O Candidato

Nas campanhas políticas por este Brasil afora muitas coisas são ditas e prometidas pelos candidatos para impressionar eleitores e ganhar votos. Para enfeitar o pavão, o marketing contratado a peso de ouro tem que ser competente para mostrar as virtudes e esconder os defeitos do candidato.

O marqueteiro, geralmente, é uma pessoa fria na estratégia a seguir, discreta nos seus afazeres, contorcionista na arte da dissimulação e convincente ao apresentar seu produto, o candidato.

Tem que criar emoção em tudo que faz na telinha, no rádio e nas redes sociais em benefício do candidato. Tem que mostrar que o candidato é cuidadoso com o erário, e que está preparado pra fazer tudo bem feito, com devotamento e conduta retilínea para atender ao sagrado desejo do povo em ter uma educação, uma saúde ou uma segurança pública de qualidade, e tudo o mais que for necessário para romper a barreira da pobreza.

O empresariado precisa ser convencido de que não haverá aumento da carga tributária, e que a receita que vem dos impostos que eles pagam será revertida em serviços e obras para todos os cidadão e cidadãs. O progresso do Estado garante maiores lucros para os que se dedicam a investir na iniciativa privada.

O candidato tem que se comprometer com fornecedores e executores de obras púbicas assegurando-lhes o recebimento integral de suas faturas sem atrasos ou procrastinações de tudo aquilo que as suas empresas realizarem licitamente.

O candidato é um ser especial, que tem resposta para soluções intricadas, adquiriu experiência pra resolver, é corajoso para fazer mudanças e colocar o governo no rumo certo.

Nos debates mostra segurança, conhecimento e desenvoltura. É um político sorridente e agradável que passa a impressão de ser receptivo e de fácil acesso, um cidadão que respeita as divergências como deve se portar um democrata. Diz que está disposto a organizar uma agenda para receber as pessoas do povo no Palácio de Despacho para ouvir suas opiniões. E gosta das criancinhas, que são o futuro da Nação.

Se o candidato é evangélico fala como se tivesse no púlpito da igreja, mencionando o nome de Jesus quase sempre para mostrar a sua religiosidade. A Bíblia para ele é o passaporte da confiança dos fiéis na sua palavra, dizer com firmeza que é conservador, destacar a importância da família, vestir uma camisa verde e amarelo são atos que ajudam a atrair votos desse ramo religioso e do conservadorismo que abomina a esquerda.

O candidato não deve esconder suas origens humildes, ao contrário, se for um filho de vaqueiro, de uma professora, de um barbeiro, de uma costureira, de um operário, ou de um roceiro que pegou um pau de arara até a cidade grande atrás de um emprego, isto o identifica com a maioria da população sofredora, conquistando a simpatia de muitos eleitores. O lado do candidato só tem doçura e eficiência, trabalho e honestidade, não lhe faltando as virtudes da humildade e do bom coração.

As festas tradicionais como o carnaval e o São João farão parte do calendário anual do governo.
Tem que ser natural ao distribuir beijinhos, juntando as mãos e fazendo um coração, simbolizando o seu amor para os acenos, não podendo faltar apertos de mão e abraços para compor um cenário de alegria contagiante.

As cenas na TV têm que ser leves, alegres e coloridas, exibindo um cenário róseo, o céu é sempre de brigadeiro como deve ser a vida sonhada por todos. O candidato repudia com veemência fazer traquinagens com dinheiro público. E que tudo será feito com transparência, de um modo tão claro como a luz do dia.

O eleitor tem que ser convencido de que o candidato é o melhor, e, que, nas horas de crise, surge como um super homem.

Aparece arregaçando as mangas e, no governo, a partir do primeiro dia e em todos os dias, será mãos à obra sem parar, com as fórmulas mágicas de quem possui o poder de prever e vir de imediato com a solução.O candidato não pode esquecer dos servidor público que carrega nas costas o trabalho de impulsionar a máquina do Estado. Por isso, o candidato tem um olhar generoso para com esses trabalhadores, comprometendo-se de que a folha nunca será paga com atraso, e que os aumentos serão concedidos sempre acima da inflação.

Quando o candidato tem a máquina em seu favor, principalmente em momentos de dificuldades – como os que vive hoje o Brasil -, os apoios vêm aos borbotões, porque a estrutura em sua volta é forte e quase intransponível. Os cargos de livre escolha, os famosos CCs, são acionados com o aviso de que se o resultado for negativo na certa vão ser exonerados e substituídos pelo vitorioso. É ganhar ou perder.

O bom marketing cria verdadeiras histórias de Trancoso, para colocar o candidato na frente e vencer a corrida eleitoral. Tem que ser também criativo, e até certo ponto, impiedoso, no desmonte do adversário. O ataque nunca pode ser frontal para não irritar o eleitor. Uma meia verdade aqui, uma mentirinha acolá, com muita cautela pra não ser punido pela Justiça Eleitoral, vai danificando aos poucos a imagem do adversário, desqualificando-o para o cargo. Como faz um jogador de box, insistindo em bater na ferida até nocautear o seu oponente.

Pode ser que, numa fase em que o candidato estiver em baixa e as pesquisas confirmem a preferência por um de seus adversários, ele mude a estratégia, desferindo pancadas violentas contra aquele que passou-lhe à sua frente, mesmo sob o risco de ser multado pelo TRE, e de os seus programas de tv e rádio serem colocados fora do ar. É o ataque rasteiro, é o tudo ou nada, é o desespero do perdedor de véspera, uma estratégia que raramente o beneficia.

Porém, o candidato mais precavido faz logo um acordo por debaixo dos panos com um candidato sem esperança de ganhar para meter o pau no que que está na frente, e até nos debates fazer-lhe perguntas embaraçosas na tentativa de constrangê-lo e perder votos.

Por último, e não menos importante, no que toca à honestidade, o candidato tem que ser como a mulher de César, tem que ser não apenas honesto mas parecer honesto. Se for de família rica não precisa de dinheiro de ninguém, muitos eleitores assim pensam, mas se for descendente de uma família modesta, basta ver o passado do candidato. Para o povão, em ambos os casos, todos esses predicados podem funcionar como um verdadeiro atestado de honestidade.

Resta saber, se na prática, tudo será como foi dito, ou mesmo acima ou abaixo do que foi imaginado.

O importante é que a democracia, o governo do povo, pelo povo e para o povo (Abraham Lincoln), foi praticada nem que seja errando o voto.

