Em pleno carnaval, o sistema entrou em colapso no ano de 1990. Acionei a Energipe, a nossa empresa concessionária de energia elétrica, naquela época ainda uma estatal, e, em menos de 24 horas foi restabelecido o fornecimento de luz na cidade, através de uma nova rede emergencial, por terra, vindo das imediações do Terminal Portuário de Sergipe. 

AGRICULTURA, PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E PRODUÇÃO

Visando o fomento da agricultura e contribuir para levar a paz ao campo, praticamente acabando com os conflitos pela posse da terra, determinei à Secretaria da Agricultura fazer a compra de terras, que foram divididas em lotes e distribuídas a pequenos agricultores. 

Dentro desse programa mais de 100 mil hectares foram comprados pela Secretaria da Agricultura. Uma verdadeira Reforma Agrária foi feita no Estado usando a estratégia da negociação direta com os fazendeiros, pagando-lhes um preço  justo. 

Para dar suporte ao surgimento de novas tecnologias de produção, e incrementar a produtividade da agricultura sergipana, criamos a Empease (Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária), a qual, possuía campos experimentais em diversos municípios, a exemplo de Boquim, Umbaúba, Lagarto e Canindé de São Francisco.

Encarávamos o grande desafio de disseminar, com qualidade e proteção sanitária, a cultura da laranja e outras plantas que pudessem se adaptar a cada região.

Tínhamos a preocupação em proteger a citricultura, que tinha uma grande fatia na economia estadual, contribuindo com o dinamismo então reinante para uma participação muito significativa da arrecadação do ICMS em nosso Estado.

Tínhamos consciência de que a citricultura era uma grande fonte de geração de emprego e renda.

O mais importante do ponto de vista da distribuição espacial era que a produção de citros emergia em pequenas propriedades de menos de 10 hectares, facilitando uma distribuição mais justa da propriedade rural sem conflitos. 

As primeiras fábricas de sucos de laranja já começavam a surgir, aumentando a demanda.

A cultura da laranja expandia-se em vários municípios, tendo como centro Boquim. Sergipe dispunha de uma posição de destaque no Brasil, quanto à produção citrícola, rivalizando-se com São Paulo e Bahia na disputa entre os primeiros lugares na oferta de laranja.

Chegamos a ser o primeiro produtor de laranja do Nordeste e o segundo produtor nacional. 

Os pomares ficavam localizados, e ainda hoje predominam no Sul do Estado, na região dos Tabuleiros Costeiros, formando um verdadeiro cinturão agrícola, compreendendo os municípios de Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itaporanga d´Ajuda, Itabaianinha, Lagarto, Pedrinhas, Riachão do Dantas, Salgado, Tomar do Geru, Umbaúba e Santa Luzia do Itanhy. 

A Emater-SE,  uma empresa da Secretaria da Agricultura, acompanhava toda a produção, dando assistência técnica. Existia, ainda, a Comase, uma empresa do Estado que alugava tratores; vendia sementes, e insumos agrícolas como adubos e fertilizantes.

Essa estrutura que possuíamos no Estado dava uma grande cobertura ao fomento das atividades agrícolas, havia uma integração importante entre o setor produtivo e o Estado. 

Aos poucos aquela estrutura  foi sendo eliminada, em nome da doutrina liberal do Estado Mínimo que passou a predominar entre os gestores públicos.

Infelizmente, devido a vários fatores, a nossa produção de laranja teve uma queda substancial, sendo um deles a incidência de uma praga chamada de mosca negra. 

Em 2015/2016 houve uma perda de 80% da produção causada pela mosca negra.

A citricultura chegou à gerar 100 mil empregos, com uma área plantada de 55 mil ha . Perdemos cerca de 50% da área e dos postos de trabalho, com uma redução drástica da nossa protutividade

Hoje Sergipe é o quarto produtor de Laranja do Brasil. 

A Festa da Laranja realizada todos os anos em Boquim era um acontecimento de grande repercussão e beleza, atraindo pessoas de vários Estados do Brasil. 

