A mancha de óleo e a mancha política

Podemos dizer sem errar: a  eclosão das manchas de petróleo foi uma das maiores hecatombes contra as praias do Brasil, atingindo o maior patrimônio ecológico, paisagístico e turístico do Nordeste.


Afinal, de onde vieram essas manchas?

Ninguém sabe, nem mesmo a Marinha, conhecida e elogiada por sua disciplina e organização, a quem cabe, por atribuição constitucional, fiscalizar e defender a costa brasileira de qualquer invasão estrangeira pelo mar, inclusive do derrame de substâncias que possam causar quaisquer males à ecologia, seja na nossa plataforma continental, seja em nossas praias ou enseadas de nossos grandes rios.

Centenas de navios passam diariamente por mares brasileiros todos os dias, de forma inofensiva, sem provocar qualquer prejuízo por andam passam.

Por que, de uns dias para cá, navios suspeitos, fantasmas ou clandestinos, derramam óleo que chega sujando e destruindo o que há de mais belo nas praias do Nordeste?



Há algo estranho que  não foi descoberto. O óleo vem, suja as nossas praias, atinge o ecossistema dos mares, matando peixes e inviabilizando a pesca, e as nossas autoridades ficam a especular sobre a causa e não sabem como combater os seus efeitos.

Nesse diapasão, um ministro meio perdido, o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sem saber ao certo quem fez a sujeira, insinua que um navio da Greenpeace, famosa ONG  mundial que atua em defesa do meio ambiente, de ter despejado o temido e pegajoso óleo em nossas praias.

Despreparo, e falta de compromisso. Discursos bombásticos, medidas paliativas sem qualquer consequência imediata a médio, ou a longo prazo, para conter essa mancha, ou outra que no futuro apareça.

Prova disso é que o Plano de Contingência  a cargo do governo federal, que deveria estar preparado para catástrofes como essa, não foi acionado a tempo, como deveria.

Equipes de voluntários aparecem numa ação humana e solidária nas praias nordestinas, ocupando um espaço do poder público, e agem com presteza para evitar a contaminação e diminuir os impactos do derrame. O meio ambiente, a pesca e o turismo agradecem.

Mas, afinal, a quem reclamar sobre conduta tão omissa e irresponsável? 

Na eleição o povo é convencido pela propaganda enganosa, pela emoção e imediatismo, pelo embate ideológico infrutífero entre direita e esquerda. E, ainda por cima, empurrado pela atração do dinheiro fácil injetado nas eleições pelos contumazes compradores de votos.

Quando não é o óleo que escorre sobre as nossas praias é o dinheiro sujo que se esconde e só aparece na vitória de candidatos que se elegem apenas com base no cifrão, e, depois, se apresentam no parlamento na defesa de causas estranhas aos interesses da população.

Alguns têm empresas contratadas pelo Estado ou pelo Município, ganhando rios de dinheiro, gastam um pouco nas eleições para garantirem seus mandatos  e seus lucros, e, como sabem enganar, surgem na mídia como arautos da moralidade e “amigos” do povo.

Ouve-se quase sempre, e à boca  pequena, de pessoas que transitam nas hostes do poder e participaram da eleição, gabando-se que nos colégios eleitorais a mala preta apareceu disfarçadamente, o dinheiro jorrou como nunca  e a “generosidade” chegou a tempo para garantir os votos.

Se queremos limpar as nossas praias em situação de emergência, como a que estamos a assistir com horror e revolta, com o direito de cobrarmos pronta eficiência e maior apoio do poder político, seria de bom alvitre que a gente pudesse convencer o nosso eleitorado a promover, quando surgir nova eleição,  uma exemplar e voluntária limpeza na vida pública, utilizando-se de seu título de eleitor como instrumento para rechaçar a compra de votos, o populismo e a demagogia que tanto contribuem para os males sofridos pelos nordestinos e brasileiros de todos os quadrantes. 

Empreitada simples assim? Um tanto quanto difícil mas não impossível.  Acreditar não custa nada. “A fé remove montanhas”.

ACV