Eleições periódicas viram escolas de aprendizagem para o eleitor aprender melhor como votar na próxima vez.

*Antonio Carlos Valadares
Especialista em Direito político e prática eleitoral, advogado

A Retomada da Democracia com Tancredo e Sarney. O governo do Novo Sergipe. A inflação galopante. Ascensão e queda de Collor

A Retomada da Democracia com Tancredo e Sarney. O governo do Novo Sergipe. A inflação galopante. Ascensão e queda de Collor

Um novo Sergipe na Nova República

Até os anos 70, do sec. 20, Sergipe era um Estado muito carente de obras de infraestrutura. Podia-se contar nos dedos a existência de boas estradas, de ações voltadas para o combate às secas e a fixação do homem à terra.

Apesar de Sergipe fazer parte da Bacia do rio São Francisco a escassez de água potável  nos municípios do Sertão e do Agreste era visível, aumentando o sofrimento de seus habitantes durante os longos períodos de estiagem.  Até a nossa capital, Aracaju, vivia o drama da falta do precioso líquido, ou até mesmo a ameaça de um colapso de fornecimento.

Por sorte, a Petrobras, uma força econômica em nosso Estado, precisava tocar os seus empreendimentos industriais, e a água era um insumo indispensável.

Em parceria com o governo Augusto Franco, a Petrobras construiu a adutora do rio São Francisco, destinada a suprir seus projetos (usina de Potássio e fábrica de Amônia e Uréia-Fafen), bem como ao abastecimento d’água de muitas cidades ao longo de seu percurso, desembocando em Aracaju, numa primeira etapa da realização dessa obra.  

Podia-se dizer que a adutora do São Francisco era uma obra redentora. 

O Sertão virava uma terra de ninguém durante as secas que dizimavam os rebanhos e provocava o fenômeno da evasão do homem do campo para as cidades à procura de água e comida. 

As secas acarretavam a interrupção e o esvaziamento das atividades econômicas tradicionais, como o plantio e o criatório de gado, e de caprinos e ovinos,  uma economia incipiente, mas, indispensável aos pequenos negócios e à alimentação da população sertaneja.

Assumi o governo de Sergipe no dia 15 de março de 1987. Slogan escolhido, Governo do Novo Sergipe. A Nova República, que fora construída e idealizada por Tancredo, por um imperativo do destino, se encontrava nas mãos de José Sarney. 

O Plano Cruzado de combate à inflação

José Sarney,  Vice-presidente, assumiu o governo da Nova  República, no dia 15 de março de 1985, em substituição ao presidente Tancredo Neves, que morreu antes da posse, emocionando o Brasil e a quantos o admiravam por sua postura de homem sério e devotado à luta persistente pelos valores da democracia e da liberdade.

Mas, parecia que a Nação, ainda que despedaçada pela dramaticidade daquele infortúnio, não perdera a esperança de melhores dias. O povo compreendeu a situação e deu a  Sarney, um crédito de confiança a seu governo que se instalava de acordo com as regras constitucionais, em situação emergencial delicada, com a missão da qual tinha plena responsabilidade e consciência de que teria de concretizar o sonho de Tancredo Neves e do povo brasileiro – o da retomada do processo democrático.

Sarney lançou, em  fevereiro de 1986,  o “Plano Cruzado”  que tinha como objetivo conter a inflação. Em 1985 chegou a 235% ao ano. 

O referido plano, nos primeiros meses foi um sucesso nunca antes experimentado no Brasil. Sarney tornou-se de um dia para o outro uma figura estimada, um presidente visto e respeitado como um político decidido e corajoso ao vigiar com firmeza o abuso da remarcação dos valores dos produtos nos supermercados, e a punição a fazendeiros que escondiam suas boiadas esperando a evolução dos preços da arroba para auferirem mais lucros em cima da população. As pessoas, espontaneamente, apareciam de caderneta na mão como “fiscais de Sarney”.

O PMDB venceu em todos os Estados, à exceção em Sergipe 

Nas eleições de 1986, o PMDB, partido do presidente Sarney, conseguiu eleger todos os governadores, menos em Sergipe, cujo candidato  José Carlos Teixeira (PMDB) foi derrotado nas urnas. Fui seu adversário, sendo eleito com mais de 52 mil votos de frente.

Apoiado pela coligação  PFL, PSB, PL, PCB e PCdoB, tive 53% dos votos válidos e José Carlos 43%. A nível de Estado, tínhamos uma aliança muito popular, com João Alves (PFL), governador,  e Jackson Barreto (PSB), prefeito da Capital, ambos no auge do prestígio político. Eu era um candidato a governador jovem (43 anos de idade), sem máculas, com uma participação intensa no legislativo e na administração pública (prefeito de Simão Dias, deputado estadual por duas legislaturas, presidente da Alese, Secretário de Estado da Educação e Cultura e deputado federal), transmitindo nos discursos de campanha o compromisso da continuidade de um governo realizador, e trazendo uma proposta diferenciada de desenvolvimento com justiça social. 

O Plano enquanto durou os brasileiros amaram

Somando-se a tudo isso, ainda tínhamos a simpatia do presidente da República José Sarney, cuja popularidade chegara às alturas com a execução do Plano Cruzado que, até então, estava dando certo.

Eu tive participação muito ativa, junto com Sarney,  para a formação de um agrupamento político que foi denominado Frente Liberal, embrião do PFL, visando a eleição de Tancredo Neves para presidente, ainda no processo de eleições indiretas, pelo Colégio Eleitoral, como estratégia para vencer o regime militar dentro do sistema que ele próprio criara.

Após aquela eleição indireta, e que seria a última, o compromisso de todos os que compunham o Movimento da Frente Liberal, seria a  instauração do sistema democrático com eleições diretas para todos os cargos, e a elaboração de uma nova Constituição, pela transformação do futuro Congresso Nacional em Poder Constituinte.   

A Equipe econômica de Sarney deu a ideia do lançamento do Plano Cruzado como solução salvadora para derrubar o processo inflacionário que recrudescia a cada dia, quando medidas drásticas foram anunciadas, a saber:  congelamento de preços e a substituição da moeda corrente do país, do cruzeiro para o cruzado (daí o nome do plano).

