“Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência”. Santo Agostinho
O receio de uma explosão negativa de nossa economia cria desestímulo a quem começou a acreditar no Brasil e está agora quase desistindo. A nossa indústria parada, o desemprego é alarmante. A atmosfera é asfixiante. Os investidores ficam nervosos, ou permanecem de braços cruzados, especulando no mercado financeiro, ou resolvem procurar outros países com mais segurança política e estabilidade econômica.
Falas acima do tom geram a incerteza e o temor de que o Brasil não vai bem.
Com o dólar na casa dos R$ 4,10 e as sombrias perspectivas de um crescimento pífio do nosso PIB, da ordem de 1,24%, desencorajam a qualquer um, mesmo aos neófitos em economia.
Todavia, se em Brasília houvesse menos turbulência política, com certeza que o cenário seria muito mais favorável para quem observa o potencial de riqueza do nosso País e o tamanho de nossa população de mais de 200 milhões de habitantes, que gera um mercado consumidor invejável, como poucos, em todo o mundo.
No início da semana a temperatura em Brasília estava fervendo por conta das declarações estapafúrdias do presidente menosprezando a atividade política, colocando-a quase como uma atividade pecaminosa, que, por defeitos fisiológicos apontados por ele, estariam interferindo na governabilidade. O próprio presidente começou a pregar movimentos de protestos contra o Congresso na tentativa de destravar a pauta e fazer andar os seus projetos.
QUANDO SE ARTICULA ACONTECE
Bastou um pouco de articulação política e os projetos começaram a tramitar normalmente. A reforma da Previdência, que é tida pelo governo como tábua de salvação para resolver seus tormentosos problemas de caixa, já tem data marcada para ser votada nas comissões e no plenário da Câmara.
A classe empresarial brasileira, mesmo com as dificuldades típicas de um período desfavorável, que a obrigam a conter a expansão de seus negócios, limitando a oferta de empregos, espera que a confusão política no Distrito Federal, causada acima de tudo pela inabilidade do presidente que, apesar de sua longevidade parlamentar de 28 anos como deputado federal, parece que pouco ou quase nada aprendeu para se articular melhor com a classe política que ele abomina em suas tuitadas e tiradas populistas.
Em outros tempos de convulsão institucional e de nuvens pesadas que viveu o Brasil, com Jânio Quadros, Fernando Collor e Dilma Roussef, a sociedade pagou, e ainda faz a conta de suas perdas e danos, pela instabilidade que sobreveio em virtude das relações conflituosas com o Congresso.
Não queremos o retorno a períodos de conflagração política que colocou em perigo a nossa democracia e reduziu a nossa capacidade empreendedora de gerar empregos e superávites em nossa balança de comercial.
A PACIÊNCIA É BOA CONSELHEIRA
O presidente e a sua equipe precisam botar a cabeça para pensar, calçar as sandálias da humildade e compensar ou recuperar com paciência, trabalho e perseverança o tempo perdido.
Já se passaram quatro meses desde a posse de Bolsonaro sem nada de novo acontecer em seu governo. Pede-se, em primeiro lugar, paciência ao presidente para saber agir melhor e destravar a nossa depauperada economia.
Como nos ensina Santo Agostinho, “não há lugar para a sabedoria onde não há paciência”.