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Depois de ter sido eleita por unanimidade para presidir o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE), a conselheira Susana Azevedo toma posse nesta segunda-feira. Ficará na direção do sodalício pelos dois próximos anos. Juntos com Susana Azevedo tomarão posse os conselheiros Flávio Conceição, como vice-presidente e Luis Alberto Meneses, como corregedor-geral.
A posse da nova mesa diretora está marcada para as 16h desta segunda-feira (dia 11 de dezembro) , no auditório do TCE. Já o exercício do mandato terá início em janeiro de 2024.
Currículo
Susana Maria Fontes Azevedo Freitas, natural de Aracaju, é advogada, com pós-graduação em Direito Público. Foi vereadora de Aracaju por duas legislaturas (1989/1992 e 1993/1994), deputada estadual por cinco legislaturas (1995/1998, 1999/2002, 2003/2006, 2007/2010 e 2011/25.02.2014).
Exerceu o cargo de secretária-chefe da Casa Civil do estado (1989/1991), sendo a 1ª muher a ocupar este cargo no Executivo Estadual (governo Valadares), o de secretária de Aracaju (1998/1999).
Assumiu o cargo de Conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe em 25 de fevereiro de 2014. Nos biênios 2016-2017 e 2020-2021, foi a vice-presidente da Corte de Contas. A conselheira também integra o Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB) e é membro do Conselho Fiscal da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).
Mensagem dirigida a Antônio Camilo, autor de biografia “Antonio Carlos VALADARES – O Realizador de Sonhos”
Olá Camilo, estimado amigo!
Agradeço a honra a mim concedida em ser uma das primeiras leitoras dessa obra magnífica por apresentar a história de um ser humano especial. Especial porque notável, integro e batalhador. Fato comprovado pelo autor após meses de pesquisas em inúmeras fontes.
No curto prazo disponível para a leitura realizei um voo panorâmico nos capítulos e me atrevo, pela competência e lisura do autor, a indicar o conteúdo a livro de cabeceira a todos que pretendem se aprimorar, ajustar os rumos em qualquer área da vida, iniciar e/ou reiniciar projetos, reerguer-se de quedas sofridas e, de cabeça erguida, seguir em frente, conduta experienciada com louvor, pelo Valadares.
O texto narrado com maestria apresenta a trajetória de luta em diversas frentes do biografado com destaque para a política estreia já realizada aos 23 anos de idade quando foi diplomado prefeito municipal de Simão Dias. Na sequência conquistou mandatos de deputados – estadual e federal, vice-governador, governador, senador por três mandatos, somando 56 anos na política com dedicação ao povo Sergipano.
Por onde passou aprendeu, ensinou, deixou rastros. Desbravou territórios, superou barreiras, sofreu derrotas, acumulou vitórias. As conquistas tinham destino certo: as pessoas. O DNA traz na essência o vigor de atuação política dos pais, aprimorada e utilizada como meio de formar, educar e fortalecer o seu povo apoiado em conduta séria, crível e honesta.
História inspiradora – Narrativa primorosa permite ao leitor conhecer bastidores da política, a luta do biografado em seguir adiante a despeito de adversários que o intimidavam com cortinas de fumaça tóxica a impedir seus feitos, empanar sua imagem, destruir seus atos. Dificultavam muitas ações, mas não tiravam-lhe o entusiasmo. A verdade vinha à tona. Anos depois os atores se arrependiam. Ele os perdoava.
A verve poética do autor expõe com sutil firmeza os fios do tecido que abafam e escondem da sociedade os bastidores da política onde ocorrem cenas dramáticas na
disputa pelo poder, pois para os atores políticos cuja fama é o que importa, a vitória de um projeto pode trazer fama ao pleiteador e ao seu partido. O autor brinda o leitor com fidelidade, adequada cadência, atos bem sequenciados e ancorados em fontes impressas, digitais, depoimentos e entrevistas.
O registro dos anos vividos pelo biografado até o momento é um reduto de conhecimento a ser compartilhado com as atuais e futuras gerações. Servirá de base a pesquisadores de história do desenvolvimento humano, da educação, da política, e tantas outras áreas, porque foi construída com fatos.