Todavia, de nada adiantaram essas medidas para frear a inflação que parecia indomável. O plano virou água. O processo inflacionário assumia proporções imprevistas, com números que assombravam a todos, fazendo decair a popularidade do presidente, deixando um horizonte incerto para o Brasil, e se espalhando para todos os Estados como um rastilho de pólvora a explodir na primeira eleição que surgisse à frente. E o presidente Sarney, que se tornara, como disse acima, uma figura popular, no entanto – depois que eclodiu de forma violenta o monstro da inflação, acabando a boa perfomance do Plano Cruzado -,  passou a ser estigmatizado, xingado e ridicularizado pela população.

Fases de insatisfação quase sempre redundam no surgimento de milagreiros, o povo se apegando a qualquer um que saiba manipular os sofrimentos e as frustrações.

O  eleitor foi na onda da novidade e do populismo salvador.  A rota da  frustração de um povo

A Era Fernando Collor

Foi daí que surgiu, em meio à frustração popular, o famoso caçador dos marajás, Fernando Collor, então governador de um pequeno Estado do Nordeste que passou a ser visto pelo povo como o Salvador da Pátria, um novo Messias vindo das Alagoas, que nos livraria da inflação e varreria toda a corrupção e privilégios que imperavam no País.

Aquele  jovem candidato, dono de um discurso persuasivo e encantador, entraria no gosto do eleitorado, derrotando Lula no 2º turno (pleito de 1989), numa campanha sem fôlego, atraindo multidões de eleitores para o seu lado.

Ao assumir as rédeas do governo com Zélia no comando da Economia, Collor nos levaria à retenção da caderneta de poupança, e a uma grave crise institucional, abatido que fora por um impeachment – como resposta à frustração que voltou a reinar nas mentes  e nos corações desse Brasil verde e amarelo. O governo Collor caiu em meio a um lamaçal de escândalos. O seu próprio irmão Pedro Color em entrevista de primeira capa da Veja o denunciou como beneficiário de um esquema de corrupção e  de lavagem de dinheiro, tendo como artífice PC Farias, que havia sido o tesoureiro da campanha presidencial.

Collor tomou posse como presidente em 15 de março de 1990, e renunciou em 29 de dezembro de 1992.

Em recente decisão do STF Collor foi condenado a cumprir uma sentença de mais de 8 anos de prisão em regime fechado, convertida em prisão domiciliar fundamentada em comorbidades (a principal, mal de Parkinson), comprovadas em exames médicos.

Por muito tempo presidiu a comissão de relações exteriores do Senado.

Fui colega de Collor no Senado. Sentava-se na primeira fila do lado esquerdo do plenário. Discreto, atencioso e educado. 

Toda vez que eu me dirigia à sua cadeira para cumprimenta-lo, ele, num gesto de referência, fazia questão de levantar-se e apertava minha mão dizendo: “como vai governador?”. 

Lembro-me de que quando o MPF abriu contra ele inquérito para apurar supostas crimes de recebimento de propinas de empresas investigadas pela Lava Jato, Collor insistiu em proferir discursos com palavras fortes pontuando parcialidade e falsidade de todas as acusações.  E o alvo frequente de suas palavras era Rodrigo Janot, então Procurador Geral da República, a quem chegou chamá-lo de fascista em discurso proferido na tribuna, depois que tomou conhecimento de que se tornara réu na Suprema Corte em face da denúncia da PGR.

O STF ao aprofundar as investigações terminou encontrando provas tão contundentes que os seus advogados não encontraram nenhuma saída jurídica para afastar a sua condenação.

Achei muito justa e humana a decisão do Ministro Alexandre de Moraes ao conceder-lhe o benefício da prisão domiciliar por motivo de comorbidades graves.

O GATILHO SALARIAL, PARA COMPENSAR AS PERDAS COM A INFLAÇÃO GALOPANTE

Voltando ao governo Sarney, a inflação foi subindo até chegar ao seu ponto máximo em março de 1990, a uma  taxa incrível de 84,3% ao mês. 

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Não fosse o gatilho salarial que implantei, garantindo uma reposição da remuneração dos servidores toda vez que a inflação atingia 20%, o Estado teria que hibernar em greves permanentes pela diluição dos ganhos daqueles que movimentavam a máquina estatal, os funcionários públicos.

Para não perder com a inflação galopante e ter algum saldo para assegurar pelo menos o pagamento da folha sem atrasos, todos os recursos do Estado, obrigatoriamente, tinham que estar no overnight, uma modalidade de aplicação financeira que garantia uma renda fixa todos os dias. Se não tomássemos essa providência, a arrecadação praticamente zerava ao fim do mês. 

Hoje em dia, quando a inflação nem chega à casa dos 5% ao ano, em comparação com aquele período em que governei, tendo que enfrentar uma taxa inflacionária superando o patamar de  80% ao mês, assistimos  hoje governadores ameaçando decretar estado de calamidade financeira. Não passam de uns meninos mimados, chorando e gritando , de pires na mão, atrás de ajuda do Executivo ou do Legislativo para resolver a crise que eles próprios criam.

Com a implantação de projetos de irrigação nos anos de 1980, como o Califórnia, e os das adutoras, (projeto Chapéu de Couro, 1° governo João Alves), a situação começou a melhorar. 

Todos esses projetos tiveram continuidade no período em que governei o Estado (87-91), fazendo a sua implantação definitiva com o assentamento de produtores, fornecendo apoio financeiro e assistência técnica.

As realizações de nosso governo  que teve a duração de 4 anos, sem direito à reeleição, são postadas em várias partes deste blog. 

ACV

Saudade do Papa Francisco: humildade e grandeza.

O papa Francisco deixou um legado de humildade e grandeza. Com sua personalidade marcante encorajou a humanidade a persistir na paz e na boa convivência entre os povos.

Condenou as mortes provocadas pelas guerras e concitou os países mais ricos a ajudar a pobreza que persiste no mundo inteiro ao invés de gastar com bombas e canhões.

Lutou com a sua palavra e ação como Sumo Pontífice para reformar a Igreja de Cristo.

Empenhou-se nos 12 anos de papado para percorrer o mundo e levar a interpretação precisa do Evangelho em mensagens que estão gravadas nas mentes da gente humilde que parou para ouvi-lo assim como no passado na Terra Sagrada escutou a Cristo no Sermão da Montanha.

Que Deus na sua infinita bondade e sabedoria tenha o nosso Papa Francisco ao seu lado para rezar por nós e pelo futuro das nações para que elas  venham desfrutar de uma convivência fraterna para todo o sempre.

