LUTO NA CLASSE EMPRESARIAL E EM TODO O ESTADO DE SERGIPE
Recebi com muita tristeza a notícia do suicídio do empresário Sadi Paulo Castiel Gitz. Tratava-se de um homem dedicado ao trabalho e à sua família. Montou uma empresa de cerâmica em Socorro que era o orgulho de sua vida como empresário. Pelo menos 600 empregados e suas famílias dependiam de sua empresa para sobreviver. A sua unidade industrial, para funcionar, tinha o gás natural como seu principal insumo, junto com a argila, matéria prima de seus produtos de cerâmica, que se rivalizavam com os melhores do Brasil. Foi obrigado a fechá-la porque o gás, que antes chegava sem problemas para movimentar os fornos, deixou de ser fornecido pela Sergas, uma empresa do governo do Estado.
Foi um ato impactante e inesperado, demonstrativo da revolta de um homem que se sentiu talvez impotente para resolver uma situação para ele insuperável, apesar de ter sido dotado de um espírito visionário que não se entregava facilmente ao desânimo.
Atentar contra a sua própria vida num Seminário prestigiado pelas presenças de um ministro de Estado, governador e centenas de colegas seus, empresários, foi um ato consumado para escancarar grandes problemas que se eternizam sem uma solução segura e definitiva em favor da luta de uma classe que é fator de progresso em qualquer país que se respeita. Pela maneira como o ato foi finalizado, é possível que o empresário no seu pensar tinha como objetivo chamar a atenção das autoridades para os grandes problemas atualmente enfrentados pela classe empresarial brasileira, especialmente a sergipana.
Longe de fraqueza. O empresário Sadi, escolheu imolar a sua vida, para colocar-se no lugar de milhares de empresários que muitas vezes são tratados com frieza ou indiferença diante das dificuldades que pesam sobre seus ombros. Ser investidor no Brasil nem sempre é um bom negócio. O risco é muito grande, o trabalho é insano para ter um pouco de lucro e gerar empregos.
Neste momento de dor não vale a pena aprofundar esse caso que enluta o nosso já sofrido Sergipe, nem fazer qualquer análise das circunstâncias em que se deu o fechamento da empresa, nem apontar culpados, ou falar sobre falta de diálogo para manter a todo custo a Escurial funcionando, garantindo empregos neste momento de depressão econômica em que vive Sergipe. As mentes de empresários e pessoas do povo, infelizmente, estão sendo invadidas pelo desespero e desesperança.
No entanto, temos consciência que mesmo diante das dificuldades ora enfrentadas pela classe empresarial de Sergipe, e pelo nosso povo, há de se encontrar um caminho que nos livre do pessimismo e da frustração. Esse é um momento em que todos nós que queremos o bem de Sergipe nos unamos em prol da causa comum
Os meus sentidos pêsames à família de Sadi. Que Deus misericordioso, com sua bondade infinita o acolha na paz celestial para um descanso merecido nas paragens da eternidade.
Nota: Infeliz, sob todos os aspectos, o comentário do governador Belivaldo Chagas em entrevista na TV, afirmando que o episódio do suicídio do empresário Sadi deveu-se a um “momento de fraqueza” e, com a maior frieza frente à comoção geral, completou dizendo “vida que segue”, como se fosse fácil para a família e amigos do falecido suportar essa dor com frase tão indiferente e conformista.
Leia nos widgests abaixo (rolando o seu celular), o artigo do professor Jorge Carvalho, Requiem a Sadi.
ACV