APOIO AOS PEQUENOS AGRICULTORES

Implantamos o programa de regularização fundiária, onde pelo menos 30.000 agricultores foram beneficiados com a entrega do título de suas propriedades rurais (escritura pública com registro no Cartório).

Essa intervenção benéfica do Estado efetivada no campo, abriu as portas do financiamento bancário para os agricultores. Na época, pelas taxas de juros praticadas, o financiamento rural se constituía em um grande atrativo para o aumento da produção e melhoria da produtividade.

Em parceria com o Banco do Brasil, levamos a comunidades da zona rural, através do FUNDESC (Fundo de Desenvolvimento Comunitário), empreendimentos para mini produtores, objetivando a geração de emprego e renda, como casas de farinha, fábricas de doce, apoio ao artesanato (cerâmica, bordado e confecção), aquisição de máquinas e implementos agrícolas que eram transferidos para as associações de produtores.

Com o apoio do BB construímos ainda escolas, centros comunitários, postos de saúde, sistemas de abastecimento d’água, eletrificação rural e postos telefônicos. O Estado de Sergipe alcançou dentre todos os Estados do Brasil o melhor desempenho na aplicação dos recursos provenientes desse programa.

Durante as secas, no período em que governei o Estado, não se registrou um só caso de desespero das populações flageladas, , saqueando caminhões de mercadorias ou ameaças de invasão de supermercados, de propriedades rurais ou de órgãos públicos – como era comum no Nordeste.

Esses possíveis eventos aqui passaram ao largo pela assistência que acontecia de imediato com a interveniência dos órgãos do governo, abrindo frentes de trabalho, cujo pagamento era feito sem atraso, além da  distribuição gratuita de cestas de alimentos e de água.

As obras que eram realizadas em todo o Estado, notadamente com o nosso programa habitacional, serviam para amenizar o problema do desemprego.

A pecuária tinha um grande incentivo, não só apoiando as exposições, também, facilitando o crédito rural através do Banese, e distribuindo matrizes para a produção leiteira (vacas e cabras) aos pequenos produtores.

Nota:  A elaboração de uma grande parte do conteúdo das postagens sobre obras e serviços  saiu de memória.  Seria impossível me lembrar de tudo,  uma vez que já decorreram mais de 25 anos desde que terminou o meu mandato de governador.

ACV 

 

 

 

O VELHO CHICO AQUI PERTINHO, NÃO DEIXEM MORRER O SONHO DO CANAL DE XINGÓ!

Por que então, aos sertanejos de Sergipe e da Bahia, que moram tão perto do rio, na condição de habitantes de Estados doadores, lhes  seja postergado o início das obras do Canal de Xingó, uma ínfima transposição do São Francisco, sem morros e serras a transpor, e as águas chegando às populações apenas por gravidade?

As secas são o maior flagelo em nosso Estado, fenômeno que se espraia pelo semiárido nordestino, reduzindo a capacidade produtiva da agropecuária a zero, dizimando o nosso rebanho, fragilizando a indústria leiteira,  que gera milhares de empregos, tudo regredindo na estiagem, provocando o desespero e a fome, por falta d’agua no Sertão. 

Alagoas começou com recursos próprios a construção do chamado Canal Alagoano, concluindo o seu percurso principal com recursos federais oriundos de emendas de bancada.

Obras estruturantes servem para expulsar a pobreza e promover o desenvolvimento. Elas fortalecem a economia, criam oportunidades de emprego, numa palavra, geram riqueza. Vivemos em pleno século XXI, a era da informática e da inovação tecnológica, e o Sertão ainda tem o retrato do atraso e da pobreza extrema. Essa região, se for bem cuidada, preparando-a com ações de caráter permanente, torna-se-á um celeiro agroindustrial, com capacidade para suprir as suas necessidades, entrar na concorrência das exportações, ofertando divisas ao nosso Estado, e ajudando a aumentar arrecadação para cobrir despesas correntes e investimentos do Estado e dos Municípios.