ACV

 

Valadares Filho – Entrevistado pelo JLPolítica

“ Sergipe é um dos territórios culturalmente mais ricos do Brasil”, afirma o  Secretário de Cultura Valadares Filho ao conceder entrevista ao  jornalista Josailto no seu portal JLPOLÍTICA na qual destaca entre diversas áreas do setor que ele hoje representa em Sergipe  – por nomeação do governador Fábio Mitidiere – o protagonismo da Cultura no Estado, suas potencialidades e integração com a cultura nacional. Leia entrevista completa

Putin, O TERRÍVEL II

Do Czar Ivan IV, o primeiro soberano coroado da Rússia

O primeiro Czar da Rússia, Ivan IV, era um governante tão cruel que ficou conhecido como Ivan, o Terrível. Foi coroado aos 16 anos, em 1547. Não admitia opositores e os perseguia com atrocidade e fúria. Possuidor de um instituto perseguidor e sanguinário levava seus adversários às prisões, torturava-os ou os matava sem dó nem piedade.

Num momento de raiva deu uma cacetada na cabeça no seu filho primogênito tão violenta que terminou matando-o. Arrependeu-se, contratou os médicos mais famosos para assisti-lo e cura-lo, mas não teve jeito, o seu herdeiro mais velho foi-se.

No seu governo de longa duração (37 anos), empreendeu reformas para consolidar ao extremo o seu poder ditatorial, formando um poderoso exército para combater tenazmente seus inimigos internos e externos, e ampliar o território russo além de suas fronteiras.

Apesar de suas paranoias, dizia-se que era muito piedoso, que tirara o país do atraso, medieval, convertendo-o num império, e que, devido ao seu empenho, com apoio do exército que formara, conseguiu aumentar a área de ocupação russa para quase 1 bilhão de hectares, unindo povos de línguas e raças diferentes, contribuindo assim para a formação da “Mãe Russa”.

Devido a isso, por incrível que pareça, há hoje um movimento na Rússia para torná-lo Santo, sem repúdio ou proibição de Putin, contudo repudiado pela Igreja Ortodoxa.

Do autoritarismo Russo, uma predestinação de séculos

É fato que a Rússia, ao longo de sua história, sempre conviveu com ditadores. Raro foi aquele que deixou o povo em paz sem uso da opressão e do chicote. Os tempos dos Czares – aí incluídos os reinados de Ivan IV e da dinastia de 300 anos da família Romanov e o período da chamada ditadura comunista do proletariado, no qual destaca-se o gênio guerreiro sem compostura e sem regras, o genocida frio Joseph Stálin – mostram o quanto a Rússia tem sido vítima de déspotas que se incluem no catálogo dos mais perversos líderes da humanidade.

Do lance democrático de Gorbachev e da primeira eleição pelo voto direto

Depois da luz de liberdade política e econômica somada à transparência trazida pela perestroika e pela glasnost, introduzidas no período do governo Mikhail Gorbachev com aplausos de todos os países democráticos, inclusive dos EUA o maior inimigo da URSS na guerra fria, adveio a data da primeira eleição pelo voto direto do povo. Contados os votos, em meio a grandes perspectivas de mudanças elegeu-se para presidente Boris Iéltsin, uma figura muito popular na época.

De como surgiu o quase desconhecido Putin

Ao assumir o mandato (1991), Boris Iéltsin fez uma coisa boa: de uma só canetada acabou com o velho e moribundo regime comunista de Lenin, o qual, como sabemos, foi o primeiro líder do regime, cujo governo foi instalado em 1917 com a Revolução Russa.

Com o passar dos anos o povo foi cansando do governo de Boris Iéltsin, acabando por cair em desgraça no seio do povo que antes o idolatrava. Perdeu por completo a popularidade (taxa de desaprovação de 2%), por causa da corrupção, dos fracassos de seus planos econômicos que redundaram em inflação, desemprego e aumento da pobreza. Boris isolou-se no Kremlin, ou em sua chácara, quase sempre ébrio pelo consumo diário de Vodka. O povo o desprezava e não queria saber dele.

Foi aí que, na passagem do ano de 1999 para 2000, Iéltsin teve um momento de lucidez ao anunciar em discurso um pedido de renúncia irrevogável do cargo de presidente.

Do oficial da KGB que assumiu a presidência

Vladimir Putin, presidente da Federação Russa, está no comando da Rússia há 25 anos. Governa com mão-de-ferro, não aceita contestações de opositores, semelhante ao Czar Ivan IV, o terrível e a outros déspotas da nação russa. Adversário do governo de Putin, quando não é mandado para a cadeia, desaparece misteriosamente.

É bom lembrar que Putin, antes de se tornar governante fora oficial da KGB, a antiga agência de inteligência russa, que fez toda sorte de maldades durante os anos de chumbo da ditadura comunista, que não foram poucos.

Com a renúncia inesperada de Boris deu-se a vacância do cargo de presidente. Como Putin era o primeiro ministro que havia sido nomeado pela renunciante quando ainda governava, assumiu nessa condição em caráter interino a presidência. Em seguida, mesmo ainda sendo um político quase desconhecido e sem nenhum carisma, resolveu ser candidato em 2000, com mandato a encerrar-se em 2004. Venceu, repetindo a façanha na sua reeleição. Quando veio o pleito de 2008, como não podia disputar novamente porque era proibido reeleger-se por 2 mandatos consecutivos, resolveu apoiar como seu sucessor o amigo e coordenador de suas campanhas eleitorais Dmitri Medvedev que lhe foi de uma fidelidade canina, nomeando-o seu primeiro ministro e em 2012 passou-lhe a faixa presidencial, depois de uma eleição na qual choveram denúncias de fraudes.

Foi neste novo mandato que Putin invadiu e tomou posse da Criméia (2014), território pertencente à Ucrânia.

Do plebiscito para mais uma vez renovar seu mandato

Em 2020, durante a pandemia da corona vírus, armou um plebiscito para que a população autorizasse sua reeleição por mais dois mandatos a partir do ano de 2024. A oposição, se é que ainda existia oposição, protestou afirmando que Putin queria ser presidente vitalício.

Da tomada da Crimeia

Putin alimenta um ódio mortal à Ucrânia que antes da perestroika fora território russo, e se transformara depois da independência numa nação próspera, grande produtora de trigo, possuidora de riquezas minerais como as chamadas terras raras, detentora de tecnologia avançada e de inovação. Kiev a sua capital, era esplendorosamente bonita e acolhedora.

