Do Czar Ivan IV, o primeiro soberano coroado da Rússia

O primeiro Czar da Rússia, Ivan IV, era um governante tão cruel que ficou conhecido como Ivan, o Terrível. Foi coroado aos 16 anos, em 1547. Não admitia opositores e os perseguia com atrocidade e fúria. Possuidor de um instituto perseguidor e sanguinário levava seus adversários às prisões, torturava-os ou os matava sem dó nem piedade.

Num momento de raiva deu uma cacetada na cabeça no seu filho primogênito tão violenta que terminou matando-o. Arrependeu-se, contratou os médicos mais famosos para assisti-lo e cura-lo, mas não teve jeito, o seu herdeiro mais velho foi-se.

No seu governo de longa duração (37 anos), empreendeu reformas para consolidar ao extremo o seu poder ditatorial, formando um poderoso exército para combater tenazmente seus inimigos internos e externos, e ampliar o território russo além de suas fronteiras.

Apesar de suas paranoias, dizia-se que era muito piedoso, que tirara o país do atraso, medieval, convertendo-o num império, e que, devido ao seu empenho, com apoio do exército que formara, conseguiu aumentar a área de ocupação russa para quase 1 bilhão de hectares, unindo povos de línguas e raças diferentes, contribuindo assim para a formação da “Mãe Russa”.

Devido a isso, por incrível que pareça, há hoje um movimento na Rússia para torná-lo Santo, sem repúdio ou proibição de Putin, contudo repudiado pela Igreja Ortodoxa.

Do autoritarismo Russo, uma predestinação de séculos

É fato que a Rússia, ao longo de sua história, sempre conviveu com ditadores. Raro foi aquele que deixou o povo em paz sem uso da opressão e do chicote. Os tempos dos Czares – aí incluídos os reinados de Ivan IV e da dinastia de 300 anos da família Romanov e o período da chamada ditadura comunista do proletariado, no qual destaca-se o gênio guerreiro sem compostura e sem regras, o genocida frio Joseph Stálin – mostram o quanto a Rússia tem sido vítima de déspotas que se incluem no catálogo dos mais perversos líderes da humanidade.

Do lance democrático de Gorbachev e da primeira eleição pelo voto direto

Depois da luz de liberdade política e econômica somada à transparência trazida pela perestroika e pela glasnost, introduzidas no período do governo Mikhail Gorbachev com aplausos de todos os países democráticos, inclusive dos EUA o maior inimigo da URSS na guerra fria, adveio a data da primeira eleição pelo voto direto do povo. Contados os votos, em meio a grandes perspectivas de mudanças elegeu-se para presidente Boris Iéltsin, uma figura muito popular na época.

De como surgiu o quase desconhecido Putin

Ao assumir o mandato (1991), Boris Iéltsin fez uma coisa boa: de uma só canetada acabou com o velho e moribundo regime comunista de Lenin, o qual, como sabemos, foi o primeiro líder do regime, cujo governo foi instalado em 1917 com a Revolução Russa.

Com o passar dos anos o povo foi cansando do governo de Boris Iéltsin, acabando por cair em desgraça no seio do povo que antes o idolatrava. Perdeu por completo a popularidade (taxa de desaprovação de 2%), por causa da corrupção, dos fracassos de seus planos econômicos que redundaram em inflação, desemprego e aumento da pobreza. Boris isolou-se no Kremlin, ou em sua chácara, quase sempre ébrio pelo consumo diário de Vodka. O povo o desprezava e não queria saber dele.

Foi aí que, na passagem do ano de 1999 para 2000, Iéltsin teve um momento de lucidez ao anunciar em discurso um pedido de renúncia irrevogável do cargo de presidente.

Do oficial da KGB que assumiu a presidência

Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, está no comando da Rússia há 25 anos. Governa com mão-de-ferro, não aceita contestações de opositores, semelhante ao Czar Ivan IV, o terrível e a outros déspotas da nação russa. Adversário do governo de Putin, quando não é mandado para a cadeia, desaparece misteriosamente.

É bom lembrar que Putin, antes de se tornar governante fora oficial da KGB, a antiga agência de inteligência russa, que fez toda sorte de maldades durante os anos de chumbo da ditadura comunista, que não foram poucos.

Com a renúncia inesperada de Boris deu-se a vacância do cargo de presidente. Como Putin era o primeiro ministro que havia sido nomeado pela renunciante quando ainda governava, assumiu nessa condição em caráter interino a presidência. Em seguida, mesmo ainda sendo um político quase desconhecido e sem nenhum carisma, resolveu ser candidato em 2000, com mandato a encerrar-se em 2004. Venceu, repetindo a façanha na sua reeleição. Quando veio o pleito de 2008, como não podia disputar novamente porque era proibido reeleger-se por 2 mandatos consecutivos, resolveu apoiar como seu sucessor o amigo e coordenador de suas campanhas eleitorais Dmitri Medvedev que lhe foi de uma fidelidade canina, nomeando-o seu primeiro ministro e em 2012 passou-lhe a faixa presidencial, depois de uma eleição na qual choveram denúncias de fraudes.