Foram 56 anos dedicados a política. Experiência que inspirou filhos e parentes a seguir o mesmo caminho. A trajetória do desbravador em tantas áreas e funções deixa sementes a nutrir pessoas, hoje e amanhã. Os 80 anos de idade, vida longa, acima da média Brasil, representa exemplo extraordinário de múltiplos caminhos percorridos com brio e as marcas registradas para quem busca formação em diferentes campos e, em especial, a política.
O compêndio do ano apresenta as muitas conquistas de Valadares, o grande inovador na educação do nível pré-escolar ao superior. Grande realizador não economizou esforços. Quando necessário rompia fronteiras: institucional, geográfica. Como os pais, a comunicação é o seu ponto forte a pôr em prática e falar com o povo, no gabinete, nas esquinas, nos lares e em praça pública.
Passou por tantas áreas, profissões que seu gosto pela palavra é retomado com força em seu programa de rádio O DOMINGO BOM.
Parabéns Camilo!
Encerro feliz e endosso a sua frase: “Uma história das mais belas”.
Uma reflexão para você, um prenúncio de alegria e esperança na sua vida.
Se você está triste
Lembre-se que existem milhões
Que também estão tristes
E você nem sabe o porquê;
Se a sua tristeza é grande e parece insuperável pense no sofrimento dos seus semelhantes ou de alguém que:
Talvez esteja com alguma doença incurável sem esperança de vida;
Talvez perdera um ente querido de sua família do qual guarda lembranças que não pode mais partilhar;
Talvez por não ter onde ficar é morador de rua, ou dorme debaixo das pontes;
Talvez é obrigado, por falta de opção de uma morada decente, a viver em encostas arriscando a sua vida e a de seus filhos durante as grandes enxurradas;
Talvez por ter um filho envolvido em drogas, podendo desaparecer do seu convívio sem uma chave de cura;
Talvez queira retornar ao seu país e seja impedido de reencontrar sua família por causa da guerra;
Talvez esteja viajando por mares de ondas revoltas correndo de sua terra natal sem saber o destino que lhe aguarda do outro lado do mundo;
Talvez por algum motivo tenha perdido todos os seus bens e tenha ficado pobre, e agora passa por sérias privações;
Talvez esteja na lista de milhões de desempregados à procura de algum salário sem encontrar uma vaga para trabalhar;
Talvez não tenha um só amigo ou uma amiga para compartilhar suas mágoas e dificuldades;
Talvez possa morrer e ser enterrado numa cova como indigente sem nenhuma lápide;
Talvez tenha sido abandonado ao nascer e encontrado no lixo ou numa calçada, e nunca saberá quem são os seus pais que o abandonaram ao relento;
Talvez esteja sofrendo a injustiça de ter perdido a liberdade e esteja preso por um crime que não cometeu;
Talvez tenha fracassado num projeto pelo qual se dedicara com afinco e que fora o sonho de sua vida;
Se a sua tristeza não é causada por nenhum desses motivos, ou mesmo que por alguns deles esteja sofrendo, não baixe a cabeça.
Se estiver vivo e com saúde, impulsione a sua energia, acredite em você.
Tudo será superado com a força do seu desejo, da sua vontade de continuar na luta e vencer.
“Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer.” Santo Augustinho
Este artigo é mais um na série que estou escrevendo sobre os legados dos Ex Governadores de Sergipe da Chamada Nova República.
Albano do Prado Pimentel Franco foi um Governador com uma singularidade, o pai (Augusto do Prado Franco) também foi Governador de Sergipe (1979-1982). Um caso quase similar foi o de Gilton Garcia, que foi Governador do Estado do Amapá e o pai (Luiz Garcia), foi Governador de Sergipe (1959-1962). Na política sergipana Albano Franco ocupou os seguintes cargos: Deputado Estadual (1967-1971), Deputado Federal (2007-2010), Senador da República (1983 a 1994) e Governador (1995-2002).
Governador Albano Franco – 1995-2002
Albano Franco foi mandatário de Sergipe por dois mandatos e construiu um relevante legado de obras estruturantes, algumas delas serão apresentadas nos dois ensaios que apresentarei. Outros cargos de repercussão importante para o legado construído na política foram: Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Presidente da Associação de Industriais Latino Americanos (AILA), Diretor do Departamento Nacional do SENAI, Diretor do Departamento Nacional do SESI e Presidente do Instituto Euvaldo Lodi.