A Ucrânia é uma nação heróica que batalhou e sofreu com os ataques massacrantes dos nazistas na 2ª guerra.

É possível que essas potencialidades e virtudes históricas incontestáveis da Ucrânia tenham despertado a cobiça e a inveja por parte de Putin.

Para reduzir o tamanho, a importância e a grandeza da Ucrânia perante o mundo, pra começar, Putin desferiu-lhe um golpe tremendo, tomando para si a Criméia pela força.

 Da invasão do território da Ucrânia

Ainda não satisfeito com essa conquista, por anos, depois de 2014, passou a fazer ameaças e acusações infundadas contra a Ucrânia para justificar a invasão que terminou por ser operacionalizada em 24 de fevereiro de 2022.

A guerra provocada por Putin era prevista como de curta duração. Devido ao poderio das armas russas poderia findar em menos de um mês, ele se gabava, mas já dura mais de 3 anos.

No entanto, o medo da guerra e dos frequentes bombardeios de Putin sobre as cidades Ucranianas geraram um deslocamento de sua população da ordem de 10 milhões de pessoas, a maior parte fugindo para os países da Europa.

No entanto, muita gente ficou na terra, e, com heroísmo e coragem ofereceu-se a alistar-se no exército para enfrentar a máquina de guerra de Putin, numa luta que se prenunciava desigual.

 Das mortes contabilizadas na guerra de Putin

Segundo a ONU mais de 12,3 mil civis, entre crianças e adultos, foram mortos na guerra da Ucrânia desde a invasão da Rússia, mencionando um aumento no número de vítimas devido ao uso de drones, mísseis de longo alcance e bombas planadoras.

Mas as perdas dos soldados russos nas áreas de combate atingem números jamais imaginados por Putin e seu staff militar. Mais de 70.000 soldados que lutavam pelo Exército da Rússia morreram no campo de batalha desde o início da guerra, segundo levantamento da emissora britânica BBC.

Da reação da Ucrânia e dos apelos pela paz

Volodymyr Zelensky, e os seus patriotas ucranianos estão reagindo com risco potencial de perder as suas próprias vidas no amanhecer de cada dia em defesa da soberania de sua Pátria.

Usando armas de aliados da OTAN, e drones movidos a IA (projetados e construídos na Ucrânia), que voam percorrendo os céus e podendo chegar a uma distância de 600 km, bombardeiam alvos estratégicos no território russo, como campos de pouso, fábricas de armamentos e refinarias de petróleo, atemorizando até mesmo Moscou. Reação que nunca fora esperada por Putin.

Da paz que todos pregam. Só Putin não quer

O mundo civilizado e humanista denuncia o genocídio comandado por Putin que age em nome de um expansionismo e de um saudosismo de conquistas que não cabem mais nos tempos atuais.

Todos desejam a paz, a partir da própria Ucrânia, o país invadido, todos querem um cessar-fogo para uma negociação honrosa e para evitar novas mortas. Todavia, o ditador russo teima em fazer-se de surdo aos apelos gerais e continua determinado a destruir um lindo país e um povo extraordinário.

Com a sua sanha avassaladora para matar e destruir, não há como deixar de atribuir-lhe um apelido que lhe cabe muito bem: “Putin, O Terrível II”

*Antonio Carlos Valadares

Advogado, especialista em direito político e prática eleitoral

 

Trump, o encrenqueiro

DA INVENÇÃO DA FRAUDE PARA DESFERIR O GOLPE

Vira e mexe, o presidente dos EUA Donald Trump usa a sua metralhadora giratória atirando a torto e a direito. Com a mira um tanto quanto descalibrada desfere tiros indistintamente, atingindo países aliados ou não, em uma guerra comercial de caráter protecionista, sem precedentes na história dos conflitos econômicos.  É a prática de um nacionalismo atrasado de bater no peito ou fazer acenos copiados do nazismo hitleriano passando a impressão para o grande público de um gesto de extrema arrogância.

Deixando de lado todas as encrencas que ele arrumou no seu primeiro mandato, em cuja ocasião inclusive foi aberto contra ele um processo investigativo por abuso sexual, vou citar apenas o imbróglio da invasão do Capitólio (sede do Poder Legislativo americano) intentada por seus tresloucados seguidores, incitados pelo discurso radical e inoportuno  do presidente Trump de que nas eleições perdidas para Biden o resultado fora fraudado. Esse movimento de protesto, que lhe valeu o segundo impeachment (saiu ileso),  ocorreu no dia 6 de janeiro de 2021, considerado por juristas como uma tentativa atabalhoada de golpe de Estado contra a ordem constitucional e o sistema eleitoral  americanos vigentes. Pelo menos 5 pessoas perderam a vida e dezenas de policiais ficaram feridos.

O DIA DA LIBERTAÇÃO

Utilizando uma mensagem comercial belicista, escolheu o dia 2 de janeiro de 2025, como O Dia da Libertação dos EUA, data em que lançara o seu pacote de maldades contra o mundo inteiro.  Exagero maior não existe ao considerar o lançamento de um tarifaço como um ato patriótico de libertação, dando a entender de que a nação naquele ato, estaria se libertando das amarras de um mundo perverso, ou que estaria, segundo a sua falsa pregação, fazendo o ressurgimento dos EUA depois de tantos anos de aprisionamento econômico forçado. É sabido que a única libertação que houve no país, após a sua independência política, foi a libertação dos escravos, a qual, para ser concretizada foi desencadeada a Guerra da Secessão, que custou lágrimas e sangue, entre irmãos do Sul e do Norte da América.

Para fazer valer esse pacote de taxas da “Libertação”  que foram calculadas por sua equipe econômica empregando fórmulas mirabolantes, o presidente encrenqueiro nem se condoeu de que estava expurgando a diplomacia da boa convivência entre nações, desrespeitando acordos comerciais e enfraquecendo o comércio bilateral, possivelmente mergulhando o seu próprio país numa recessão descontrolada.

RIQUEZA E ABUNDÂNCIA

Ao contrário daquilo que prega Donald Trump, os EUA na fase atual nadam em abundância e prosperidade. Contudo, sua ação é no sentido de mostrar que antes dele a nação quase não existia, era quebrada e ingovernável, e que agora sob seu comando, é que será grande, rica e poderosa e  que está conduzindo o seu barco para águas calmas. Pura mentira, que nem uma pessoa simples do povo e sem maiores conhecimentos do dia a dia americano acredita.