Infelizmente, a corrente de esperança que movia a construção do Canal de Xingó desapareceu por completo do nosso debate em torno das grandes saídas para o desenvolvimento sergipano. Perde-se tempo com a estratégia modesta, sem visão de futuro, quando se levam ao governo central, seja pelo governo, ou por nossa representação parlamentar, reivindicações para resolver problemas do dia a dia, ou para salvar do colapso uma gestão, sem pensar nas futuras gerações. De que adianta uma BR duplicada se não temos produção?  O território sergipano servirá  apenas de passagem de mercadorias que vêm de outros Estados.

A verdade é que penetrou no nosso meio político uma descrença total em discutir alternativas estruturantes, em saídas duradouras ou permanentes que ataquem de vez o problema do nosso crônico subdesenvolvimento. Não nos apeguemos ao ceticismo que só nos distancia do futuro, e só cuidando do trivial,  das coisas comuns, sem nos dedicarmos com o fazer hoje para construir o amanhã.         

TROCAR O CARRO PIPA PELA PRODUÇÃO                                                                                                                                                                              

Se queremos ser grandes, temos que perseverar naquilo que pode transformar a natureza em nosso próprio benefício. O rio São Francisco aí está, bem pertinho de nós, um tanto enfraquecido pela mão do homem, mas ainda capaz de transpor as suas águas dadivosas para Estados que estão a milhares de quilômetros de suas margens, através do projeto de transposição totalmente executado com recursos da União.

Continuo a defender, com fé e esperança, a execução das obras do Canal de Xingó como a alternativa mais consistente, para solucionar em caráter permanente, a crise hídrica que se eterniza no Alto Sertão, com reflexos altamente prejudiciais à economia sergipana.

A contratação de caminhões pipas pelos municípios em situação de emergência, além de ser considerado um simples paliativo, tem o condão de colocar o sertanejo totalmente dependente da autoridade doadora, durante o período das secas, fato que representa uma humilhação que se repete a cada período de crise.

Em outros tempos não muito longínquos, a distribuição de água potável e alimentos para o Sertão terminou gerando a chamada “indústria das secas”, pela exploração indecorosa e desumana de autoridades que enriqueciam às custas da miséria dos flagelados, e ainda ganhavam votos para se elegerem ou venderem o prestígio assim obtido para potentados da política. E o pior, é que, essa política de socorro aos flagelados, ainda está na ordem do dia e na estratégia dos que lutam para manter-se no poder.

A crise hídrica tende a piorar com o tempo, pelas mudanças climáticas, e, ainda, em virtude do crescimento demográfico e demandas da cadeia produtiva do leite, a qual, tendo como polo o município de Nossa Senhora da Glória, se estende por todo o território sergipano, influenciando a queda ou a ascensão de nossa já depauperada economia, a depender da execução inadiável de obras estruturantes, a exemplo do Canal de Xingó.

Além de se preocupar com a construção de sistemas de abastecimentos singelos, como cisternas , abertura de poços artesianos, aguadas e pequenas barragens para “segurar” a água por um tempo razoável, o governo do Estado tem que colocar entre suas metas prioritárias, em parceria com o governo federal – contando com a participação do vizinho Estado da Bahia -, o Canal de Xingó.

A nossa bancada federal terá um grande papel no desenvolvimento do projeto Xingó.

Esse canal, obra estruturante de grande repercussão econômica e social, construído, será o marco definitivo para o abastecimento d’água da região, pois, irá atender, quando pronto, às populações mal servidas do precioso líquido, promoverá a  dessedentação animal (evitando que o gado seja dizimado durante as estiagens prolongadas), bem como atenderá à crescente indústria leiteira regional.

Para tanto, teremos que ter as bancadas federais de Sergipe e da Bahia unidas,  com a força dos dois governadores eleitos. Só assim poderemos sensibilizar as autoridades do poder executivo da União, fazendo-as acreditar  na viabilidade do Canal de Xingó para salvar os sertanejos da sede e da destruição econômica. A Codevasf trabalhou o quanto pôde para elaborar todos os projetos que mostram, seguramente, que o Canal de Xingó será a obra redentora para alavancagem do desenvolvimento regional. 