Do ponto de vista de formação acadêmica, Albano Franco é mais um Governador sergipano formado em Direito, mas com uma atuação muito vinculada ao setor empresarial, especialmente no ramo industrial e de serviços e também é um Governador nascido na capital sergipana, Aracaju.
No legado da agricultura do Governo de Albano Franco, foram realizadas diversas ações importantes, a saber: Programa de Revitalização da Citricultura, quando foi assinado um protocolo de atuação envolvendo produtores, agentes financeiros, indústrias beneficiadoras, envolvendo assistência técnica; ocorreu a implantação do Pró-Sertão, programa em convênio com o FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), que permitiu desenvolver ações nas áreas de abastecimento, treinamento, implantação de matadouros; foi no Governo de Albano Franco que o Estado de Sergipe conseguiu o certificado de Zona Livre de Febre Aftosa com vacinação, o que permitiu ao Estado contribuir com o país a exportação de carne bovina para outros países; foram realizadas as obras de conclusão do Platô de Neópolis; implantação do projeto Jacaré – Curituba, no município de Canindé do São Francisco; foi realizada a implementação do funcionamento nesta localidade de uma agroindústria de beneficiamento de arroz; foi implantado um programa de distribuição de sementes selecionadas de milho, feijão e arroz, atendendo cerca de 60 mil produtores no Estado.
Do ponto de vista de obras, destacam-se: construção de diversas rodovias; revitalização da rodovia do sertão; duplicação de várias adutoras; construção de mercados em Aracaju; construção de ginásios de esportes na capital e interior; início da duplicação da BR 101 (a entrada de Aracaju); construção de importantes hospitais no interior do estado de Sergipe, com destaque para os municípios de Estância, Lagarto e Nossa Senhora da Glória.
No desenvolvimento da cultura e turismo realizou as seguintes obras: construção do Teatro Tobias Barreto em Aracaju; construção do Centro de Convenções em Aracaju; reforma da Biblioteca Pública Epifânio Dória; reforma do arquivo público de Sergipe; construção da passarela do caranguejo na orla de Aracaju; construção da interligação da Atalaia com a então Rodovia José Sarney; duplicou a Rodovia da Melício Machado, facilitando a mobilidade urbana na zona de expansão de Aracaju, construiu a rodovia César Franco ligando a Barra dos Coqueiros a Pirambu. Para desenvolver o turismo sergipano foi lançada uma importante campanha denominada de “ Sergipe é o país do forró”, este projeto valorizava e enaltecia a cultura junina de Sergipe, permitindo que o São João local fosse divulgado com bastante antecedência e envolvia os artistas locais e as quadrilhas juninas, a gastronomia e a cultura sergipana.
Ainda no campo do turismo e do esporte ocorreu em Sergipe a realização de um campeonato brasileiro de Beach Soccer, como o evento teve transmissão nacional, ajudou na divulgação turística de Sergipe. Também foi realizado o Brazil National Tourism Mart (BNTM) em Sergipe, que sempre foi o maior evento turístico do Nordeste, no qual reúnem-se os maiores operadores do turismo no Brasil e no Nordeste, referido acontecimento foi mais uma ação importante na divulgação do destino turístico de Sergipe.
Ainda como ação de desenvolvimento do turismo sergipano, foi construído um Oceanário em Aracaju, com funcionamento do Projeto Tamar. Este é um local de muitos visitantes, especialmente os turistas, referido projeto mantém uma estrutura com aquários, tanques, loja, serviços e um Centro de Educação Ambiental no município de Pirambu, com prioridade no trabalho de educação ambiental junto as comunidades e escolas da região.
No Governo de Albano Franco, os recursos do PRODETUR/NE que foi um programa implantado pelo Governo Federal em 1992, através do Ministério dos Esportes e Turismo e elaborado em parceria com o BNDES, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), junto com os Governos estaduais nordestinos, teve o foco e êxito de ampliar a infraestrutura do turismo em Sergipe, com destaque para as seguintes obras: revitalização do Centro Histórico e Comercial de Aracaju, recuperação e construção de mercados em Aracaju, melhoria da infraestrutura do aeroporto de Aracaju, construção da Orla da Caueira no município de Itaporanga d’ Ajuda, construção da Orla de Gararu, construção da linha Verde Aracaju – Salvador, dentre tantas outras obras.