A realidade será sentida por aqueles que sabem onde o sapato aperta, quando forem ao supermercado para abastecer suas cozinhas, ao mercado imobiliário para comprar um apartamento para morar,  procurar escolas para educar seus filhos ou contratar planos de saúde e de aposentadoria para se curarem e se prevenirem, ou comprar um simples carro para se locomoverem.

O Sr Trump e sua equipe de conselheiros bilionários nunca sofreram na carne a dor que sente a gente comum dos Estados Unidos e dos outros países.

EM CURSO O PAPEL SECUNDÁRIO DOS EUA

Segundo o colunista Fared Zacaria em  artigo escrito para o`Washington Post´, e transcrito no Estadão,  sob o título “Trump pode levar EUA a um papel secundário no mundo”, em seu conteúdo traz a lume dados bastante interessantes sobre a boa vida dos americanos nos tempos de hoje: “Em 1990, a média salarial dos EUA era de 20% maior do que a média geral no mundo industrializado avançado; agora é cerca de 40% maior. Em 1995, um japonês era 50% mais rico do que um americano em termos de PIB per capita, hoje um americano é cerca de 150% mais rico do que um japonês”. 

O famoso articulista informa que o estado americano mais pobre, o Mississipi, tem um PIB per capita maior do que o do Reino Unido, da França ou do Japão.

Por fim, Zacarias adverte que Trump está arrastando os EUA para a época em que o país era mais pobre, dominado por oligarcas e corrupção e contente com sua arrogância em seu próprio quintal e em intimidar seus vizinhos, mas secundário em relação às grandes correntes globais da economia e da política. 

O TARIFAÇO E A VANTAGEM DA CHINA

Os efeitos da política desastrosa de Trump já se fazem sentir no âmbito interno com a eclosão de movimentos de protestos contra os cortes na educação e na saúde, o medo do aumento do custo de vida e das taxas de desemprego  e de uma nova escalada inflacionária.

As nações estão se preparando, cada uma delas retaliando a seu modo, impondo tarifas mais ou menos iguais às dos EUA.  Na tentativa de minimizar o prejuízos causados pelas medidas, os governantes tiram do baú seus planos de reciprocidade tarifária e querem  utilizá-los como armas de dissuasão para rechaçar os libidos de ganhos econômicos do desalmado governante, cujo comportamento nem Freud explicaria.

A China reagiu na mesma proporção e  parece estar levando ampla vantagem econômica com seu potencial de produção e de consumo ao abrir suas portas para as nações. Apesar de adotar um sistema político ditatorial, os seus governantes procuram melhorar a sua pujança econômica com uma postura pacífica e empreendedora para conquistar novos mercados em vez de intimidar os outros com ameaças e criação de tarifas absurdas.

A loucura de Trump já deu sinais em entrevista divulgada antes de sua posse,  na qual sugeriu a anexação do Canadá e a tomada por meios militares da Groelândia (território da Dinamarca), uma grave ameaça  a países amigos que nunca empreenderam atos belicosos contra os EUA.

No que se refere ao Brasil, por ser um grande celeiro de produção de alimentos e devido ao seu grande potencial de reservas de minerais,  de petróleo e gás, não tem o que temer. Pode ser um parceiro mundial forte nas trocas comerciais, e tornar-se graças  a Trump numa alternativa de alinhamento e acordos com os países contrariados com os EUA. O Mercosul, do qual o Brasil faz parte, ganha cada vez mais a compreensão e simpatia do Mercado Comum Europeu nos negócios bilaterais que por sinal já estão em andamento.

BAGUNÇANDO A PAZ AO INVÉS DE CONSTRUIR PONTES DE ENTRELEÇAMENTO

Tudo leva a crer que o dinheiro e o poder modificaram a mente da mais elevada autoridade americana. Trump deveria saber que pela posição que ocupa de presidente da maior potência mundial que em duas guerras mundiais combateu contra o autoritarismo e o nazifascismo, pelo ideal democrático, deveria preservar a memória de suas heróis mortos na luta, pronunciando-se com um mínimo de discernimento e respeito aos países e à determinação dos povos, preocupando-se em unir as nações em torno dos EUA, como fizeram tantos vultos da história americana.

Ao invés de bagunçar a obra de paz e união construída por figuras exponenciais que construíram a grande nação americana, Donald Trump estaria muito melhor colocado como presidente se abandonasse a encrenca e partisse para construir pontes de amizade e de bom entrosamento  com todos os países, seguindo o caminho da paz e do trabalho.

*Antonio Carlos Valadares

Advogado especialista em Direito Político e Prática Eleitoral

Hoje em dia vale a pena tentar um mandato eletivo?

A POLÍTICA MUDOU, OS TEMPOS SÃO OUTROS.
A cada eleição a vontade de ser político não é a mesma de outros tempos. Quem é convidado para entrar nesse ramo complexo, quase sempre balança a cabeça pra direita e pra esquerda mostrando no gesto total rejeição. A ideia, que muitos propagam, é que a política não é coisa de gente séria, exigindo perda de tempo e dinheiro, além de ser uma carreira as mais das vezes suspeita, mesmo que o detentor do mandato tenha um passado de integridade. A priori, considero injusta essa imprecação generalizada de certos eleitores que se escondem na omissão, anulam o voto, votam em branco, não comparecem às urnas, preferindo ir à praia, e, no entanto, são os primeiros a se queixarem quando surgem ações no horizonte em seu desfavor.

Sempre achei a política uma arte nobre, um instrumento indispensável ao bem-estar da sociedade. Ainda não mudei o meu pensamento a esse respeito, apesar das surpresas e decepções naturais de quem está fora do poder.

SEM ESTRUTURA A DISPUTA É DESIGUAL

Mas tenho que reconhecer que a política, nos tempos atuais, se encontra arraigada na mente de muitas pessoas como uma ocupação na qual se perde a autonomia ou até mesmo a moral, na busca desenfreada de um naco de poder. A lealdade ao partido, ao líder e aos aliados, virou uma peça de decoração na caminhada de cada um, dependendo do momento e da conveniência. Além do mais, quem estiver disposto a concorrer, e não contar com a chamada “estrutura”, representada por recursos financeiros, econômicos e políticos, é melhor ir logo pensando em desistir do intento. Assim pensa com certa razão a maioria das pessoas, sejam homens ou mulheres.

