O FÓSFORO E O BARRIL DE PÓLVORA

 

BOLSONARO ENSINA A ARTE DE ATIRAR NO PÉ

 

Quando as coisas estão calmas o mercado não grita nem diz nada. As bolsas se valorizam, os juros se acomodam, as empresas produzem mais, os empregos aparecem, e o Brasil melhora a sua economia. 

De repente, vem o presidente, fala o que não deve, seja no Brasil, ou nos EUA, e tudo volta à estaca zero. O invisível e poderoso mercado, que também se alimenta de crises para aumentar os seus lucros, mostra logo os seus tentáculos, fazendo aumentar os juros e o valor do dólar, enquanto recrudesce o desemprego,  aumenta a cesta básica e a inflação. 

A reforma da Previdência, antes cantada em prosa e verso como a salvadora da Pátria, de repente, deixa de ser prioridade para o presidente, porque se mostra politicamente incapaz de construir no Congresso uma base aliada que tenha boa vontade para sustentar e defender seus projetos.

Por causa dessa mudança de foco, de desvio do rumo traçado  e do humor inconstante do presidente, até essa galinha de ovos de ouro, a reforma da Previdência, prometida tantas vezes  por ele e  seu ministro da economia, se transforma numa simples galinha poedeira, cujos ovos apenas ficam mais caros, e produz mais inflação com o distanciamento cada vez mais evidente de Bolsonaro da questão previdenciária. A Reforma só vai haver se a Câmara assumir o fardo, e se o seu presidente Rodrigo Maia (DEM), resolver liderar a sua aprovação. 

Não votei em Bolsonaro, mas, sinceramente torcia e torço, para que o Brasil acerte o passo, e que a sua economia volte ao seu ritmo normal, a produção retome o seu crescimento e os empregos que perdemos desde a crise americana iniciada em setembro de 2007 com o nome de subprime, e o desastre da política econômica no Brasil em 2011. Que surjam novos postos de trabalho no horizonte do Brasil. Que possamos vencer esse número vergonhoso e catastrófico de 13 milhões de desempregados.

A sociedade civil está perplexa com a fraqueza intelectual, com o despreparo e o desequilíbrio emocional do presidente. Ao não conter as suas emoções Bolsonaro ensina a arte de atirar no pé. Aceita mexer no orçamento da União e aponta o gatilho para atirar nas Instituições de Ensino Públicas, achando que os seus gastos são incompatíveis com as nossas receitas, e não enxerga que educação, não é gasto, e, sim, investimento. Posso apontar no mundo inteiro dezenas de nações, como a Noruega (que era uma das mais atrasadas da Europa) que derrubaram o desemprego e a pobreza, adquirindo um nível de bem estar social invejável, porque incluiram como prioridade nos seus orçamentos  investimentos em favor da educação, pesquisa, inovação e tecnologia. 

AMEAÇA VERMELHA 

Todavia, o embate que agora se trava dentro do governo e entre os grupos que o apoiam, é que as universidades são um antro de agitadores esquerdistas, que nada produzem e só pensam em introduzir no Brasil o comunismo. Esse discurso é tão antigo e ultrapassado que lembra o macarthismo dos anos 50 nos Estados Unidos, que ficou conhecido como a segunda ameaça vermelha, em cujo período gerou-se uma onda de radicalismo e denúncias infundadas de traição, em nome de um suposto amor à Pátria, e que conseguiu dividir a sociedade americana, instalando o denuncismo, e o medo do perigo marxista. 

As ideologias estão morrendo e cedendo lugar a um novo Estado que garante a paz, crescimento,  a felicidade do emprego e o combate à fome. 

O FÓSFORO E O PATRIOTISMO MASCARADO

Dando a impressão aos incautos que professa o respeito à Bandeira e ao Hino Nacional, para fortalecer o amor à Pátria, coisa que aprendemos na Escola regular e na Escola da vida, o presidente, na hora do aperto se esquece de que a Pátria somos todos nós, e não ele só, pois, não considera, e devia considerar a quem não pensa como ele. Todos veem que, com o seu patriotismo mascarado, agride jornalistas que lhe fazem perguntas incômodas, chama manifestantes de idiotas úteis, assina decreto de disseminação das armas sem ouvir o Congresso, e, no caso do seu filho eleito senador, ao invés de estimular as investigações, se vitimiza, desafiando a Justiça e o Ministério Público que venham pra cima dele … 

Paciência presidente, não queremos no Brasil nenhum movimento parecido com  a ameaça vermelha dos Estados Unidos, apesar de sua afinidade com Trump e a desastrosa política americana, e  a continência ridícula à sua bandeira.

 

A última vez que movimento semelhante surgiu no Brasil,  serviu de pretexto para o golpe de 64. 

Querendo ou não, o presidente Bolsonaro, com sua conduta imprevisível e com seu linguajar de confronto, está acendendo fósforo num barril de pólvora, sem aquilatar para as consequências de que se houver a explosão ele próprio pode ser alcançado.

Ainda bem que os militares estão longe de pensarem em provocar uma explosão contra a democracia. 

ACV