No legado da Educação, no Governo de Albano Franco foi implantado o ensino médio em todos os municípios sergipanos e foi criado um programa de qualificação de docentes que viabilizou que quase 3.000 professores do interior que não possuíam curso superior pudessem ter efetivamente o seu diploma.
No próximo artigo irei continuar abordagem do legado de Albano Franco, destacando ações em outros segmentos como o desenvolvimento industrial sergipano e a sua passagem no Senado e na Confederação Nacional da Indústria.
Saumíneo Nascimento
a) Saumíneo da Silva Nascimento
Economista
Exerceu os seguintes cargos: Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Presidente do Banese (no governo de Marcelo Déda). Diretor da Sudene e Superintendente do BNB (Governo Lula).
Atualmente é Conselheiro do BNB e Vice-presidente de Relações Institucionais da Unit.
Até os anos 70, do sec. 20, Sergipe era um Estado muito carente de obras de infraestrutura. Podia-se contar nos dedos a existência de boas estradas, de ações voltadas para o combate às secas e a fixação do homem à terra.
Apesar de Sergipe fazer parte da Bacia do rio São Francisco a escassez de água potável nos municípios do Sertão e do Agreste era visível, aumentando o sofrimento de seus habitantes durante os longos períodos de estiagem. Até a nossa capital, Aracaju, vivia o drama da falta do precioso líquido, ou até mesmo a ameaça de um colapso de fornecimento.
Por sorte, a Petrobras, uma força econômica em nosso Estado, precisava tocar os seus empreendimentos industriais, e a água era um insumo indispensável.
Em parceria com o governo Augusto Franco, a Petrobras construiu a adutora do rio São Francisco, destinada a suprir seus projetos (usina de Potássio e fábrica de Amônia e Uréia-Fafen), bem como ao abastecimento d’água de muitas cidades ao longo de seu percurso, desembocando em Aracaju, numa primeira etapa da realização dessa obra.
Podia-se dizer que a adutora do São Francisco era uma obra redentora.
O Sertão virava uma terra de ninguém durante as secas que dizimavam os rebanhos e provocava o fenômeno da evasão do homem do campo para as cidades à procura de água e comida.
As secas acarretavam a interrupção e o esvaziamento das atividades econômicas tradicionais, como o plantio e o criatório de gado, e de caprinos e ovinos, uma economia incipiente, mas, indispensável aos pequenos negócios e à alimentação da população sertaneja.
Assumi o governo de Sergipe no dia 15 de março de 1987. Slogan escolhido, Governo do Novo Sergipe. A Nova República, que fora construída e idealizada por Tancredo, por um imperativo do destino, se encontrava nas mãos de José Sarney.
O Plano Cruzado de combate à inflação
José Sarney, Vice-presidente, assumiu o governo da Nova República, no dia 15 de março de 1985, em substituição ao presidente Tancredo Neves, que morreu antes da posse, emocionando o Brasil, deixando-nos à mercê do imprevisível.
Mas, parecia que a Nação, ainda que despedaçada pela dramaticidade daquele infortúnio, não perdera a esperança de melhores dias. O povo compreendeu a situação e deu a Sarney, no começo, um crédito de confiança a seu governo que se instalava em caráter de transição com vistas à retomada da plenitude democrático.
Sarney lançou, em fevereiro de 1986, o “Plano Cruzado” que tinha como objetivo conter a inflação. Em 1985 chegou a 235% ao ano.
O referido plano, nos primeiros meses foi um sucesso nunca antes experimentado no Brasil. Sarney tornou-se de um dia para o outro uma figura estimada, um presidente visto e respeitado como um político decidido e corajoso ao vigiar com firmeza o abuso da remarcação dos valores dos produtos nos supermercados, e a punição a fazendeiros que escondiam suas boiadas esperando a evolução dos preços da arroba para auferirem mais lucros em cima da população. As pessoas, espontaneamente, apareciam de caderneta na mão como “fiscais de Sarney“.
O PMD venceu em todos os Estados, à exceção de Sergipe
Nas eleições de 1986, o PMDB, partido do presidente Sarney, conseguiu eleger todos os governadores, menos em Sergipe, cujo candidato José Carlos Teixeira (PMDB) foi derrotado nas urnas. Fui seu adversário, sendo eleito com mais de 52 mil votos de frente.