Nesses tempos difíceis, onde os extremos comandam o terreno da política, sem qualquer espaço para o surgimento de forças genuinamente renovadoras, crescem o desestímulo à boa prática da política e a desconfiança nas lideranças. A situação se agrava pela atitude do Congresso Nacional na tentativa de amordaçar o Executivo com as chamadas emendas parlamentares impositivas de valores nunca vistos, desde a edição da Carta Magna de 1988, ou melhor dizendo, desde que a peça orçamentária anual, com a proclamação de República, apresentou-se como alternativa indispensável para o equilíbrio fiscal. Naquela época (CF, 1891), o Parlamento era o responsável pela elaboração e aprovação do orçamento. Na CF de 1988, vigente, a iniciativa da elaboração é do Executivo e a sua aprovação é atribuição do Legislativo, podendo ser emendado, porém, não ao ponto de desfigurar os planos administrativos do presidente que foram objeto de compromisso durante os debates de campanha. 

DAS EMENDAS IMPOSITIVAS E DO APRISIONAMENTO DO GOVERNO

O orçamento no Brasil, que já foi considerado uma peça de ficção, com o tempo, foi consolidando no âmbito do governo as suas regras de obrigatoriedade na execução das verbas ali previstas. Mas, a partir de 2015, com a criação pelo Congresso Nacional das emendas individuais, que depois viraram impositivas, o orçamento federal ano a ano foi sendo fatiado em detrimento dos programas do Executivo.

Um pouco mais adiante vieram as emendas de bancada e de comissões concretizadas como impositivas, gerando ao todo uma despesa anual de mais de R$ 50 bilhões, com pouca transparência e nenhum planejamento. Elas são despejadas pelos parlamentares em seus redutos eleitorais, dando-lhes uma ajuda considerável à renovação de seus próprios mandatos.

Somado a esse arsenal de apoio em seu favor, os parlamentares se preocuparam ainda em aumentar o valor do fundo de financiamento público das campanhas eleitorais, de um valor de R$ 800 milhões para R$ 5 bilhões, garantindo um poder nunca visto aos dirigentes partidários na distribuição de recursos dali advindos. O fundo eleitoral, que vem do bolso do contribuinte, e fora criado com a intenção reduzir a desigualdade na disputa, virou um feudo de privilégios e poder, notadamente para os dirigentes partidários, os quais, como é sabido, por pressão das bancadas, direcionam a maior fatia do dinheiro em caixa durante as campanhas para quem já tem mandato, gerando mais um fator de desigualdade que não passa despercebido por aqueles que tentam uma eleição pela primeira vez.

O Brasil é um país diferente. A isenção do IRPF para quem fica na faixa  entre R$ 5 mil (total)  e R$ 7 mil (parcial), produzirá uma despesa para o Tesouro Nacional da ordem de R$ 26 bi, beneficiando 65% dos brasileiros que declaram o Imposto de Renda de Pessoa Física (26 milhões de pessoas). Já o custo das emendas parlamentares fica em torno de R$ 50 bi. Por acaso,  alguém já calculou o percentual da população que se beneficia com o dinheiro carreado para o Congresso?

DO SISTEMA PRESIDENCIALISTA E DO PRESIDENTE QUE GANHA MAS NÃO LEVA

Esse arcabouço eleitoral adotado no Brasil envolvendo dinheiro público não tem paralelo em todo o mundo democrático. Aqui, com o legislativo agindo dessa forma, usando o seu poder para  colocar uma apertada camisa de força num presidente legitimamente eleito – que é obrigado a aceitar a pressão porque não tem maioria no Congresso -, prevejo que mais à frente, quando os escândalos pipocarem, pode ser que o caldo entorne, e as consequências sejam imprevisíveis.

No regime presidencialista brasileiro, como prevê a Constituição, existem os institutos de consulta popular, o referendo e o plebiscito. Todavia, na conjuntura política e institucional que atravessamos, o presidente não tem votos no Congresso para fazer uma consulta à população sobre se aprova ou não o valor exorbitante das emendas, o que seria ideal do ponto de vista da faculdade de o governo vir a executar o orçamento, como é do seu direito.

DO OLHAR COMLACENTE DO ELEITOR E DA LUTA POLÍTICA PARA MUDAR O MAPA ELEITORAL

E para adicionar outro empecilho a quem deseja fazer política, eis que, como é público e notório, durante as eleições passadas de vereador houve estórias arrepiantes, que talvez os candidatos prefiram ocultar, sobre exigências absurdas por parte dos eleitores nas abordagens do pedido de voto. Ouve-se falar de candidatos que colocaram em risco o futuro de seus filhos, ao venderem seus bens, gastando tudo que amealharam ao longo dos anos atrás de um mandato, e, o pior, perderam as eleições. É a busca do voto a qualquer preço com consequências funestas.

Quem tem mais e quem aprendeu como comprar, e conhece a hora e o lugar onde fazê-lo, leva vantagem. Um procedimento que fica em silêncio para todo o sempre, apesar do empenho dos órgãos de controle em descobrir a fraude, que só é apurada em casos de denúncia consistente ou de flagrante.

É uma pena que, diante de tantos malefícios criados pelo nosso defeituoso sistema eleitoral, quase sempre acompanhamos com surpresa o olhar distante e complacente de parte substancial dos eleitores, até os das classes mais evoluídas, os quais nem se dão ao trabalho de comentarem tais eventos eleitorais. 

Por fim, diante desse quadro desfavorável à pretensão de candidatos sem estrutura política e financeira, ainda é possível lutar pelo aperfeiçoamento do sistema eleitoral em nossa democracia, disputando um mandato eletivo, quando são raros os que vencem em tais condições? Como mudar o mapa dos eleitos? Você toparia em nome do direito constitucional que assegura a qualquer brasileiro elegível concorrer a um mandato?

Vale a pena?

Antonio Carlos Valadares ex-governador de Sergipe ex-senador da República (SE)

O Falecimento da Senadora Maria do Carmo

DEIXO aqui a minha homenagem de saudade e reconhecimento à  memória de uma mulher excepcional, a Senadora Maria do Carmo. Sua trajetória política foi marcada por um compromisso inabalável com as classes mais humildes, às quais serviu com amor e dedicação. 

ELA não apenas representou seu povo no Senado, mas também se tornou um farol de esperança, iluminando o caminho para aqueles que mais precisavam. Sua determinação e coragem em enfrentar desafios foram inspiradoras e deixaram uma marca indelével em nossa sociedade.