Somos doadores das águas do Velho Chico para outros Estados do Nordeste com as obras da transposição já concluídas. Os eixos leste e norte da transposição do Rio São Francisco, durante o seu trajeto, exigiram obras de engenharia custosas e de alta complexidade, com estações elevatórias e a implantação de um sistema de bombas de alta potência para transportar a água até as áreas previstas no projeto.

O governo da União foi capaz de tornar realidade a transposição das águas do Rio São Francisco para lugares tão distantes, vencendo serras e morros, para resolver a questão dos recursos hídricos de outros irmãos nordestinos.

Por que então, aos sertanejos de Sergipe e da Bahia, que moram tão perto do rio, na condição de habitantes de Estados doadores, lhes  seja postergado o início das obras do Canal de Xingó, uma ínfima transposição do São Francisco, sem morros e serras a transpor, e as águas chegando às populações apenas por gravidade?

Nesta luta não há lugar para pessimismos. Exigimos apenas aquilo que temos direito. Se lutarmos juntos, Sergipe e Bahia, vamos conseguir!

ACV

RETALHOS DA POLÍTICA – MULUNGU

PEDRO VALADARES, O PLANTADOR DE ALGODÃO 

“SEU” PEDRINHO, COMO ERA CHAMADO

Todos conheciam o meu pai em Simão Dias como “Seu” Pedrinho. Antes de falar sobre a sua atividade política, que foi intensa e vitoriosa, vou recordar alguns episódios de sua vida como homem do campo e pequeno empresário.

Durante toda a sua vida dedicou-se de corpo e alma ao plantio do algodão, tornando-se o maior produtor regional da fibra.

Na época em que a agricultura tinha realmente o incentivo direto do governo federal, através do Fomento Agrícola, as terras da fazenda “Mulungu”, de propriedade do meu pai eram utilizadas em grande parte para o plantio do algodão.

No começo havia um pequeno criatório de gado leiteiro. Com o tempo misturou tudo, gado para abate, produção de leite, e roça de algodão. A fazenda, cortada pelo rio Jacaré em toda a sua extensão, ficava bem perto do povoado Pau de Leite e possuía uma área de aproximadamente 2.000 tarefas. 

Ainda muito jovem, eu torcia para chegar o inverno, pois era a época em que me reencontrava com aquilo que mais me deixava impressionado: os famosos tratores de esteira caterpillar do Fomento Agrícola, máquinas possantes e barulhentas que, em pleno inverno, vencendo atoleiros, rasgando a terra, preparava-a para o plantio.

Tabaréus da mata de Simão Dias, admiradores da destreza da nossa vaqueirama no trato de cavalos e bois, ficávamos boquiabertos com os tratoristas vindos da Capital, com a sua habilidade para manejar a máquina, a sua coragem para fazer a bicha subir em serras, atravessar atoleiros e desmanchar obstáculos.  

Depois de passar pelo processo de aração e gradagem a terra estava pronta para a semeadura, que era feita em covas ou escavações dispostas de forma retilínea, e em paralelo. 

A mão de obra local, constituída por homens e mulheres, fazia a equipe dos plantadores de algodão. Para se protegerem do sol, todos usavam na cabeça enormes chapéus de palha. Era gente alegre e comunicativa, que participava todos os anos das festas juninas organizadas por meu pai, degustando canjica, milho verde e pamonha feitos por minha mãe, D. Caçula, não faltando o forró, animado por uma estrepitosa e bem afinada sanfona. 

Durante a fase de crescimento da planta havia a limpeza do terreno que ficava infestado de mato. Nos corredores que se formavam entre as fileiras do herbáceo, vinham os cultivadores puxados a burro removendo a terra e desbastando o mato. A limpeza das raízes era tarefa executada por camponeses da localidade, os quais arrancavam as ervas daninhas que podiam prejudicar a plantação. Ainda havia o trato da roça com a aplicação de defensivos agrícolas.  