No dia da minha posse como governador – 15 de março de 1987
Apoiado pela coligação PFL, PSB, PL, PCB e PCdoB, tive 53% dos votos válidos e José Carlos 43%. A nível de Estado, tínhamos uma aliança muito popular, com João Alves (PFL), governador, e Jackson Barreto (PSB), prefeito da Capital, ambos no auge do prestígio político. Eu era um candidato a governador jovem (43 anos de idade), sem máculas, com uma participação intensa no legislativo e na administração pública (prefeito de Simão Dias, deputado estadual por duas legislaturas, presidente da Alese, Secretário de Estado da Educação e Cultura e deputado federal), transmitindo nos discursos de campanha o compromisso da continuidade de um governo realizador, e trazendo uma proposta diferenciada de desenvolvimento com justiça social.
O Plano enquanto durou os brasileiros amaram
Somando-se a tudo isso, ainda tínhamos a simpatia do presidente da República José Sarney, cuja popularidade chegara às alturas com a execução do Plano Cruzado que, até então, estava dando certo.
Eu tive participação muito ativa, junto com Sarney, para a formação de um agrupamento político que foi denominado Frente Liberal, embrião do PFL, visando a eleição de Tancredo Neves para presidente, ainda no processo de eleições indiretas, pelo Colégio Eleitoral, como estratégia para vencer o regime militar dentro do sistema que ele próprio criara.
Após aquela eleição indireta, e que seria a última, o compromisso de todos os que compunham o Movimento da Frente Liberal, seria a instauração do sistema democrático com eleições diretas para todos os cargos, e a elaboração de uma nova Constituição, pela transformação do futuro Congresso Nacional em Poder Constituinte.
A Equipe econômica de Sarney deu a ideia do lançamento do Plano Cruzado como solução salvadora para derrubar o processo inflacionário que recrudescia a cada dia, quando medidas drásticas foram anunciadas, a saber: congelamento de preços e a substituição da moeda corrente do país, do cruzeiro para o cruzado (daí o nome do plano).
A INFLAÇÃO DO FIM DO MUNDO, 84,3% AO MÊS
Todavia, de nada adiantaram essas medidas para frear a inflação que parecia indomável. O plano virou água. O processo inflacionário assumia proporções imprevistas, com números que assombravam a todos, fazendo decair a popularidade do presidente, deixando um horizonte incerto para o Brasil, e se espalhando para todos os Estados como um rastilho de pólvora a explodir na primeira eleição que surgisse à frente. E o presidente Sarney, que se tornara, como disse acima, uma figura popular, no entanto – depois que eclodiu de forma violenta o monstro da inflação, acabando a boa perfomance do Plano Cruzado -, passou a ser estigmatizado, xingado e ridicularizado pela população.
Fases de insatisfação quase sempre redundam no surgimento de milagreiros, o povo se apegando a qualquer um que saiba manipular os sofrimentos e as frustrações.
O eleitor foi na onda da novidade e do populismo salvador. A rota da frustração de um povo
A Era Fernando Collor
Foi daí que surgiu, em meio à frustração popular, o famoso caçador dos marajás, Fernando Collor, então governador de um pequeno Estado do Nordeste que passou a ser visto pelo povo como o Salvador da Pátria, um novo Messias vindo das Alagoas, que nos livraria da inflação e varreria toda a corrupção e privilégios que imperavam no País.
Aquele jovem candidato, dono de um discurso persuasivo e encantador, entraria no gosto do eleitorado, derrotando Lula no 2º turno (pleito de 1989), numa campanha sem fôlego, atraindo multidões de eleitores para o seu lado.
Ao assumir as rédeas do governo com Zélia no comando da Economia, Collor nos levaria à retenção da caderneta de poupança, e a uma grave crise institucional, abatido que fora por um impeachment – como resposta à frustração que voltou a reinar nas mentes e nos corações desse Brasil verde e amarelo. O governo Collor caiu em meio a um lamaçal de escândalos. O seu próprio irmão Pedro Color em entrevista de primeira capa da Veja o denunciou como beneficiário de um esquema de corrupção e de lavagem de dinheiro, tendo como artífice PC Farias, que havia sido o tesoureiro da campanha presidencial.