AO lado de seu amado esposo, o saudoso governador João Alves Filho, a senadora trabalhou incansavelmente pelo desenvolvimento de nosso Estado, sempre acreditando que o progresso deve ser compartilhado e que todos merecem uma chance justa de prosperar. Juntos, eles sonharam e construíram um futuro melhor, um legado que perdurará em nossos corações e mentes. 

NO Senado deixou a sua marca de preocupação com o empoderamento da mulher e com a melhoria da estrutura social do nosso Brasil. 

QUE a sua memória continue a nos inspirar na luta pelos ideais que ela tanto prezava. A saudade que deixou em nossos corações é profunda, mas sua luz brilhará eternamente em nossas lembranças e em nossas ações.

DESCANSE  em paz, querida senadora Maria do Carmo. Seu legado viverá em cada um de nós. Meus sentidos pêsames aos seus familiares. 

Aracaju, 31 de agosto de 2024

Antonio Carlos Valadares 

ex-senador da República 

Posse de Susana Azevedo na Presidência do Tribunal de Contas de Sergipe

Depois de ter sido eleita por unanimidade para presidir o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE),  a conselheira Susana Azevedo toma posse nesta segunda-feira. Ficará na direção do sodalício pelos dois próximos anos. Juntos com Susana Azevedo tomarão posse os conselheiros Flávio Conceição, como vice-presidente e Luis Alberto Meneses, como corregedor-geral.

A posse da nova mesa diretora está marcada para as 16h desta segunda-feira (dia 11 de dezembro) , no auditório do TCE. Já o exercício do mandato terá início em janeiro de 2024.

 

Currículo

 

Susana Maria Fontes Azevedo Freitas, natural de Aracaju, é advogada, com pós-graduação em Direito Público. Foi vereadora de Aracaju por duas legislaturas (1989/1992 e 1993/1994), deputada estadual por cinco legislaturas (1995/1998, 1999/2002, 2003/2006, 2007/2010 e 2011/25.02.2014).

Exerceu o cargo de secretária-chefe da Casa Civil do estado (1989/1991), sendo a 1ª muher a ocupar este cargo no Executivo Estadual (governo Valadares),   o de secretária de Aracaju (1998/1999).

Assumiu o cargo de Conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe em 25 de fevereiro de 2014. Nos biênios 2016-2017 e 2020-2021, foi a vice-presidente da Corte de Contas. A conselheira também integra o Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB) e é membro do Conselho Fiscal da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

Escritora Elisa Mariz opina sobre o livro “Antonio Carlos Valadares – O Realizador de Sonhos”

Mensagem dirigida a Antônio Camilo, autor de biografia  “Antonio Carlos VALADARES – O Realizador de Sonhos”

Olá Camilo, estimado amigo!

Agradeço a honra a mim concedida em ser uma das primeiras leitoras dessa obra magnífica por apresentar a história de um ser humano especial. Especial porque notável, integro e batalhador. Fato comprovado pelo autor após meses de pesquisas em inúmeras fontes.

No curto prazo disponível para a leitura realizei um voo panorâmico nos capítulos e me atrevo, pela competência e lisura do autor, a indicar o conteúdo a livro de cabeceira a todos que pretendem se aprimorar, ajustar os rumos em qualquer área da vida, iniciar e/ou reiniciar projetos, reerguer-se de quedas sofridas e, de cabeça erguida, seguir em frente, conduta experienciada com louvor, pelo Valadares.

O texto narrado com maestria apresenta a trajetória de luta em diversas frentes do biografado com destaque para a política estreia já realizada aos 23 anos de idade quando foi diplomado prefeito municipal de Simão Dias. Na sequência conquistou mandatos de deputados – estadual e federal, vice-governador, governador, senador por três mandatos, somando 56 anos na política com dedicação ao povo Sergipano.

Por onde passou aprendeu, ensinou, deixou rastros. Desbravou territórios, superou barreiras, sofreu derrotas, acumulou vitórias. As conquistas tinham destino certo: as pessoas. O DNA traz na essência o vigor de atuação política dos pais, aprimorada e utilizada como meio de formar, educar e fortalecer o seu povo apoiado em conduta séria, crível e honesta.

História inspiradora – Narrativa primorosa permite ao leitor conhecer bastidores da política, a luta do biografado em seguir adiante a despeito de adversários que o intimidavam com cortinas de fumaça tóxica a impedir seus feitos, empanar sua imagem, destruir seus atos. Dificultavam muitas ações, mas não tiravam-lhe o entusiasmo. A verdade vinha à tona. Anos depois os atores se arrependiam. Ele os perdoava.

A verve poética do autor expõe com sutil firmeza os fios do tecido que abafam e escondem da sociedade os bastidores da política onde ocorrem cenas dramáticas na

 

disputa pelo poder, pois para os atores políticos cuja fama é o que importa, a vitória de um projeto pode trazer fama ao pleiteador e ao seu partido. O autor brinda o leitor com fidelidade, adequada cadência, atos bem sequenciados e ancorados em fontes impressas, digitais, depoimentos e entrevistas.

O registro dos anos vividos pelo biografado até o momento é um reduto de conhecimento a ser compartilhado com as atuais e futuras gerações. Servirá de base a pesquisadores de história do desenvolvimento humano, da educação, da política, e tantas outras áreas, porque foi construída com fatos.

Foram 56 anos dedicados a política. Experiência que inspirou filhos e parentes a seguir o mesmo caminho. A trajetória do desbravador em tantas áreas e funções deixa sementes a nutrir pessoas, hoje e amanhã. Os 80 anos de idade, vida longa, acima da média Brasil, representa exemplo extraordinário de múltiplos caminhos percorridos com brio e as marcas registradas para quem busca formação em diferentes campos e, em especial, a política.

O compêndio do ano apresenta as muitas conquistas de Valadares, o grande inovador na educação do nível pré-escolar ao superior. Grande realizador não economizou esforços. Quando necessário rompia fronteiras: institucional, geográfica. Como os pais, a comunicação é o seu ponto forte a pôr em prática e falar com o povo, no gabinete, nas esquinas, nos lares e em praça pública.

Passou por tantas áreas, profissões que seu gosto pela palavra é retomado com força em seu programa de rádio O DOMINGO BOM.

 

 

Parabéns Camilo!

 

Encerro feliz e endosso a sua frase: “Uma história das mais belas”.

 

 

Elisa Mariz 20.11.2023