RETALHOS DA POLÍTICA – A PETROBRAS E O PORTO DE SERGIPE

SARNEY VISITA SERGIPE E VAI A SIMÃO DIAS

No início de janeiro de 1988, o presidente Sarney esteve em Sergipe para lançar o programa de combate às secas Padre Cícero. Consultado pelo governo federal, escolhi o municipío de Simão Dias, minha terra natal, como palco para o lançamento desse programa.

Para o nosso povo foi um momento de muito orgulho o fato de o governo da República do Brasil, estar ali presente, com o presidente, ministros, governadores, prefeitos e parlamentares para a realização de evento tão importante. Toda a imprensa nacional deu cobertura àquela programação governamental. A Praça Barão de Santa Rosa foi tomada por milhares de pessoas que vieram de vários municípios de Sergipe e da Bahia. Nunca um presidente da República visitara Simão Dias. 

ESPORTE E LAZER

O esporte e o lazer tiveram lugar de destaque no nosso governo. Em Aracaju, havia o campeonato de futebol de bairros, esporte menor ou futebol de várzea organizado pela Secretaria de Esporte e Lazer.

Preservamos uma área da mata atlântica, onde hoje com certeza, seria uma área de prédios, construindo o Parque dos Cajueiros  (reformado pelo saudoso governador Marcelo Déda), e um grande calçadão, da praia 13 de Julho até a Coroa do Meio, e em paralelo, uma ciclovia. 

Collor veio inaugurar a obra, e andamos juntos de bicicleta por esse calçadão acompanhados por dezenas de ciclistas. Fizemos um monumento, o Caju, como uma referência de nossa Capital a todos os turistas que tivessem o desejo de nos visitar. 

 

Esse monumento, o do Caju, ergue-se imponente na 13 de Julho, como um dos símbolos de nossa capital mais apreciados pelos turistas ( Foto: Sílvio Oliveira).

Construimos 15 ginásios de esporte em cidades do interior, constituindo-se na maior ação de governo concreta para o fortalecimento e expansão das atividades desportivas. 

Os Jogos da Primavera, que foram criados durante a minha gestão como Secretário da Educação, foram ampliados no nosso governo, tornando-se uma festa da qual participavam mais de 15 mil estudantes de escolas da capital e do interior.

Cerca de 1000 atletas, anualmente, representavam o Estado de Sergipe nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBS), em outras unidades da federação. Pontificávamos em primeiro lugar em diversas modalidades esportivas, conquistando medalhas de ouro, e, também, de prata e bronze. No retorno, os atletas eram recebidos por familiares e colegas como verdadeiros heróis.

Construímos um grande Estádio na cidade de Maruim, um dos melhores do interior. Foi um compromisso de campanha que eu cumpri com muita alegria. 

Em homenagem à minha terra, Simão Dias, construí um ginásio de esportes e um estádio de futebol. 

ESGOTAMENTO SANITÁRIO NA CAPITAL

Enfrentamos o grande desafio em melhorar o sistema de esgotos da cidade de Aracaju. Inauguramos um novo sistema moderno de esgotamento antes do enceramento de nosso mandato. Tomamos dinheiro emprestado na Caixa Econômica Federal para a construção de canais de águas pluviais em vários bairros de Aracaju. 

ALTERAÇÃO DO PROJETO ORIGINAL DO PORTO DE SERGIPE, COMO FOI

O Terminal Marítimo Inácio Barbosa veio de uma luta desencadeada por vários governadores. Graças a esse empenho, a Petrobras assumiu a responsabilidade pela realização desse obra histórica no município de Barra dos Coqueiros.

A Petrobras já estava tocando as obras do Porto ao iniciar-se o nosso período de governo. Fiquei surpreso e contrariado quando tomei conhecimento de que o Porto projetado pela Petrobras era apenas um terminal graneleiro para o transporte exclusivo de cargas do interesse da empresa, como o cloreto de potássio da Mina de Taquari-Vassouras e a os produtos nitrogenados da Fafen. Para tanto, o projeto original previa apenas a construção de uma ponte invadindo o mar. 

Se continuasse a obra daquele jeito, o Estado de Sergipe seria o único do Nordeste que não teria um Porto de verdade.

Era preciso agir com urgência para modificar o projeto e transformá-lo num Porto mais amplo, que pudesse receber todo tipo de cargas, e, também, grandes navios de passageiros que tivessem Aracaju como uma de suas escalas.  Sergipe seria o único Estado litorâneo a não dispor de um Porto com essa finalidade, caso o projeto não sofresse alteração.

Queríamos sim, um Terminal Offshore de Cargas Gerais e de Passageiros. 

Era preciso agir com urgência. Marquei uma audiência com o presidente Sarney, em Brasília, no Palácio do Planalto. Entreguei-lhe o pleito do governo de Sergipe. O presidente, na hora, sem pestanejar, redigiu ali mesmo sem protocolos, uma carta de seu próprio punho ao diretor de engenharia da Petrobras Dr Edilson Távora,  responsável pela obra, expondo a questão, e encaminhando em anexo o nosso pedido para que modificasse o projeto original do Porto de Sergipe. (na foto a seguir com Edilson Távora, durante a construção do Porto).

No dia seguinte eu já estava na Petrobras com Edilson Távora. Entreguei-lhe a carta do presidente com o pedido do nosso governo. Távora entendeu a pertinência do pleito e  assumiu de pronto a defesa do nosso projeto, modificando-o para o formato que pretendíamos. A meu convite, durante o período de execução do novo projeto portuário Edilson Távora esteve em Sergipe. 

Visitamos juntos o Porto que estava sendo construído com duas pontes em paralelo, uma para o transporte de cargas gerais e  outra para o transporte de passageiros. Foi uma das maiores emoções que senti em minha vida.

É preciso que se faça justiça a Sarney. Foi um grande presidente para Sergipe. 

Pena que o turismo em Sergipe não tenha aproveitado a obra do Porto, como eu esperava, atraindo passageiros pelo mar. Mas isso é  outra história.

FOLHA DE SERVIDORES, GATILHO SALARIAL E INFLAÇÃO

No final do governo Sarney a crise política atingiu o seu limite estratosférico. O processo inflacionário recrudesceu e chegou a uma taxa sem precedentes, de 84% ao mês.

As graves pipocavam em todo o Brasil. Os salários sofriam uma corrosão diária, e diluíam-se como água. Servidores e a população em geral, estavam em completo desespero. Eu estava no governo, e tinha que  pensar e resolver de imediato como reduzir o impacto da inflação galopante. 

Criei o gatilho salarial para compensar as perdas com a inflação galopante que estava destruindo remuneração dos funcionários públicos.  Mandei aplicar toda a arrecadação do Estado no overnight, um mecanismo que gerava um “lucro” diário que preservava a receita, e, ainda ganhava algum acréscimo com os juros.  Com isso, ao final do mês, garantia o pagamento da folha sem atrasos, o funcionamento dos serviços básicos e os compromissos da dívida. 

Cumpri os quatro anos de governo sem passar pelo constrangimento de atrasar a folha de servidores.

Nota:  A elaboração de uma grande parte do conteúdo das postagens sobre obras e serviços  saiu de memória.  Seria impossível me lembrar de tudo,  uma vez que já decorreram mais de 25 anos desde que terminou o meu mandato de governador.

ACV