VUCO VUCO
ELEIÇÕES, REALIDADE E ILUSÃO
Nas campanhas políticas por este Brasil afora muitas coisas são ditas e prometidas pelos candidatos para impressionar eleitores e ganhar votos.
Para enfeitar o pavão, o marketing contratado a peso de ouro tem que ser competente para mostrar as virtudes e esconder os defeitos do candidato.
O marqueiteiro, geralmente, é uma pessoa fria na estratégia a seguir, contorcionista na arte da dissimulação e convincente ao apresentar seu produto, o candidato.
Tem que criar emoção em tudo que faz na telinha, no rádio e nas redes sociais em benefício do candidato. Tem que mostrar que o candidato é cuidadoso em economizar dinheiro público e que está preparado pra fazer tudo bem feito, e com devotamento, para atender ao sagrado direito do povo em ter uma educação, uma saúde ou uma segurança pública de qualidade, e tudo o mais que for necessário para romper a barreira da pobreza e dar tranquilidade à população.
O empresariado precisa ser convencido de que não haverá aumento da carga tributária, e que o serviço prestado ao governo ser-lhe-á recompensado com lucros e com pagamento em dia, sem atrasos ou procrastinações.
O candidato é um ser especial, que tem resposta para soluções intricadas, adquiriu experiência pra resolver, é corajoso, tranca a cara às vezes para insinuar autoridade, e cumpre o que promete. E gosta das criancinhas, que são o futuro da Nação.
O lado do candidato só tem doçura e eficiência, trabalho e honestidade, não lhe faltando as virtudes da humildade e do bom coração.
As cenas na TV têm que ser leves, alegres e coloridas, exibindo um cenário róseo, o céu é sempre de brigadeiro, como deve ser a vida sonhada por todos. O candidato repudia com veemência fazer traquinagens com dinheiro público. E que tudo será feito com transparência, de um modo tão claro como a luz do dia.
O eleitor tem que ser convencido de que o candidato é o melhor, e, que, na crise, surge como um super homem, quando menos se espera, arregaçando as mangas aparece com toda força, e chega pra resolver, com as fórmulas mágicas de quem possui o poder de prever e vir de imediato com a solução.
Se por acaso o candidato estiver disputando a reeleição para o governo do Estado, será fundamental demonstrar ao funcionário público que a folha nunca será paga com atraso, e que, se alguma vez aconteceu foi por culpa da conjuntura ou da problemática nacional.
Quando o candidato tem a máquina em seu favor, os apoios, em momentos de dificuldades – como os que tem atravessado o Brasil -, vêm aos borbotões, a estrutura em sua volta é forte e quase intransponível. Os cargos de livre escolha, os famosos CCs são acionados com o aviso de que se o resultado for negativo na certa vão ser exonerados e substituídos pelo vitorioso. É ganhar ou perder.
O bom marketing cria verdadeiras histórias de trancoso, para colocar o candidato na frente e vencer a corrida eleitoral.
Tem que ser também criativo, e até certo ponto, impiedoso, no desmonte do adversário. O ataque nunca pode ser frontal para não irritar o eleitor. Uma meia-verdade aqui, uma mentirinha acolá, com muita cautela pra não ser punido pela Justiça Eleitoral, vai danificando aos poucos a imagem do adversário, desqualificando-o para o cargo. Como faz um jogador de box, insistindo em bater na ferida até nocautear o seu oponente.
Quando a gente quer divertir a criançada, faz uma roda, e começa a contar histórias divertidas e inverossímeis, lendas sobre fadas, como Branca de Neves e os Sete Anões, Chapeuzinho Vermelho, estórias fantásticas de seres extraterrestres invadindo o planeta, ou por assim dizer, estórias de trancoso, para aguçar por um tempo a curiosidade daqueles seres ainda puros e de boa fé, provocando o sono, e logo em seguida os sonhos. Sonhos aterradores de bruxas e dragões que serão lembrados para sempre.
ACV