Meu pai, pela boa convivência que mantinha com os seus trabalhadores, era sempre convidado pela maioria deles para ser compadre. 

Guardo ainda hoje a imagem belíssima do algodoeiro, por ocasião da colheita: o verde das folhas mesclado com a alvura dos frutos que, amadurecidos, brotavam de suas cápsulas, naquela imensidão de fileiras de arbustos formando um quadro de beleza indescritível.  

O meu pai que tanto se esforçara, trabalhando de sol a sol, ao avistar aquele espetáculo que ele ajudara a construir, chegava a se emocionar, sem esquecer de agradecer a Deus pela safra que obtivera, opulenta e dadivosa. 

Plantar algodão naqueles tempos dava muito trabalho, e era uma cultura de risco, pois o retorno do investimento dependia muito das condições meteorológicas e das pragas. O algodoeiro exige chuva, mas não pode ser em excesso, caso contrário a produção sairá prejudicada. Quando as chuvas eram regulares, valia a pena, principalmente para meu pai que adquiriu na cidade uma fábrica de beneficiamento de algodão movida a vapor, que aproveitava a produção da fazenda “Mulungu”, agregando mais renda, e gerando emprego. 

 

UVA NO SERTÃO

JÁ É UMA REALIDADE

  • Emendas individuais de minha autoria, como senador, possibilitaram a pesquisa e a produção de uvas no Sertão.

  • Com o objetivo de agregar valores, kits de produção de sucos  adquiridos com esses recursos federais,  serão entregues aos produtores nesses próximos dias. Eles vão passar a vender suco in natura, e fazendo jus ao seu trabalho, aumentando a renda e gerando mais emprego na região. 

  • Em 2019, apresentei emenda individual, aprovada pelo Congresso, destinada à cultura do umbu, visando recuperar essa espécie nativa em vias de extinção, além de contribuir para assegurar renda ao agricultor, e de contribuir para a revitalização da bacia do Rio São Francisco, com o seu revestimento florestal.

A Secom/Cohidro destaca em matéria publicada no seu site a evolução da produção de uva nos perímetros irrigados de Canindé de São Francisco e Poço Redondo, no Estado de Sergipe.

Quatro colheitas já foram feitas por produtores previamente selecionados. Com a assistência técnica da Embrapa Semiárido localizada em Petrolina (PE), de posse de todos os insumos e materiais fornecidos gratuitamente, os irrigantes tinham a missão de mostrar em campo e na prática, que a produção de uvas seria viável no Alto Sertão.

Passados dois anos de intenso trabalho de  acompanhamento permanente por parte da Embrapa, verificou-se que, nesse período, foram feitas quatro colheitas da uva isabel, muito utilizada para consumo in natura e produção de sucos.

Conforme atesta a Cohidro, nesta fase de pesquisa e observação, os produtores rurais receberam da Embrapa todo o material para o desenvolvimento  dos campos, como sistemas de irrigação por gotejamento, mudas, e insumos necessários para o crescimento das plantas, bem como assistência técnica.

A próxima etapa, será a entrega aos agricultores de kits de máquinas de produção de sucos, também adquiridos com recursos públicos federais oriundos de minhas emendas individuais.

Todo o trabalho de assistência técnica foi realizado pelo engenheiro agrônomo Paulo Roberto (Embrapa, Petrolina-PE), com a participação voluntária do ex-secretário de estado da agricultura Paulo Viana, o qual, fez ao meu lado, várias visitas aos campos de produção de  uvas  em Petrolina e aos perímetros irrigados de Canindé e Poço Redondo.

Esse projeto de plantio de uvas está sendo ampliado com a uva sem semente da variedade vitória.

Nota:  produtor Levi Ribeiro, conhecido como Sidrack. Foto: Fernando Augusto. Veja a seguir matéria da Secom/Cohidro: https://cohidro.se.gov.br/?p=14333