Collor tomou posse como presidente em 15 de março de 1990, e renunciou em 29 de dezembro de 1992.
Em recente decisão do STF Collor foi condenado a cumprir uma sentença de mais de 8 anos de prisão em regime fechado, convertida em prisão domiciliar fundamentada em comorbidades (a principal, mal de Parkinson), comprovadas em exames médicos.
Por muito tempo presidiu a comissão de relações exteriores do Senado.
Fui colega de Collor no Senado. Sentava-se na primeira fila do lado esquerdo do plenário. Discreto, atencioso e educado.
Toda vez que eu me dirigia à sua cadeira para cumprimenta-lo, ele, num gesto de referência, fazia questão de levantar-se e apertava minha mão dizendo sempre comumente: “como vai governador?”.
Lembro-me de que quando o MPF abriu contra ele inquérito para apurar supostas crimes de recebimento de propinas de empresas investigadas pela Lava Jato, Collor insistiu em proferir discursos com palavras fortes pontuando parcialidade e falsidade de todas as acusações. E o alvo frequente de suas palavras era Janot, então Procurador geral da República, a quem chegou a chamá-lo de fascista em discurso proferido na tribuna depois que tomou conhecimento de que se tornara réu em face da denúncia da PGR.
O GATILHO SALARIAL, PARA COMPENSAR AS PERDAS COM A INFLAÇÃO GALOPANTE
Voltando ao governo Sarney, a inflação foi subindo até chegar ao seu ponto máximo em março de 1990, a uma taxa incrível de 84,3% ao mês.
Não fosse o gatilho salarial que implantei, garantindo uma reposição da remuneração dos servidores toda vez que a inflação atingia 20%, o Estado teria que hibernar em greves permanentes pela diluição dos ganhos daqueles que movimentavam a máquina estatal, os funcionários públicos.
Para não perder com a inflação galopante e ter algum saldo para assegurar pelo menos o pagamento da folha sem atrasos, todos os recursos do Estado, obrigatoriamente, tinham que estar no overnight, uma modalidade de aplicação financeira que garantia uma renda fixa todos os dias. Se não tomássemos essa providência, a arrecadação praticamente zerava ao fim do mês.
Hoje em dia, quando a inflação nem chega à casa dos 5% ao ano, em comparação com aquele período em que governei, tendo que enfrentar uma taxa inflacionária superando o patamar de 80% ao mês, assistimos hoje governadores ameaçando decretar estado de calamidade financeira. Não passam de uns meninos mimados, chorando e gritando , de pires na mão, atrás de ajuda de Bolsonaro, para resolver a crise que eles próprios criaram.
Com a implantação de projetos de irrigação nos anos de 1980, como o Califórnia, e os das adutoras, (projeto Chapéu de Couro, 1° governo João Alves), a situação começou a melhorar.
Todos esses projetos tiveram continuidade no período em que governei o Estado (87-91), fazendo a sua implantação definitiva com o assentamento de produtores, fornecendo apoio financeiro e assistência técnica.
As realizações de nosso governo que teve a duração de 4 anos, sem direito à reeleição, são postadas em várias partes deste blog.
Isolamento social é a expressão mais usada nos últimos dias, notadamente pelo mundo científico, como medida restritiva para evitar a propagação do coronavírus que invadiu o globo terrestre sem dó e sem piedade, não distinguindo classes sociais ou econômicas em seus ataques.
O fato é que o super vírus, que circula livre e à vontade, sem remédio ou vacina que a ciência até agora não descobriu para combater a doença ou frear a sua disseminação destrutiva, continua contaminando e ceifando vidas, com preferência entre os mais velhos, os quais, por causa da queda de imunidade, própria da idade, compõem o maior grupo de preocupação das autoridades sanitárias.
Nos Estados Unidos e na Europa, assim como em todo o mundo, o isolamento social é a palavra de ordem das autoridades de saúde, dos cientistas e de seus governantes.
O ministro da saúde fala e age com prudência
O bom senso recomenda a quarentena, aconselha o nosso ministro da saúde, apesar de a toda hora e a todo instante sofrer contínuos constrangimentos por parte da conduta do chefe do governo, o presidente Jair Bolsonaro.
Repare que, neste momento de suprema preocupação do brasileiro e da brasileira, quando enfrentam um inimigo invisível que pode lhes causar a morte ou, se não morrer, ficar com sequelas imprevisíveis, o presidente perde a sua grande oportunidade de consolidar a sua liderança, unindo a toda a nação.