Foi neste novo mandato que Putin invadiu e tomou posse da Criméia (2014), território pertencente à Ucrânia.

Do plebiscito para mais uma vez renovar seu mandato

Em 2020, durante a pandemia da corona vírus, armou um plebiscito para que a população autorizasse sua reeleição por mais dois mandatos a partir do ano de 2024. A oposição, se é que ainda existia oposição, protestou afirmando que Putin queria ser presidente vitalício.

Da tomada da Crimeia

Putin alimenta um ódio mortal à Ucrânia que antes da perestroika fora território russo, e se transformara depois da independência numa nação próspera, grande produtora de trigo, possuidora de riquezas minerais como as chamadas terras raras, detentora de tecnologia avançada e de inovação. Kiev a sua capital, era esplendorosamente bonita e acolhedora.

A Ucrânia é uma nação heróica que batalhou e sofreu com os ataques massacrantes dos nazistas na 2ª guerra.

É possível que essas potencialidades e virtudes históricas incontestáveis da Ucrânia tenham despertado a cobiça e a inveja por parte de Putin.

Para reduzir o tamanho, a importância e a grandeza da Ucrânia perante o mundo, pra começar, Putin desferiu-lhe um golpe tremendo, tomando para si a Criméia pela força.

 Da invasão do território da Ucrânia

Ainda não satisfeito com essa conquista, por anos, depois de 2014, passou a fazer ameaças e acusações infundadas contra a Ucrânia para justificar a invasão que terminou por ser operacionalizada em 24 de fevereiro de 2022.

A guerra provocada por Putin era prevista como de curta duração. Devido ao poderio das armas russas poderia findar em menos de um mês, ele se gabava, mas já dura mais de 3 anos.

No entanto, o medo da guerra e dos frequentes bombardeios de Putin sobre as cidades Ucranianas geraram um deslocamento de sua população da ordem de 10 milhões de pessoas, a maior parte fugindo para os países da Europa.

No entanto, muita gente ficou na terra, e, com heroísmo e coragem ofereceu-se a alistar-se no exército para enfrentar a máquina de guerra de Putin, numa luta que se prenunciava desigual.

 Das mortes contabilizadas na guerra de Putin

Segundo a ONU mais de 12,3 mil civis, entre crianças e adultos, foram mortos na guerra da Ucrânia desde a invasão da Rússia, mencionando um aumento no número de vítimas devido ao uso de drones, mísseis de longo alcance e bombas planadoras.

Mas as perdas dos soldados russos nas áreas de combate atingem números jamais imaginados por Putin e seu staff militar. Mais de 70.000 soldados que lutavam pelo Exército da Rússia morreram no campo de batalha desde o início da guerra, segundo levantamento da emissora britânica BBC.

Da reação da Ucrânia e dos apelos pela paz

Volodymyr Zelensky, e os seus patriotas ucranianos estão reagindo com risco potencial de perder as suas próprias vidas no amanhecer de cada dia em defesa da soberania de sua Pátria.

Usando armas de aliados da OTAN, e drones movidos a IA (projetados e construídos na Ucrânia), que voam percorrendo os céus e podendo chegar a uma distância de 600 km, bombardeiam alvos estratégicos no território russo, como campos de pouso, fábricas de armamentos e refinarias de petróleo, atemorizando até mesmo Moscou. Reação que nunca fora esperada por Putin.

Da paz que todos pregam. Só Putin não quer

O mundo civilizado e humanista denuncia o genocídio comandado por Putin que age em nome de um expansionismo e de um saudosismo de conquistas que não cabem mais nos tempos atuais.

Todos desejam a paz, a partir da própria Ucrânia, o país invadido, todos querem um cessar-fogo para uma negociação honrosa e para evitar novas mortas. Todavia, o ditador russo teima em fazer-se de surdo aos apelos gerais e continua determinado a destruir um lindo país e um povo extraordinário.

Com a sua sanha avassaladora para matar e destruir, não há como deixar de atribuir-lhe um apelido que lhe cabe muito bem: “Putin, O Terrível II”

*Antonio Carlos Valadares

Advogado, especialista em direito político e prática eleitoral

 

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ex-senador da República. Fui Lider/PSB, vice-pres/Senado, pres/CDR, pres/ConselhoDeÉtica, pres/CAS, pref/S. Dias,dep estadual/pres da ALESE, dep fed, Sec/Educ, vice-gov, gov, senador 3x