A perda de oportunidade de unir a nação
Afinal, no turbilhão da crise é no seu governo que Estados e Municípios estão a receber recursos milionários, antes nunca vistos, da ordem de R$ 88 bilhões, para amenizar suas finanças, e se armarem para combater o vírus, fortalecendo os seus sistemas de saúde. Além disso, a disponibilização de um auxílio financeiro emergencial, pelo prazo de três meses, no valor de R$ 600,00 para trabalhadores informais e mulheres consideradas chefes de família, beneficiando mais de 24 milhões de pessoas.
Medidas como essas, que têm o seu aprove-se, sua iniciativa e sua assinatura, publicadas no Diário Oficial da União, que ajudam as camadas mais pobres da população geram simpatias e dão boa imagem a qualquer governo, que são menosprezadas por conta de seus embates infrutíferos e tresloucados.
O presidente poderia portar-se como um estadista, interpretando o sentimento da maioria da nação, se soubesse completar essa sua ação solidária, caminhando no rumo certo para proteger a população, liderando um movimento, sem cunho ideológico, populista, ou partidário, em favor do Brasil, harmonizando-se com o procedimento de líderes mundiais que enfrentam com equilíbrio e firmeza em seus países o drama da crise que ultrapassa fronteiras e assombra o mundo.
A teimosia e a imprevisibilidade
No entanto, contrariando toda a lógica pregada pelos setores ligados à saúde, e que é aceita pacificamente por imensa maioria de nossa população, o presidente parece desligar-se da realidade, com a sua obstinação em não querer cumprir as regras normais de uma sociedade global e solidária, escolhe rebelar-se publicamente enfrentando a tudo e a todos. A regra que o satisfaz é a da imprevisibilidade.
Querendo ou não, dá um mau exemplo com o seu comportamento, ajudando a disseminar a discórdia dentro e fora de seu governo, e, por via de consequência, a propagação mais rápida do vírus.
Os aliados postam-se do outro lado, custando-lhe o isolamento político
Por incrível que pareça, ainda não lhe caiu a ficha do seu despropósito, apesar das evidências. Eis que , o seu maior aliado, Donald Trump, presidente dos EUA, ao pressentir que o seu grande país estava se tornando o epicentro da pandemia jogou logo a toalha, reconheceu a gravidade da situação, passando a apoiar publicamente a quarentena anunciada nos Estados, e a adotar, ele próprio, medidas restritivas de concentração coletiva.
Além disso, internamente, mostrando não concordar com suas teses fundamentalistas, o seu ministro plenipotenciário, Paulo Guedes, rendeu-se aos argumentos do Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, preferindo ficar em casa para proteger-se, enquanto espera a evolução da doença no Brasil.
Em videoconferência com membros da CNM, disse Paulo Guedes: “Eu, como economista, gostaria que pudéssemos retomar a produção. Eu, como cidadão, ao contrário, aí já quero ficar em casa”.
Como se vê, o presidente perde fora e dentro do governo. Ainda bem que a sua opinião, a respeito da ação desse microrganismo desprezível, para ele pouco letal, mas que é responsável pela pandemia no mundo inteiro, não tem sido levada a sério.
Todos estão bem informados, o mundo é pequeno, a instantaneidade das notícias se propaga com uma velocidade maior do que a do vírus.
No Brasil, como reconhece Paulo Guedes, o isolamento em face da Covid -19, deverá ocorrer até o final de junho. Daqui até lá a economia vai sofrer abalos tremendos, segundo palavras dele próprio, “a economia desaba”.
Em contrapartida, por ser o sistema de saúde do Brasil reconhecidamente precário, neste período de isolamento, vai se estruturando melhor para atuar com maior eficiência na assistência aos enfermos que vão aparecer nos picos da doença, evitando a expansão descontrolada do vírus assassino neste momento de evidente despreparo de nossa rede pública de saúde.
O Brasil, o seu povo e a sua economia, passam por uma prova sem precedentes. Haveremos de vencer essa guerra, sejam quais forem os sacrifícios.
Saúde para todos, que Deus nos proteja!
Antonio Carlos Valadares, advogado, ex-governador e ex-senador da República